Moçambique é o terceiro país mais afectado pelos desastres naturais em África, depois das Maurícias e Benin e um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas que já estão a ser sentidas em todo globo, segundo estudo divulgado esta semana pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades. Esta situação resulta da sua longa costa (2700 quilómetros), na qual se situam os principais portos nas cidades de Maputo, Beira e Nacala.
Como resultado, num período de 13 anos, entre 1980 e 1993, a costa moçambicana registou quatro ciclones com velocidades a se situarem entre 70 e 110 quilómetros por hora, tendo criado diversos estragos nas regiões afectadas.
Como resultado, num período de 13 anos, entre 1980 e 1993, a costa moçambicana registou quatro ciclones com velocidades a se situarem entre 70 e 110 quilómetros por hora, tendo criado diversos estragos nas regiões afectadas.
Entre 1994 e 2007 Moçambique registou quase o triplo dos desastres naturais e ainda com maior intensidade, com destaque para os ciclones “Nadia”, “Bonita”, “Eline”, “Hudah”, “Jafet” e “Favio”, todos com velocidade superior a 110 quilómetros por hora, deixando para trás danos avultados que ainda hoje não foram reparados. O mais intenso foi o ciclone “Eline”, que chegou a atingir acima de 180 quilómetros horários.
O estudo foi apresentado por Rui Brito, docente da Universidade Eduardo Mondlane e envolveu especialistas nacionais e internacionais provenientes de instituições e estabelecimentos do Ensino Superior de África, Ásia e América. Os resultados do estudo trazem ao de cima o grave problema que ameaça as cidades moçambicanas num período relativamente curto.
Devido ao aumento gradual da temperatura verifica-se maior evaporação dos rios e muitos fenómenos naturais começam a conhecer alterações, como é o caso da deslocação do período chuvoso que sempre foi entre Outubro e Dezembro, passando agora para Janeiro a Março, o que afecta a produção agrícola dos camponeses. Prevê-se que os mares aumentem de níveis em consequência do degelo, o que pode influenciar no agravamento da erosão costeira e a invasão das águas marinhas nos rios, o que pode aumentar a salinidade das águas e provocar uma crise no abastecimento deste líquido vital.
“Na presente situação os especialistas desenham dois cenários possíveis de ocorrer entre 2030 e 2100. O primeiro prevê um aumento gradual do nível do mar entre 10 e 20 centímetros até 2060 devido à expansão térmica resultante do aumento da temperatura. Pode ocorrer também um aumento extremo que pode chegar até 5 metros devido à expansão térmica e ao degelo das calotes polares, não se sabendo ainda o tempo que isso poderá levar. Considerando os dois cenários, calcula-se que em 2030 a cidade da Beira, que actualmente conta com uma protecção de 3.4 metros, se acha insuficiente para os eventos anuais. Assim, em 2050 a cidade da Beira poderá se separar do interior e ficará uma ilha. O porto e linhas férreas terão de ser movidas para outros locais, para além de ser necessário estabelecer uma estratégia de evacuação organizada”, disse Rui Brito. Mesma situação pode ocorrer em Maputo, Pemba e Nampula.
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