segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Detido ex-ministro António Munguambe

Corrupção na «Aeroportos de Moçambique, E.P.»

O ex-ministro dos Transportes e Comunicações António Munguambe foi detido ontem à tarde por ordem da Procuradoria Geral da República que através do Gabinete Central de Combate à Corrupção se encontra a investigar as denúncias que os trabalhadores da «Aeroportos de Moçambique» (AdM) dirigiram à Inspecção de Finanças sem qualquer consequência prática, mas que acabaram por ser tirados do baú pelo semanário Zambeze que as tornou públicas em Outubro.


Os trabalhadores da empresa pública que tem a seu cargo todos os aeródromos e controlo de voo em Moçambique, vinham fazendo denúncias graves sem que qualquer autoridade de recurso lhes desse ouvidos. Depois de publicado pelo Semanário «Zambeze» o role de preocupações dos trabalhadores, a PGR resolveu-se a agir e deteve anteontem o PCA da empresa, Diodino Cambaza, e o administrador financeiro, Antenor Sulemane Pereira.

O ex-ministro António Munguambe é acusado pelos trabalhadores de ter usado 300 mil dólares americanos dos cofres da empresa de aeroportos para compra de uma moradia para o seu filho, estudante na África do Sul. Munguambe viria a usar os serviços do Semanário «Domingo», cujo director Jorge Matine recebia uma avença da empresa de Aeroportos de Moçambique para a assessorar em termos de imagem, para desmentir o «Zambeze» e ofender a dignidade dos seus jornalistas.

O PCA e o administrador financeiro da empresa estão também detidos desde terça-feira (vsff outra notícia sobre o assunto nesta edição).

Entre os vários crimes de que estão indiciados, os ora detidos são acusados de se terem abotoado com largos milhões de dólares para compra de casas que em acta do CA consta que seriam para a empresa mas que registaram em nome pessoal.

Os desmandos diversos protagonizados pelos membros do Conselho de Administração são superiores a vários meses de rendimento bruto da empresa que como se estima ronda o milhão e duzentos e cinquenta mil dólares americanos mensais (1.250.000,00 USD/mês), provenientes de taxas dos aeroportos, mas sobretudo de taxas de sobrevoo do espaço aéreo moçambicano. (NR.: Leia-se outra notícia sobre este mesmo tema, nesta edição.

(Fernando Veloso)

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Mais uma companhia na prospecção do petróleo na bacia do Rovuma

Mais uma companhia de petróleo vai entrar na prospecção deste recurso na Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado. Para o efeito, o Governo e a companhia petrolífera Petronas Carigali, Limitada da Malásia assinam hoje, em Pemba, um contrato de concessão para a pesquisa e produção de petróleo nas áreas 3 e 6 do Bloco do Rovuma.

Não foram revelados detalhes sobre o acordo, mas sabe-se que Rovuma constitui uma das bacias menos estudadas do ponto de vista de ocorrência de hidrocarbonetos, muito embora se suspeite que pelas características geológicas que apresenta possa ter recursos petrolíferos consideráveis.

A entrada da Petronas na região, segue-se às operações das companhias canadiana Artumas Group, da norueguesa Hidro, da americana Anadarko e da italiana ENI. O Conselho de Ministros, na sua 20ª sessão ordinária, aprovou o Contrato de Concessão para Pesquisa e Produção de Hidrocarbonetos naquele bloco.

Fonte do Ministério dos Recursos Minerais não especificou os valores a serem envolvidos nesta operação, mas o “Notícias” soube que de 2006 a 2009, serão investidos em operações petrolíferas na Bacia do Rovuma, pouco mais de 300 milhões de dólares norte-americanos.

Em declarações recentes ao nosso Jornal, o presidente do Instituto de Petróleos, Arsénio Mabote, reconheceu que os estudos até aqui realizados na Bacia do Rovuma são ainda ínfimos, contudo, em termos de intensidade, indica-se que ela tem bastante prospectividade.

“Temos, por exemplo, a ocorrência na zona, de hidrocarbonetos à superfície, naturalmente que isso dita por parte das empresas, grande expectativa não só em termos de ocorrência de petróleo, mas também de gás natural. Sabemos que do outro lado da fronteira, mais concretamente na Tanzania, há ocorrência de gás natural em Navibay e Songo-Songo que já está em produção”, referiu Mabote.

Segundo ele, estes elementos todos ditam a expectativa de que a Bacia do Rovuma, do lado de Moçambique, também tenha bastante interesse, o que quer dizer, por outras palavras, que existem condições para a ocorrência de gás natural ou petróleo na Bacia do Rovuma.
Mesmo assim, Mabote ressalvou que é necessário realizar-se trabalhos para se provar a ocorrência destes recursos, daí os vários contratos rubricados com as companhias, o que vai culminar com as perfurações que nos próximos anos irão determinar com clareza a ocorrência ou não de petróleo.

De referir que no caso específico do contrato com a Petronas, já se encontra em Cabo Delgado, a Ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias que com os responsáveis da companhia malaia irão rubricar o acordo numa cerimónia agenda para a cidade de Pemba.





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Asfalto une país de norte a sul


No final de 2009, já será possível percorrer, por estrada, os cerca de 2500 quilómetros do rio Rovuma ao rio Maputo. A Estrada Nacional 1 vai ficar completa

Empreendimento é fundamental para relançar turismo no país

É um serpenteado suave no mapa, o desenho da Estrada Nacional 1, a principal via terrestre moçambicana, que une Cabo Delgado, no extremo norte, a Maputo, no extremo sul, numa travessia que segue por mais meia dúzia de províncias: Nampula, Zambézia, Sofala, Manica, Inhambane e Gaza.

No terreno, as consequências da guerra e do abandono, ao longo de três décadas, foram tornando a viagem totalmente impossível ou, na melhor das hipóteses, uma aventura de longas e perigosas horas.

Agora, terminada há muito a guerra civil que assolou o país, desminadas porções importantes da estrada, recuperados, ou em via disso, troços mais ou menos extensos, construídas ou reconstruídas pontes, quase a concluir-se a travessia do mítico Zambeze, a Estrada Nacional 1 de Moçambique prepara-se para aproximar os extremos do país, transformando-se numa vital linha de circulação de pessoas e bens. E constituindo também uma fundamental linha de desenvolvimento do turismo.

A conclusão da ponte sobre o Zambeze, no Caia, cujo projecto se baseia num trabalho do engenheiro português Edgar Cardoso, envolvendo as obras trabalho de empresas portuguesas, está prevista para o final de 2009 e projecta-se já para este Novembro o início dos trabalhos de reabilitação dos troços Xai-Xai/Chissibuca e Massinga/ Inhassengue, devendo tudo estar pronto no final do próximo ano.

Cem milhões de dólares
Neste fôlego moçambicano, que envolve mais de cem milhões de dólares, envolve-se, também, o projecto de criação de comités de estrada, formados por pessoal capacitado pelo Centro de Formação de Estradas moçambicano, para dar sustentabilidade ao esforço que agora se desenvolve, nomeadamente no plano da manutenção da via, que sofre, e há-de sofrer, os efeitos não apenas de condições climatéricas às vezes muito agrestes mas também da sobrecarga de milhares de veículos que nela circulam ou virão a circular.

Pronta a obra, abre-se uma via única, em Moçambique, para o desenvolvimento do país e para conhecer profundamente o território - da histórica Mueda, que se tornou um símbolo importante da guerra colonial, até ao paraíso de mar da Ponta do Ouro, havendo pelo caminho sinais únicos de um país de beleza e de história, sempre com a costa por perto.

