segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Golpe na Mauritânia depõe PR Abdallahi


UM grupo de militares mauritanos protagonizou ontem um golpe de Estado, detendo o Presidente Sidi Mohammed Ould Cheikh Abdallahi e o Primeiro-Ministro Yahya Uld Ahmed Waghf. Segundo fontes oficiais, o presidente deposto e o chefe do Governo foram conduzidos para o edifício da Guarda Presidencial.


A filha do Presidente mauritano confirmou por telefone à Rádio France International (RFI) que o seu pai se encontrava detido no edifício da Guarda Presidencial. Amal Mint Cheikh Abdallahi, filha do presidente, disse que é “um golpe de Estado puro e duro”.

“Não podemos sair do palácio presidencial. A comunicação, por telefone, foi cortada”, afirmou Amal, segundo a gravação divulgada pela RFI no seu ‘site’. A emissora não explica, no entanto, como estabeleceu o contacto com a filha do presidente deposto.

A rádio e a televisão nacionais interromperam as emissões pouco antes do anúncio do golpe. De acordo com testemunhas, as instalações dos dois órgãos de comunicação foram evacuadas.
Pouco antes de sua detenção, o Presidente mauritano tinha destituído todos os responsáveis militares do país e feito novas nomeações.

Organizados num “Conselho de Estado” dirigido pelo general Mohamed Ould Abdel Aziz, os militares golpistas anularam as novas nomeações no seio do Exército.
Segundo um comunicado lido pelo Ministro da Comunicação, Abdellahi Salem Ould El Moualla, na televisão estatal, o decreto sobre as nomeações presidenciais “é nulo e de nenhum efeito”. Os generais substituídos são Ould Cheikh Mohamed Ahmed e Mohamed Ould Abdel Aziz, dois membros do Conselho Militar de Transição, que conduziu de 2005 a 2007 a transição democrática na Mauritânia. Não foi adiantada qualquer informação sobre a composição deste Conselho de Estado.

Abdallahi, primeiro presidente eleito democraticamente na Mauritânia, em Março de 2007, é economista e ex-ministro. Ele foi eleito este ano, ao vencer, na segunda volta, o veterano ícone da oposição, Ahmed Ould Daddah, de 64 anos.
A Mauritânia, ex-colónia francesa, independente desde 1960, sofreu durante décadas com a corrupção, golpes e regimes autoritários.

Entretanto, o golpe de Estado na Mauritânia, o terceiro desde a sua independência em 1960, foi condenado pela União Africana (UA), que exigiu, em comunicado, “o restabelecimento da legalidade constitucional”.

O presidente da Comissão da UA, Jean Ping, “está a seguir com grande preocupação a evolução da situação na Mauritânia” e “reitera a recusa pela UA de qualquer mudança inconstitucional de governo ou de qualquer tentativa de tomar o poder pela força”, acrescentou a mesma nota.
.
Fonte: Jornal Notícias 07/08/2008

Nenhum comentário: