A CENTRAL Termoeléctrica da Vale, empresa brasileira que detém o título de exploração de uma mina de carvão mineral em Moatize, província de Tete, poderá produzir até 1800 megawatts de energia eléctrica.
O facto foi revelado pela directora de Energia da Vale, Gleuza Josué, falando ontem em Maputo durante um encontro de consulta pública sobre a viabilidade do projecto, uma fase integrada no estudo de impacto ambiental ainda em curso.
“A meta de produção da Central Termoeléctrica é de 1800 megawatts. Numa primeira fase vai-se produzir 600 megawatts por um conjunto de máquinas, cada uma de 300 megawatts. Desta quantidade, 53 megawatts são para o consumo interno da própria central e 547 estarão disponíveis”, disse.
Segundo Gleuza Josué, 57 megawatts desta quantidade de energia eléctrica destinam-se a alimentar a mina de carvão e a outra parte (547 megawatts) estará disponível para a venda. Esta energia estará conectada ao sistema da rede nacional através da Subestação de Macamba, também localizada em Tete.
A central irá utilizar cerca de três milhões de toneladas de carvão de queima por ano, produzidos na mina. O empreendimento vai ocupar cerca de 300 hectares desta área.
Os dados do estudo de impacto ambiental apresentados durante o encontro não indicam a possibilidade de existência de danos ambientais, pois, segundo Gleuza Josué, o carvão de Moatize tem um teor de enxofre muito baixo (0,6 por cento), sendo por isso um dos melhores do mundo. Considera-se não haver possibilidade de poluição exagerada da qualidade do ar.
Por outro lado, a central térmica vai utilizar meio metro cúbico de água por segundo captada no rio Zambeze. As águas residuais são arrefecidas e devolvidas ao rio, obedecendo à legislação ambiental sobre a matéria. A cinza resultante do processo de queima pode ser usada na indústria do cimento, cerâmica, bem como para o fabrico de blocos e pavês.
O calcário utilizado no processo de produção poderá ser adquirido a nível nacional, havendo a possibilidade de comprar esta matéria-prima na província de Nampula.
A companhia Vale, a segunda maior do mundo no ramo, diz pretender utilizar equipamento de ponta, de modo a produzir uma energia eléctrica limpa. “Em África não existe uma central termoeléctrica com equipamento do género”, reveloua nossa fonte.
A utilização do carvão mineral para a produção da energia eléctrica tende a crescer no mundo, por ser considerado um insumo ainda menos explorado e mais acessível.
Segundo a directora de Energia da Vale, 40 por cento da energia produzida a nível do planeta depende do carvão mineral. Na África do Sul, por exemplo, a produção de energia eléctrica é 93 por cento dependente do carvão mineral.
Em Moçambique este empreendimento poderá aumentar a capacidade do país de oferecer este recurso aos consumidores, particularmente a região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que actualmente enfrenta uma grave crise energética.
A central termoeléctrica vai usar exclusivamente carvão de queima produzido na mina da empresa, afastando, deste modo, a possibilidade da Vale poder comprar o carvão de queima produzido por outros operadores mineiros existentes em Moatize, incluindo a gigante australiana Riversdale.
MUHAMUD MATSINHE, da AIM
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