Exemplos? Basta mencionar alguns: Pemba e o arquipélago das Quirimbas, Nampula e a ilha de Moçambique, Quelimane e o seu gigantesco palmar, Inhambane e Bazaruto, a Inhaca perto de Maputo. Todos são autênticos santuários de belezas naturais que em nada ficam a dever às melhores paisagens que podemos avistar noutros continentes.

Há ainda zonas interiores de descoberta obrigatória, como Mocuba, onde todos os caminhos se cruzam e Moçambique se abraça. E a travessia do Zambeze. E a Gorongosa, o reabilitado parque de preciosa vida selvagem que volta a atrair as atenções internacionais dos apreciadores da fauna africana.

Para além de vital na ligação de todas as zonas do país, a Estrada Nacional 1 vai ser seguramente um itinerário de excelência na aposta turística moçambicana, um dos sectores em maior expansão no país, que vai vendo as trágicas marcas da guerra cada vez mais longe e os sulcos da paz passarem de miragem a uma realidade pronta a desenhar-se no horizonte.

DAVID BORGES

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Banco Mundial e FMI podem perdoar divida de Sao Tome e Principe


Peritos do Banco Mundial e do FMI, vão recomendar ao conselho de administração das duas instituições em Washington que seja perdoada a dívida externa de São Tomé e Príncipe.

No termo de 15 dias de avaliação da situação macroeconómica do país, a equipa de peritos do Banco Mundial e do FMI, deram nota positiva às medidas implementadas pelo Governo do Primeiro Ministro Tomé Vera Cruz, desde Junho último, com vista a entrada de São Tomé e Príncipe no ponto de conclusão para o perdão da dívida externa, avaliada em mais de 300 milhões de dólares. O chefe da delegação garantiu mesmo, que vai recomendar à Direcção do Banco Mundial e do FMI, que o arquipélago seja incluído no pacote do perdão total da dívida uma vez que satisfez todas as condições exigidas.

Arend Kouwennaar, que chefia a delegação de peritos do Banco Mundial e do FMI, não teve dúvidas após 15 dias de revisão da implementação do programa de luta contra a pobreza e crescimento económico. «No conjunto os objectivos e acções desenvolvidas para atingir o perdão da dívida são satisfatórios», frisou.

Segundo a equipa técnica do Banco Mundial e do FMI, os dados recolhidos tanto no domínio da gestão transparente das finanças públicas, como na política social e na melhoria do ambiente de negócios, satisfazem as exigências das duas instituições. Paragens foi dado ao governo da coligação MDFM-PCD, pelas medidas adoptadas nos últimos 6 meses. «Diante do senhor Presidente da República, felicitamos este governo pelas medidas que tomou a partir do mês de Junho, para controlar a inflação que afecta sobretudo a população mais pobre.
O senhor presidente está de acordo connosco, que o seu governo deve prosseguir com as medidas que possam diminuir a este problema da inflação o mais rápido possível», acrescentou Arend Kouwennaar.

A equipa conjunta, que realçou também o papel desempenhado pela Assembleia Nacional, no que concerne a aprovação da lei de arbitragem, para dirimir conflitos e facilitar a actividade dos investidores, bem como a reforma da lei tributária, prometeu novidades a favor de São Tomé e Príncipe, quando chegarem a Washington. «O conjunto das recomendações satisfazem bastante.
Nós vamos regressar a Washington para apresentar o relatório sobre São Tomé, e recomendar favoravelmente que daqui a 1 ou 2 meses possa ser declarado o perdão definitivo da dívida externa», precisou o Chefe da Delegação, que deu palavra a uma outra técnica para reforçar a convicção do grupo de trabalho. «Estamos satisfeitos de poder regressar a Washington, com as informações que obtivemos para que possamos defender junto aos nossos superiores, isto é do nosso director, de forma que em Dezembro saia a decisão de perdão da dívida para São Tomé e Príncipe», pontuou.

A assinatura do acordo de alívio da dívida externa são-tomense com a França na última semana, não passou despercebida para a equipa do Banco Mundial e do FMI. Por isso segundo o chefe da delegação, a prioridade neste altura tem a ver com a preparação doorçamento geral do estado para 2007. Um instrumento de política financeira do estado que para Arend Kouwennaar, deve obedecer as regras da transparência.
Os fundos resultantes do alívio da dívida externa, deverão ser encaminhados para a melhoria das infra-estruturas de base, a educação e a saúde. «2007 será um ano em que haverá um aumento relativo de receitas em relação a 2006, onde houve muitas despesas, nomeadamente com as eleições etc. Em 2007 poder-se-á fazer melhor com o saneamento das finanças públicas, atendendo as necessidades das populações», conclui.

Com sorriso nos lábios o executivo são-tomense, aguarda com ansiedade a decisão final do Banco Mundial e do FMI. Mas se o perdão da dívida foi declarado em Dezembro, ou no início de 2007, o vencedor será o povo são-tomense que desde 1988 sofre consecutivos apertos dos cintos para se libertar do fardo da dívida externa, que atinge até um feto são-tomense em fase de gestação no ventre da mãe.

Abel Veiga

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Moçambique entre melhores em serviços

MOÇAMBIQUE é o segundo país africano mais inovador na prestação dos serviços, segundo os resultados do concurso “AAPAM Award for Inovative Manangement 2008”, promovido pela União Africana (UA).


Segundo escreve a AIM, para a distinção na segunda posição, o país contou com o sucesso do projecto “Brigadas Móveis de Registo Civil”, desenvolvido pelo Ministério da Justiça. Com esta premiação, o país é considerado um dos melhores a nível do Continente Africano, em termos de prestação de serviços públicos. O projecto “Brigadas Móveis de Registo Civil”, que em 2006 beneficiou mais de um milhão de crianças em 22 distritos, foi considerado inovador pela UA.
Moçambique apresentou duas candidaturas ao prémio, uma do Ministério da Indústria e Comércio e outra do Ministério da Justiça. O primeiro foi desclassificado, juntamente com concorrentes de outros países do continente.

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Moçambique repatria três mil imigrantes ilegais

AS autoridades moçambicanas repatriaram, desde Outubro de 2007, um total de três mil imigrantes ilegais, na sequência de uma série de acções que o Ministério do Interior tem estado a levar a cabo.

Estes estrangeiros ilegais, provenientes de vários países, têm afluído ao nosso país à procura de melhores condições de vida ou em trânsito para a vizinha África do Sul. De entre as acções, segundo o Ministro do Interior, José Pacheco, inclui-se o reforço de efectivos nos postos fronteiriços e a colocação de outras unidades em zonas onde elas são necessárias. Assim, foram instaladas unidades de guarda-fronteira nas províncias de Cabo Delgado, Tete e Gaza.

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Príncipe mais isolado do que nunca, começa a enfrentar carência de produtos alimentares


O Presidente do Governo Regional do Príncipe, José Cassandra(na foto), que denunciou o isolamento total da ilha por falta de meios de ligação marítima, avisou que a escassez dos produtos de base já se faz sentir na ilha, onde também deixou de haver fornecimento de energia eléctrica. A única embarcação privada que poderia transportar mercadorias para a ilha, o Tornado, também está avariada.

Príncipe continua a ser castigado pelo naufrágio da embarcação Therese. Ainda em luto, a população começa a sentir a vida cada vez mais difícil. Os produtos alimentares com preços normalmente mais altos na ilha, do que em São Tomé, estão a ficar mais caros ainda, devido a rotura dos stocks.

