UM artigo encomendado está sendo preparado por um jornalista da praça por forma a atacar o juiz Dimas Marrôa, que conduz o julgamento do “caso Albano Silva”, nas instalações do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM), Cidade de Maputo. Esta informação foi denunciada ontem, pelo próprio, no início de mais uma sessão de audiência, que conheceu um atraso de 40 minutos devido a chegada tardia de alguns dos intervenientes processuais.
Segundo Dimas Marrôa, que fez este pronunciamento visivelmente agastado com a situação, o referido artigo foi encomendado, devendo, para o efeito, ser usado um preso, que por sinal passou pelo tribunal nesta fase de audiência dos declarantes. Indignado com a encomenda, o juiz foi mais cauteloso ao falar da situação, não tendo revelado o nome do jornalista, o Jornal e muito menos o alcance de tal encomenda.
“Não sei como é que as pessoas podem viver assim. Brincando com o nome dos outros, escrevendo coisas desabonatórias. Para aqueles que me conhecem, sabem que sempre vive do meu suor. Através do futebol consegui custear os meus estudos. Consegui comprar material escolar para me formar. Nos anos 86/87 levava à cabeça quase sempre, sacos de milho, atravessava a cidade toda para a dar a moageira. Tudo isso para poder ter como me sustentar e garantir a minha formação. Sempre vive assim, do meu suor. Portanto, podem escrever o que quiser que não vou me abalar por isso. Irei até ao fim deste julgamento, e nada irá me fazer mudar de ideia e impedir a minha actividade” – disse o juiz.
Entretanto, António Frangoulis, ex-director da Polícia de Investigação Criminal (PIC), que ontem voltou a ser ouvido em tribunal numa acareação com o réu Fernando Magno, disse estar apreensivo porque desde que prestou as primeiras declarações, semana passada, alguma Imprensa, de forma pretensiosa e dolorosamente, tem estado a deturpar o sentido dos seus depoimentos.
Para ele, o que vem sendo reportado são factos comprometedores a sua pessoa, razão pela qual pediu para que se mudasse o comportamento e se optasse por uma redacção tal como os factos são relatados. Também, não revelou os órgãos que eventualmente estariam por detrás dessa situação.
Ainda ontem, o tribunal ouviu Alberto Aucone, ex-Comandante Provincial da PRM em Maputo, e Paulo Wane, ex-membro da PRM. O primeiro negou que nalgum momento tenha estado envolvido nas investigações do “caso Cardoso”. Também, segundo ele, nunca instruiu a nenhum dos co-réus a mudar de depoimento, colaborando para incriminar cada vez mais Nini Satar.
O ex-comandante da PRM em Maputo refutou informações segundo as quais e a pedido de Nini, teria, eventualmente, participado com Paulo Daniel (Danger Men) na cobrança de dívidas no Bazar Central e no Centro Social da Comunidade Maometana em Maputo.
Paulo Wane negou ter servido de intermediário entre Albano Silva, na altura seu advogado, e o preso Marcial Muthemba, quando os dois se encontravam na BO.
Quem também tomou a palavra ontem foi Anibalzinho. O réu anunciou em tribunal que a partir daquela data não mais pretendia falar porque recebeu uma mensagem para se manter calado.
“Recebi uma informação para não falar mais se não serei morto. Muita gente não está a gostar do que tenho estado a revelar. Isso foi-me transmitido pelos polícias na minha cela. Portanto, aquilo que disse está dito, não falo mais” – disse.
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