O último carregamento de mercadorias, foi a PIK. Sem qualquer barco para assegurar a ligação inter-ilhas, o Presidente do Governo Regional, anuncia o isolamento total. «É uma situação de isolamento total, carregado de tristeza, de luto e de dor. Essa dor fica mais complicada quando a ilha está completamente isolada, sem energia eléctrica, sem combustível. As mercadorias já escasseiam e algumas já não existem como é caso do óleo, do sal, da farinha de trigo O pão já começa a ser vendido a preço especulativo, os preços estão a dobrar, dai que vivemos uma situação difícil», afirmou José Cassandra.

Segundo José Cassandra, a única embarcação que poderia abastecer a ilha em combustíveis e víveres, está avariado. «Por via aérea vamos tendo alguns voos da companhia privada, mas com uma pressão enorme. Temos alunos que querem ir para São Tomé para o início das aulas e que não conseguem», acrescentou.

Após o inventário junto as famílias sobre o número de mortes, totalizando 18 pessoas, desde bebés até adultos, o Governo Regional dá voz ao sentimento da população exigindo a assumpção de responsabilidades por parte do estado são-tomense. «A população do Príncipe sente que deve haver uma responsabilidade do estado são-tomense em relação a este desastre que aconteceu», frisou para depois justificar a indignação que domina a população. «Indignação porque o estado vem deixando passar todos esses acidentes, sem nunca ter sido visto com uma preocupação humana, de olhar para as pessoas e dizer temos que dar uma mão a população da ilha do Príncipe porque merecem. É essa responsabilidade do estado que estamos a reclamar», pontuou.

O Presidente do Governo Regional, esclareceu que se trata do quinto naufrágio a ceifar vidas humanas, e por isso mesmo o sentimento de revolta é grande no Príncipe. «Porque o sentimento de revolta não é só em relação a este desastre. Este foi o pior, foram 18 pessoas. O grave é que este é o quinto. É o quarto na ligação de Príncipe para São Tomé e nada foi feito em relação aos quatro primeiros naufrágios. Essa é a indignação que da nossa parte vem de dentro e da parte da população vem de fundo», reforçou.

José Cassandra anunciou por outro lado que antes mesmo do acidente de 16 de Setembro, o governo regional tinha contactado com o ministro dos negócios estrangeiros de Portugal, em busca de uma solução para a ligação marítima entre as ilhas. O pedido foi aceite e José Cassandra acredita que na próxima visita do Chefe da Diplomacia portuguesa a São Tomé será anunciado o projecto de ligação marítima segura entre as duas ilhas.

Abel Veiga
http://www.telanon.info

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Portugal Telecom e Sport Lisboa e Benfica oferecem transmissão em directo do jogo da Taça UEFA Benfica/Nápoles a países africanos de língua oficial po

Numa nota enviada ao diário digital, Téla Nón, a empresa Portugal Telecom, que tem 51% das acções da companhia santomense de telecomunicações(CST), garante a transmissão esta quinta-feira, em directo para os países africanos deexpressão portuguesa, destacando-se São Tomé e Príncipe, do jogo da taça UEFA entre o Sport Lisboa e Benfica e o Nápoles. Os amantes do desporto rei, e sobretudo os adeptos do maior club do mundo, o SLB, têm assim a oportunidade de viver o desafio decisivo.

Transmissão em directo do Benfica vs. Nápoles nas televisões nacionais de Angola, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe .
Num universo de 44 milhões de falantes de língua portuguesa

A Portugal Telecom e o Sport Lisboa e Benfica vão oferecer a transmissão em directo do jogo da segunda mão da primeira eliminatória da taça UEFA - Benfica versus Nápoles, às televisões nacionais de Angola, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe.

Sensíveis ao facto de o futebol português, e nomeadamente o Benfica, ser um tema de grande relevância nos países africanos de expressão portuguesa e ai continuar a despertar grandes paixões, e numa acção sem precedentes, a Portugal Telecom e o Sport Lisboa e Benfica vão proporcionar em simultâneo a emissão especial da Benfica TV, incluindo o jogo Benfica vs. Nápoles, ao mesmo tempo que é exibida em Portugal. Assim, todos os amantes do futebol português, benfiquistas e adeptos em geral que vivam em Angola, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe, poderão também assistir em directo, no próximo dia 2 de Outubro ao jogo Benfica vs. Nápoles. Esta emissão abrange um universo de 44 milhões de falantes de língua portuguesa.

Esta transmissão é mais um exemplo de que a estratégia internacional da Portugal Telecom, na qual África desempenha um papel fundamental, é marcada não só pelo crescimento e criação de valor para as operações onde participa, mas também pelo envolvimento com a comunidade dos países onde actua. Refira-se que a Portugal Telecom tem participações em operações de telecomunicações em Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

A TPA (Televisão Pública de Angola), a RTC (Rádio Televisão de Cabo Verde), a TVM (Televisão de Moçambique), a Soico TV (Moçambique), a TIM (Moçambique) e a TVS (Televisão de São Tomé), são as televisões nacionais que vão transmitir no dia 2 de Outubro, às 20:15 (hora Lisboa), esta eliminatória da taça UEFA.

Esta estratégia de envolvimento esteve também presente durante a deslocação do Sport Lisboa e Benfica, clube patrocinado pela Portugal Telecom, a Cabo Verde e Angola. Nesta deslocação foram utilizados os logótipos da CV Móvel e Unitel, empresas em que a PT detém uma participação, nos equipamentos dos encarnados.

Em Portugal este jogo vai ser transmitido gratuitamente e em exclusivo para todos os clientes Meo (IPTV e Satélite). Trata-se de uma emissão especial da futura Benfica TV, cujo lançamento está previsto, em exclusivo no Meo, durante o último trimestre deste ano. O Meo, lançado em Abril deste ano, já conta com mais de 200 mil clientes e disponibiliza a maior gama de canais de desporto: Sport TV1, Sport TV 2, Sport TV 3, Eurosport, Eurosport 2, Eurosportnews, Eurosport HD, PFC, ESPN Classic, NASN, canais TV dos cinco maiores clubes europeus (Chelsea FC, FC Barcelona, Inter de Milão, Manchester United e Real Madrid), Benfica TV, AB moteurs, Motors TV e Sailing.

Estratégia de crescimento da PT passa por África

A estratégia internacional da Portugal Telecom, na qual África desempenha um papel fundamental, é ambiciosa e marcada não só pelo crescimento, mas também pela qualidade de execução e criação de valor para as operações participadas.

As telecomunicações nesta região estão em desenvolvimento acelerado, com os mercados a amadurecerem rapidamente e onde apesar de uma crescente consolidação, existem ainda oportunidades por explorar.

A Portugal Telecom possui uma posição consolidada no mercado africano, com presença em 9 países (Cabo Verde, Angola, Moçambique, Botswana, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Namíbia, Marrocos e Quénia).


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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vítimas de xenofobia voltam à África do Sul para reaver bens

Ao todo, 40% dos 40 mil moçambicanos que fugiram da África do Sul devido aos ataques xenófobos regressaram para reaver seus bens ou recuperar os seus salários, indica um estudo governamental moçambicano.

A onda de xenofobia registrada em meados de maio na África do Sul provocou a morte de 17 moçambicanos e o retorno forçado de 40.598 refugiados até o final de junho.
De acordo com dados oficiais, os ataques contra estrangeiros provocaram a morte de 60 pessoas, impondo fuga à milhares de estrangeiros para centros de refugiados internos e para países vizinhos.

Em julho, o governo moçambicano realizou uma pesquisa nas seis províncias do país que acolheram o maior número de regressados para apurar a real situação.

E, de acordo com o estudo feito com 11.403 pessoas (28% dos regressados), a que a Agência Lusa teve acesso, "um número significativo dos entrevistados (vítimas da xenofobia) afirmou que pretendia retornar à África do Sul, logo que as condições o permitissem".

A mesma pesquisa estima que "40% do número total dos regressados" podem ter retornado à África do Sul, a maioria da zona da cidade de Maputo (60%), mas também de Gaza (47%), Maputo-província (40%), Inhambane (38%), Manica (30%) e Sofala (18%).

O movimento de retorno "poderá significar que parte considerável das vítimas possa retornar à procedência e, caso o ambiente assim o encoraje, tornar a fixar residência na África do Sul", diz a pesquisa.

Atualmente, algumas vítimas estão em processo de reintegração social nas suas zonas de origem, através de iniciativas individuais, dedicando-se a atividades de geração de renda familiar.

O levantamento também permitiu apurar que 29% dos que retornaram à Moçambique exerciam na África do Sul a função de pedreiros, 15% eram vendedores ambulantes, 7% alfaiates e 5% proprietários de pontos comerciais alternativos.

Lusa

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Cem autocarros públicos: Demora na entrega motivo de preocupação

A Empresa Transportes Público de Maputo (TPM) está preocupada com a morosidade que se verifica na entrega dos autocarros encomendados pelo Governo, no primeiro trimestre do ano transacto, com vista a fazer face à crise de meios circulantes para o transporte de passageiros. Dos 100 autocarros prometidos, apenas 40 foram entregues, faltando um remanescente de 60.

A preocupação ganha eco, sobretudo quando se toma em conta que a entrega da encomenda devia ser completada no corrente mês de Outubro, mas segundo Boaventura Lipangue, porta-voz daquela companhia transportadora, tal facto constitui uma miragem dada as dificuldades do fornecedor em cumprir com o acordo assumido com o Governo.

Lipangue disse que a sua companhia, mais uma vez vai interceder junto do Governo, no sentido de que este, usando os mecanismos ao seu dispor, pressione o fornecedor para cumprir com a promessa.

Esta será a segunda vez que o Governo intercede junto do fornecedor dos referidos autocarros de marca Volkswagen (VW).

Entretanto, a TPM recebeu um lote de cinco autocarros de marca Astra City Bus, com capacidade para 92 lugares, adquiridos recentemente na China, com base nas receitas geradas pela operação dos autocarros de luxo.

A aquisição das cinco unidades, de acordo com informações em nosso poder, foi feita a partir do sistema leasing, no valor de 13.255.000, 00Mt.

De acordo com Boaventura Lipangue, as unidades servirão para potenciar e melhorar cada vez mais os serviços prestados pela companhia.

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Roubo de dinheiro no BCI Maputo


Um trabalhador do «BCI – Banco Comercial de Investimentos» afecto à dependência da Av. Julius Nyere em Maputo foi detido por desvio de dinheiro no valor de dois milhões quatrocentos e sessenta e seis mil meticais, (2.466.00MT) e mais nove mil e quinhentos dólares americanos (9.500USD) na referida instituição bancária.

Questionado em que circunstâncias e o nome do funcionário bancário, Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da PRM que deu a conhecer o facto, recusou-se a prestar tal informação alegando que o caso ainda está a ser analisado pela Polícia. “Não posso prestar mais informação sobre este caso porque a polícia está investigar”, disse.

(Conceição Vitorino)

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Dhlakama nega deixar liderança da RENAMO "nas actuais condições"


O presidente da RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, disse hoje que "nas actuais condições políticas do país nunca" deixará a liderança desta força política, que dirige há cerca de 31 anos.


Depois de ter garantido durante muito tempo que Simango voltaria a ser a aposta da RENAMO para as municipais de 19 de Novembro próximo, Dhlakama recuou nessa decisão, levando o actual presidente da Beira a apresentar-se como independente ao escrutínio e a conflitos entre facções da RENAMO naquele ponto do país.

Confrontado hoje em Maputo pelos jornalistas sobre a oposição interna à sua continuação à frente do principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama afirmou que, "nas actuais condições, nunca" deixará "de liderar a RENAMO".

"A RENAMO e o país precisam de mim, para continuarmos a construir a democracia, até atingirmos níveis próximos de democracias maduras, como nos EUA ou na Europa", afirmou Dlakama.

"Até a FRELIMO (partido no poder em Moçambique) sabe que sou importante, para a sua própria transformação de marxista-leninista para um partido verdadeiramente democrático", considerou o líder da RENAMO.

Para Afonso Dhlakama, que se auto-intitula recorrentemente "pai da democracia moçambicana", a sua permanência à frente dos destinos da RENAMO por muito tempo reflecte a vontade dos membros do partido, "expressa em congresso e que pode ser mudada em congresso".

Dhlakama já anunciou a realização do próximo congresso do seu partido no primeiro semestre de 2009 e a sua intenção de se apresentar novamente como candidato do partido às presidenciais desse ano, que decorreram em simultâneo com as legislativas.

O actual líder do maior partido da oposição moçambicana ascendeu à presidência do movimento em 1977, logo após à morte em combate do primeiro presidente da RENAMO, André Matsangaíssa, quando esta força política movia uma rebelião contra o Governo da FRELIMO.

A transformação da RENAMO em partido político aconteceu em 1992, no âmbito do Acordo Geral de Paz assinado com a FRELIMO, e que pôs termo a 16 anos de guerra civil em Moçambique.

Angop

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LAM investe 100 milhões USD na renovação da frota

A LAM - Linhas Aéreas de Moçambique, anunciou que vai investir cerca 100 milhões de dólares na substituição da frota de aeronaves. Foi o próprio presidente do Conselho de Administração da transportadora aérea, eng.º José Viegas, que deu a conhecer essa intenção.


Segundo Viegas, a companhia vai adquirir de seis aviões para substituir os actuais quatro Boeing 737-200. Vai adquirir 2 Bombardier Q400 e 4 Embraer 190, os primeiros de fabrico canadiano e ou restantes brasileiros.

Os 2 turbo-hélice Bombardier Q400 prevê-se que cheguem ao país até ao final deste ano, enquanto os 4 jacto Embraer 190 poderão começar a chegar no próximo ano 2009, e 2010 e 2011, respectivamente.

O PCA da LAM disse que as novas aeronaves permitirão reduzir os gastos em manutenção, por se tratarem de aparelhos novos.

Ainda de acordo com José Viegas, a substituição da actual frota vai permitir reduzir os encargos com combustíveis, que tem sido ultimamente um dos maiores problemas operacionais da companhia, pelo facto de terem sofrido agravamentos graves nos últimos anos, mas principalmente no primeiro semestre do corrente ano.

Os Boeing 737-200 com que a LAM tem estado a operar gastam 3.600 litros de combustível por hora. Os novos aviões consomem 1.250 litros por hora, disse o engenheiro José Viegas.
“As novas aeronaves são rápidas e silenciosas e também mais eficientes no consumo de combustível e mais amigas do meio ambiente”..

Uma subsidiária da LAM, a MEX-Mozambique Express, tem estado a operar duas aeronaves turbo-hélice com capacidade para 29 passageiros em classe económica. Os aviões operam normalmente de aeroportos moçambicanos para Joanesburgo e Durban e para alguns destinos internos, designadamente Vilankulo, Inhambane, Tete, Manica e Beira quando a tráfego não é suficiente para justificar um equipamento com maior disponibilidade de lugares.

Canal de Moçambique

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Concursos para obras públicas : Corrupção exige mais atenção dos governos


HÁ consenso de que a corrupção nos concursos públicos para obras de manutenção de estradas constitui uma séria ameaça para as economias de muitos países africanos, por conduzir ao descaminho de avultadas somas do erário público. A ideia avançada na 7ª Reunião Anual da Associação dos Fundos de Manutenção de Estradas em África (AFERA), a decorrer em Maputo, é que a vontade política que vem sendo manifestada pelos governos seja traduzida em acções práticas que resultem na erradicação da fraude, suborno e do tráfico de influências que caracterizam a corrupção.

Uma das propostas apresentadas no encontro que hoje termina na capital é que os países africanos representados na AFERA simplifiquem os procedimentos que regem a gestão dos concursos públicos, o que pode ser alcançado através da redução do número de pessoas envolvidas tanto na negociação como na celebração dos contratos.

Outra medida deixada à consideração dos gestores dos fundos de manutenção de estradas em África tem a ver com a necessidade de instauração sistemática e obrigatória de auditorias anuais à gestão, alargadas à análise dos fluxos de rendimento e do património dos intervenientes directos nos processos de financiamento das obras públicas. Concomitantemente, foi sugerida a introdução de procedimentos confidenciais de denúncia das tentativas de corrupção.

Devido à gravidade que o problema configura na maioria dos países representados no encontro de Maputo, foi igualmente proposto que o fenómeno seja objecto de informação que circule em moldes semelhantes aos aplicados na luta contra doenças graves, como a SIDA, a poliomielite, cólera e outras comuns em muitas regiões do continente.

Num documento apresentado na plenária do encontro, o grupo focal da SADC caracteriza a corrupção como um acto deliberado equivalente a um comportamento desonesto ou ilegal, especialmente cometido por pessoas em posições de poder, ou comportamento semelhante de pessoas que façam com que outros em posição de poder actuem de forma desonesta em troca de recompensas pecuniárias ou quaisquer outros benefícios pessoais.

Alguns dos indicadores de presença de corrupção nas obras públicas apontados pelo grupo são, regra geral, o atraso na adjudicação das obras. Outros são os excessivos sinais exteriores de disponibilidade financeira, consubstanciados na ostentação de riqueza não proporcional aos seus rendimentos.

Na óptica deste grupo, pessoas envolvidas na corrupção em obras públicas são relutantes em gozar férias disciplinares, receando que, na sua ausência, percam o controlo da “máquina” de geração de dinheiro fácil que tem sob seu controlo. Além disso, há o receio de que o segredo dos negócios que dirigem possa ser desvendado por alguém que se interesse em investigar alguns dos procedimentos adoptados como prática na gestão dos processos.

Em Moçambique, a gestão dos fundos deste sector é assegurada pelo Fundo de Estradas, cujo gestor, Francisco Pereira, dá nota positiva à prestação da sua equipa, a medir pela atitude de alguns doadores, que, segundo ele, vão decidindo cada vez e em maior número confiar directamente ao Fundo a gestão dos dinheiros que concedem para financiar programas de estradas.

Para os próximos três anos, por exemplo, o Banco Mundial colocou à disposição daquele organismo cem milhões de dólares para financiar operações de reabilitação e manutenção da Estrada Nacional Número Um (EN1).

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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Chissano “Honoris Causa” em Teologia


Joaquim Chissano, antigo chefe do Estado, foi ontem outorgado o título de Doutor Honoris Causa em Teologia pela Universidade Latina de Teologia dos Estados Unidos da América em reconhecimento à sua boa governação e integridade, numa cerimónia que teve lugar em Maputo.

Falando para personalidades políticas e académicas que presenciaram o acto e após receber o título e as respectivas insígnias, Chissano disse que o povo deve se apropriar da paz para que seja bem sucedido.

O Alto-Comissário Internacional da Universidade Latina de Teologia, baseada em Los Angeles, Clyde Rivers, argumentou, sobre o título atribuído a Chissano, que a boa governação, liderança e integridade são o futuro para África e para o mundo.

Indicou, nesse sentido, que Chissano é um exemplo para o mundo na medida que soube conduzir o seu povo no caminho da paz e incentivou as mudanças que fazem com que este país seja reconhecido em todo o mundo como uma referência pelos progressos que tem realizado.

Segundo Rivers, Chissano é um homem de paz e buscou o bem para o seu país com uma visão, fé e convicção própria de um homem de Deus.

Chissano agradeceu o gesto da Universidade Latina de Teologia que o considerou como sendo uma distinção que não cabe a ele só, mas ao colectivo.

Acrescentou que ao receber a distinção fá-lo pensando no trabalho colectivo que o Governo fez e vem fazendo com o povo e na governação colectiva e das instituições do Estado.

“Recebemo-los todos pensando na complementaridade que fomos criando e reforçando entre o Governo e o sector do trabalho, organizações não-governamentais e sociedade civil”, disse.

Este é o nono título honorífico recebido por Chissano de universidades estrangeiras para além doutros quatro que lhe foram outorgados internamente.


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Millennium bim entre os melhores de África


O Millenium Bim, maior banco comercial do país, foi nomeado um dos sete melhores bancos de África pela “IC Publisher” (Publisher of African Banker Magazine).

A cerimónia oficial de anúncio do facto acontece amanhã, durante o Fórum Anual do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, Estados Unidos da América (EUA). Os factores que contribuíram para esta nomeação incluem a boa gestão, o crescimento dos resultados líquidos, o facto de ser a instituição financeira mais sólida, com estrutura de capitais próprios mais elevados, e um rácio de solvabilidade excelente. Este tipo de premiação, segundo a organização do evento de amanhã, citada em comunicado de Imprensa do Millennium bim, permite identificar o modelo corporativo que os bancos líderes e seus gestores devem adoptar, assim como reconhecer as boas práticas conducentes ao sucesso e crescimento do sistema bancário em África.

AIM

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Segundo o «Africa Intelligence Monitor» “Gono Dólar” no centro da crise no Zimbabwe


• A intransigência de Mugabe em relação à manutenção do actual Governador do Banco Central (“Gono”) não é estranha a um passado de relações obscuras entre o regime da Zanu-FP e o Banco, sobretudo em matéria de apropriação de dinheiros públicos .

• “Gono” é dono de uma cadeia privada de casas de câmbio, espalhadas pelo país, através das quais ele faz o controle pessoal das trocas de moeda fora dos bancos.
É esse mercado financeiro que atende à elite da Zanu-FP quando quer recorrer á importação de bens para os seus negócios Maputo (Canal de Moçambique) - A crise em que caiu o processo de formação do novo governo de unidade no Zimbabwe está especialmente relacionada com o Governador do Banco Central, Gideon Gono, na gíria tratado como “Gono Dólar”. É uma das mais controversas mas influentes figuras do país, refere o Africa Intelligence Monitor, editado em Lisboa pelo jornalista Xavier de Figueiredo.
Nomeado por Robert Mugabe, em 2003, Gono termina o seu mandato em Novembro próximo. Em princípio deveria manter-se em funções, mas Morgan Tsvangirai opõe-se à sua recondução alegando que Gono é objecto de reservas da parte de instituições financeiras internacionais e de governos dispostos a ajudar o Zimbabwe, acrescenta publicação que estamos a citar. A atitude de Tsvangirai também decorre de uma posição segundo a qual, nos termos do acordo com o regime, lhe compete nomear o Governador do Banco Central e também o ministro das Finanças. O entendimento de Mugabe é diverso – tal como o é em relação à nomeação do comandante da Polícia, prossegue a «AI-Monitor».
A intransigência de Mugabe em relação à manutenção de Gono não é estranha a um passado de relações obscuras entre o regime da Zanu-Fp e o Banco Central, sobretudo em matéria de apropriação de dinheiros públicos.
O conhecimento que Gono tem desse passado e a sua cumplicidade com o mesmo explicam a protecção que lhe é dada. Gono é dono de uma cadeia privada de casas de câmbio, espalhadas pelo país, através das quais ele faz o controle pessoal das trocas de moeda fora dos bancos. É esse mercado financeiro que atende à elite da Zanu-Pf quando quer recorrer á importação de bens para os seus negócios.
Gono é considerado um dos indefectíveis de Mugabe. Recebe-o com muita regularidade, por vezes em privado, e deposita nele uma confiança traduzida na completa liberdade de acção que lhe dá relativamente às políticas destinadas a lidar com a inflação galopante.

(Xavier de Figueiredo)

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Angola tenta travar processo Angolagate em Paris


Quando o Tribunal Correccional de Paris abriu hoje as portas para dar início ao processo do Angolagate, Luanda tentou impedir que o trabalho da justiça francesa alegando «respeito do segredo de defesa» de um país estrangeiro. Quinze responsáveis angolanos são citados no processo.

Começou às 13h30 (12h30 de Lisboa) no tribunal correccional de Paris o processo de Angolagate. Quarenta e dois arguidos são chamados a depor sobre um dossier de 170 toneladas relativo a um presumível tráfico de armas com Angola durante 1993 e 1998 que envolveu 790 milhões de dólares. Nenhum responsável angolano estará presente, mas Luanda já reagiu por intermédio do seu advogado em França tentando impedir o debate publico alegando o «respeito do segredo de defesa» de um país estrangeiro.

Comércio ilícito de armas, tráfico de influências, fugas ao fisco, comissões ocultas, financiamentos obscuros, são todos os ingredientes de um «bestseller» concentrados no chamado Angolagate, que o tribunal correccional de Paris revelará até Março de 2009.

O escândalo de Angolagate começa em 1992 quando José Eduardo dos Santos, presidente de Angola desde 1978, compreendeu que controlava apenas 20 por cento de Angola e estava em risco perder a guerra contra a UNITA que já estava presente em mais de 80 por cento do país.
Sujeito a um embargo internacional, o chefe de estado angolano, aconselhado por «eminências francesas», optou por furar o embargo e adquirir 420 carros de combate, 150 mil obuses, 170 mil minas antipessoais, 12 helicópteros e seis navios de guerra, entre outros armamentos do antigo bloco soviético que acabara de ruir, num valor global de 790 milhões de dólares, através da empresa francesa, Brenco, via uma sociedade eslovaca, ZTS Osos. Os estrategas da acção foram Pierre Falcone e Arkadi Gaydamak, que utilizaram homens de influência franceses remunerados através de complexos mecanismos de comissões apoiados em dezenas de sociedades fantasmas.

Hoje o Tribunal Correccional de Paris assistiu ao início de uma gala jurídica onde começam a desfilar 60 advogados da defesa e verdadeiras celebridades entre os 42 arguidos.

Pierre Falcone, principal arguido, 54 anos, nascido na Argélia de origem italiana, é acusado juntamente com Arcadi Gaydamak de ser o principal estratega no tráfico de armas para Angola. Para evitar «contratempos» com a justiça francesa Luanda nomeou em 2003 Falcone conselheiro na embaixada angolana junto da UNESCO auferindo-lhe a imunidade diplomática «previstas na convenção de Viena». Pierre Falcone reside em Pequim (China) e multiplica as deslocações a Luanda. Esteve presente hoje no tribunal.

Arkadi Gaydamak, 61 anos, milionário israelita nascido em Moscovo, acumula passaportes de França, Angola, Canada e Israel. É acusado, juntamente com Falcone, de ter organizada a venda ilícita de armas a Angola durante 1993 e 98, é também suspeito de abuso de confiança, fraude fiscal e tráfico de influências. Reside em Israel, é candidato à presidência câmara municipal de Jerusalém. Hoje permaneceu em Israel, mas promete comparecer numa audiência em Novembro.

Charles Pasqua, 81 anos, ex Ministro do Interior é acusado de tráfico de influência e abuso de bens sociais. Pasqua teria recebido várias centenas de milhares de euros nas suas acções de lóbi a favor de Luanda. Esteve presente hoje no tribunal.

Jean-Charles Marchiani, antigo conselheiro de Charles Pasqua, ex Prefeito do Var, terá recebido «comissões» nos jogos de influência para favorecer o comércio de armas com Angola. Esteve presente hoje no tribunal.

Jean-Christophe Miterrand, 62 anos, filho primogénito de antigo presidente François Miterrand e conselheiro do Eliseu para os assuntos africanos de 1986 a 1992, é acusado de ter recebido 2,6 milhões de dólares de comissões ocultas. Esteve detido três semanas em 2002, sendo libertado mediante uma caução liquidada pessoalmente por Danielle Miterrand, mãe do arguido. Esteve presente hoje no tribunal.

Jacques Attali, 64 anos, antigo conselheiro e confidente de François Mitterrand, é acusado de tráfico de influências com o objectivo de favorecer a empresa de Falcone, Brenco da qual teria recebido 160 mil dólares pelos «serviços» prestados.

Paul-Loup Sulitzer, escritor francês, acusado de tráfico de influência e abuso de bens sociais, funcionava supostamente como o «relações públicas» da engrenagem do Angolagate, teria recebido 380.000 euros de Pierre Falcone por serviços de «consultadoria de imagem». Esteve presente hoje no tribunal.

Do lado angolano ninguém estará presente no processo, porém o dossier cita 15 responsáveis angolanos entre os quais José Eduardo dos Santos, Joaquim David, então ministro da indústria, e o embaixador Elísio Figueiredo, que presumivelmente receberam 42 milhões de dólares além de 37 milhões recebidos pelo presidente angolano.

O processo Angolagate surge no momento em que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tenta reforçar as relações com Angola após anos de agonia. Algumas promessas foram efectuadas por Sarkozy durante a visita a Luanda em Maio, o qual aproveitou para convidar José Eduardo dos Santos a visitar o «país do Angolagate» em 2009, após o término do processo que iniciou hoje.

(c) PNN Portuguese News Network

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PIB cresceu em 5,3 por cento


– "O Banco de Moçambique realizou intervenções nos mercados interbancários no montante de 3.949 milhões de Meticais contra 2.153 milhões de Meticais no mês de Agosto, situando a base monetária em 17.506 milhões de Meticais no final do mês". O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu em 5,3 por cento no segundo trimestre do ano em curso, comparativamente a igual período de 2007. Em termos trimestrais, a produção também acelerou no segundo trimestre em 1,2 por cento.
O crescimento, segundo o INE, resultou do dinamismo da actividade económica dos sectores de transporte e comunicações com 10,4 por cento, agricultura com 8,9 por cento, indústria de extracção mineira com 8,4 por cento, construção com 7,1 por cento e pescas com 3,4 por cento. Os sectores da indústria transformadora, restaurantes e hotéis, electricidade e água, registaram quedas na produção na ordem dos 9,9, 5,7, e 3 por cento, respectivamente, reflectindo os cortes de energia que afectaram a produção de lingotes de alumínio, devido às restrições no fornecimento de energia eléctrica pela África do Sul à fabrica MOZAL.

Os dados citados são da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o «INE», as condições prevalecentes no mercado, em Setembro de 2008, "concorreram para que o Banco de Moçambique realizasse intervenções nos mercados interbancários no montante de 3.949 milhões de Meticais contra 2.153 milhões de Meticais no mês de Agosto, permitindo que a base monetária se situasse em 17.506 milhões de Meticais no final do mês".

Quanto ao mercado cambial interbancário, refere-se que a postura assumida pelo Banco de Moçambique foi de disponibilizar divisas ao mercado no valor de cerca 88 milhões de dólares, sem comprometer o cumprimento da meta das Reservas Internacionais Líquidas, "o que permitiu a estabilidade do Metical, tendo se fixado a taxa de câmbio do Metical face ao Dólar, situado nos 24,11 Meticais, equivalentes a uma depreciação mensal de 0,1 por cento e uma apreciação anual de 6,4 por cento".

Outros dados referentes à economia nacional e internacional, dão conta de que o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO), reuniu-se a 3 de Outubro corrente, na sua IX Sessão Ordinária, tendo apreciado o Documento de Política Monetária que reporta sobre os desenvolvimentos económico-financeiros ocorridos nos meses de Agosto a Setembro, inclusive as perspectivas para o mês de Outubro deste ano. "Apresentaram-se os destaques da conjuntura internacional, regional e interna, bem como a decisão tomada pelo órgão".

Na sua Sessão Ordinária, o Banco de Moçambique, debruçou-se sobre os recentes desenvolvimentos da economia mundial que apontam para o agravamento da crise nos mercados financeiros internacionais, "despoletada pela crise no mercado imobiliário nos Estado Unidos da América (EUA) e a propagação de seu impacto noutras economias, patente na falência de instituições financeiras com peso significativo no mercado de capitais".

Entretanto, o efeito desta crise vem-se reflectindo na contracção do crescimento económico como consequência da retracção da procura agregada, daí que "se prevê para o corrente ano uma desaceleração de 1,0 ponto percentual para 1,7 por cento, no crescimento económico dos países avançados, como EUA, Zona do Euro, Japão e Reino Unido".

No capítulo da melhoria da implementação da Política Monetária, o Banco de Moçambique, aprovou recentemente os indicadores de «core inflation», nomeadamente, "o índice de preços que exclui frutas e vegetais e o índice das médias aparadas, que passarão a ser internamente monitoradas com periodicidade mensal".

Importações

Até o mês de Agosto do ano em curso, contrariamente ao preço do trigo que aumentou em 0,35 por cento, os preços no mercado internacional dos principais produtos alimentares importados por Moçambique, nomeadamente, milho, arroz, "reduziram em 11.9 e 7,8 por cento, respectivamente. O preço de petróleo manteve-se em queda". A 2 de Outubro que corre, "o petróleo estava cotado em 92,59 dólares o barril".

(Emildo Sambo)

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Estranha doença na RAS sob monitoria nacional

A evolução de uma estranha doença, que recentemente provocou a morte de quatro pessoas na África do Sul, está já a ser monitorada pelas autoridades nacionais de Saúde, tendo em conta os milhares de moçambicanos residentes naquele país e ao intenso movimento migratório nas fronteiras entre os dois Estados.


Uma nota do Ministério da Saúde (MISAU) recebida ontem na nossa Redacção informa que, porém, as actividades comerciais e viagens entre os dois países vizinhos devem decorrer normalmente. Recomenda-se, no entanto, a todos os cidadãos “que qualquer caso suspeito de doença que apresente febre de início súbito e hemorragia em alguma parte do corpo deve ser dirigido de imediato à unidade sanitária mais próxima”.

A doença e a sua provável origem são ainda desconhecidas, mas na terça-feira, especialistas sul-africanos aventaram a hipótese de tratar-se de febre hemorrágica do “Congo-Crimeia”.

A primeira vítima da provável febre hemorrágica do “Congo-Crimeia” foi uma sul-africana que exercia a profissão de guia turística na Zâmbia, e que foi admitida na clínica de Morningside Medi a 12 de Setembro, tendo falecido dois dias depois. Um paramédico zambiano, que acompanhou a vítima num voo especial entre Lusaka e Joanesburgo, viria a ser igualmente admitido oito dias depois, com sintomas semelhantes, tendo morrido na semana passada.

A terceira, foi uma enfermeira que tratou a primeira vítima, tendo morrido logo a seguir, em resultado da mesma doença, que produz sintomas semelhantes aos de uma gripe, na sua primeira fase, e posteriormente da febre hemorrágica.

Segundo as autoridades sul-africanas, as outras pessoas que estiveram em contacto com as vítimas mortais encontram-se em enfermarias isoladas de dois hospitais de Joanesburgo, com o objectivo de monitorar o seu estado de saúde, não sendo ainda conhecidos os pormenores sobre o seu estado clínico.

Amostras de tecidos das vítimas foram já enviadas para os laboratórios sul-africanos e também para o Centro de Controlo de Doenças (CDC) em Atlanta, nos EUA, dada a necessidade de se confirmar as suspeitas e a origem da misteriosa e mortífera doença, segundo informações do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde da África do Sul. Os resultados dos testes só serão conhecidos na próxima semana.

As suspeitas de que a doença possa ser febre do Congo têm a ver com o facto de a primeira vítima apresentar sinais de picadas de carraças, algo associado à propagação daquela epidemia.

A doença não é transmitida pelo ar, mas por contacto com fluidos corporais, pelo que o risco de propagação é reduzido.

Por sinal, os outros países da região também começam a alarmar-se com o mal, tendo o Zimbabwe, por exemplo, colocado equipas médicas especiais em estado de alerta máximo, segundo o respectivo Ministro da Saúde, David Parirenyatwa, citado ontem pela PANA.


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Dhlakama fustigado por simpatizantes em Chimoio

Afonso Dlakama, lider da Renamo


“Davis Simango fez e está a fazer um bom trabalho no Município da Beira, assim como também outros dirigidos pela Renamo constituem o espelho da boa governação do partido” – presidente da Renamo, na capital de Manica

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que desde sábado último encontra-se na província de Manica para participar nas cerimónias fúnebres do ex-deputado da Assembleia da República e irmão mais velho de André Matsangaísse, garantiu à nossa reportagem que está confiante na vitória dos candidatos da Renamo às eleições autárquicas de Novembro próximo. Falando à margem das cerimónias fúnebres de Luís Garife Matsangaísse, o líder da “perdiz”, sustentou que depois de tantos conflitos passados em vários pontos do país para definir as candidaturas dos seus membros, lhe resta agora insistir para que todos os simpatizantes colaborem com o partido, com sentido democrático, e estarem de olhos postos nas campanhas eleitorais que se avizinham no país.
Num aparente ataque a Eduardo Leite, deputado da Renamo pelo círculo eleitoral de Chimoio, que manifestou interesse na sua candidatura independente, tendo chegado a anunciar publicamente tal pretensão mas acabando por não concretizar, Dhlakama disse que estas candidaturas só concorrem para dispersar votos e minar o ambiente no seio do partido.

Entretanto, questionado sobre a retirada de Daviz Simango como candidato oficial da Renamo, na Beira, o líder da “perdiz” afirmou que foi sua a decisão, justificando-a como tendo sido em respeito pela vontade das bases, apesar de reconhecer que Simango desempenhou um papel importante no município que é tido como o principal bastião da oposição ao regime da Frelimo.

“Daviz Simango fez e está a fazer um bom trabalho no Município da Beira, assim como também outros dirigidos pela Renamo constituem o espelho da boa governação do partido, mas mesmo assim, decidimos avançar com uma outra candidatura, não pelo desempenho, mas sim pela falta de transparência na utilização dos fundos do município”.
Alguns políticos abordados pela nossa reportagem afirmam estar a observar-se, particularmente na cidade da Beira, uma situação de ganância pelo poder no seio da Renamo, sobretudo por parte de um grupo que aspira a tirar proveito dos cofres municipais e a que Daviz Simango não deu espaço nos cinco anos do mandato que está termina em Dezembro. E se por um lado Simango granjeou a simpatia de grande número de munícipes, incluindo eleitorado que publicamente se diz simpatizante da Frelimo, esse grupo estará agora a tentar destruir o Edil que se considera ter sido o que mais fez pela Beira desde a Independência Nacional.
De recordar que Daviz Simango foi ainda este ano considerado pela própria Renamo como melhor edil do país ao nível dos municípios governados pela Renamo, e Dhlakama numa das entrevistas chegou a dizer que “nada justificaria a substituição dos seus presidentes na corrida eleitoral”.
A viragem repentina de Dhlakama, de uma opção de continuidade de Daviz Simango como Edil da Beira para passar a apostar em Manuel Pereira, está a ser considerada por alguns analistas uma opção forçada por certos militares da guerrilha que andam descontentes e a ameaçar Dhlakama alegando que ele está a entregar o partido a jovens que têm a mania que são doutores. Contudo, outros preferem subscrever a ideia de que Dhlakama anda com medo da ascensão de popularidade do engenheiro Daviz Simango, lamentando ao mesmo tempo que assim seja porque reconhecem ser o próprio presidente do partido quem com os seus ciúmes acaba por promover a divisão no partido.

Outros ainda consideram que não está posta de parte a hipótese de Dhlakama ter sido enganado por um grupo que se deixou aliciar por benesses que lhes teriam sido concedidas por membros do Comité Central da Frelimo residentes na Beira. E outros chegam mesmo a alegar que Dhlakama está a entregar a Beira à Frelimo a troco de dinheiro que terá recebido.

O certo é que Daviz Simango continua a considerar Dhlakama o seu “querido presidente” e a sua candidatura independente está a ser apoiada pelos núcleos da Renamo de todos os bairros da Beira, enquanto os delegados do partido na cidade e província, respectivamente, que apoiam Manuel Pereira e são tidos por quem enganou Dhlakama, andam agora escoltados pela Polícia de Intervenção Rápida, força de quem há pouco diziam o pior que se podia ouvir de alguma instituição.

(José Jeco) Chimoio (Canal de Moçambique)

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As Inconfidências dos Homens, de Rosa Langa


A OBRA de Rosa Langa “As Inconfidências dos Homens” é uma colectânea da arte de performância e dos seus cultores. À excepção de dois artistas músicos estrangeiros que não escaparam ao crivo avassalador das perguntas inconvenientes de Rosa Langa, a saber, o Bonga de Angola e o português Rui Veloso, esta obra constitui um verdadeiro contributo para o conhecimento da cultura nacional.

Nesta antecâmara da obra que me associa a esta grande ventura de Rosa Langa, me proponho a sugerir algumas leituras das múltiplas que se podem fazer. Ei-las.

A busca obsessiva do sentido da vida, da relação com o outro, (homem vs. mulher), do significado da fama, do amor, da morte, de Deus e da Política, serve de texto porte-manteau, arqui-texto ou de “pré-texto”, como diria Almiro Lobo, de que Rosa Langa faz recurso na sua obra. Por via disso ela prende o leitor e condu-lo para o mundo da introspecção psicanalítica, isto é, da transladação e manipulação catártica do íntimo, feita com arte e génio que consiste no jogo de perguntas sobre assuntos que mesclam de forma conflituante o mundo do Id, (subconsciente), com o do Ego, (consciente), e deste com o do Superego, (normativo social), produzindo, qual faísca dos nimbos de Outono, uma descarga libidinal com sabor a agridoce, uma “inconfidência” feita matéria de consumo público num tom literário-linguístico tão expositivo e dramaticamente “violentador” quanto educativo.

Neste aspecto a obra desperta no leitor uma espécie de intertexto estabelecendo uma certa relação isotópica com as obras de Kassotche Florentino Dick no tratamento e manipulação do sexo e da sexualidade. Todavia, sob ponto de vista das possibilidades de manipulação da literariedade e dos recursos para a construção da imagética textual, Rosa Langa corre mais riscos.

Ao enveredar pelo estilo-género “entrevista”, Rosa Langa opta por um caminho tão elusivo quanto escorregadio porquanto as entrevistas exigem dos interlocutores “espírito de presença”, isto é motivação. Por outro lado, no ângulo literário, as entrevistas, para além do arqui-texto (montado na imagética do leitor sugerido e conectado pela “encenação narrativa” e dos comentários da autora em cada cena), revelam-se parcimoniosas a elevações estilísticas sendo o documentário a paróquia de sua predilecção.

Rosa Langa supera estas dificuldades e leva, de cena em cena, o leitor a situações de angústia, ansiedade e prenhe de sede de saber do que vem depois, até ao fim da obra. Para o efeito, ela recorre a três estratagemas, a saber, o arsenal jornalístico, os temas objecto das entrevistas e a sua sagacidade feminina que a leva a conseguir o que ela quer mesmo perante o homem com a maior “disfunção eréctil”.

Em termos de conteúdo, a obra pode ser lida em três dimensões. Uma dimensão de cariz almanaquico-documental da cultura e dos seus cultores, uma dimensão catártica e, por fim, uma dimensão inquisitiva, ou melhor, contemplativa sobre o património humano e humanístico que a autora transmite ao leitor.

Na primeira dimensão, a obra de Rosa Langa apresenta-se como a pioneira na sistematização documental à guisa de almanaque nacional da arte e dos artistas moçambicanos. Como uma colectânea, naturalmente, a obra de Rosa Langa é uma obra aberta. Sujeita a revisões e adicionamentos. À excepção de Kalungano e de José Craveirinha, escritores e poetas, e do pintor Noel Langa, a obra de Rosa Langa parece privilegiar aos artistas e às artes de performância, dança, música e canto.

Ela percorre as cordilheiras, as montanhas, os planaltos e os vales da nossa cultura e expõe de forma original e catalogada os valores, os talentos, as contradições e as ambiguidades que a nossa cultura nacional encerra. Expõe de forma gráfica o mundo dos artistas e como estes se vêem e vêem o mundo.

A obra de Rosa Langa apresenta-se, desta feita, como um contributo valioso seja como um catálogo ou base de dados sobre os artistas e sobre a cultura moçambicana, seja como uma fonte importante para a definição de uma estratégia de relacionamento do Estado com os artistas que busque assumi-los verdadeiros parceiros na construção da consciência e do orgulho nacionais.

Na dimensão catártica a obra de Rosa Langa coloca o mundo às avessas. Cada entrevista é um quadro pintado com as cores mais diversas mas tendo como pano de fundo o homem na sua dimensão total, isto é, na sua relação com o sexo oposto.

Rosa Langa consegue estimular e despistar o ego e o superego dos seus personagens com as perguntas formuladas de forma tão esquematicamente imprevisível que acabam se expondo e expondo o seu íntimo, os encantos e desencantos da sua vida, as ambições, as fobias. Ela cava, vira e revira a vida do homem. Mexe com a infância, com a arte, com a fama, com o dinheiro, com o amor e com a morte. O objectivo? Saber do homem o lugar em que a MULHER ocupa na sua vida. Explora e desmistifica “as coisas”: o sexo, a morte, a traição conjugal, a beleza feminina, enfim, tudo o que no subconsciente biológica e ou animalescamente persiste e insiste em se concretizar mas que o consciente e o social normativo reprime e impede. É uma catarse induzida, uma espécie de Kamasutra com o selo “made in Mozambique”. Uma obra cuja leitura em voz alta de algumas passagens não se recomenda na presença da sogra. Uma obra para maiores de 22 anos!

Os efeitos desta abertura ao mundo do inexpressável são logo visíveis tanto para os artistas feitos personagens da obra quanto para o leitor: uma descarga de consciência, da libido, uma sensação de alívio e de distensão. Uma oportunidade de falar. De resgatar a liberdade de dizer coisas reprimidas.

A resistência e o medo de as pessoas serem levadas à profundidade do seu íntimo ou às encruzilhadas da vida em que se deram mal é visível em todos os entrevistados. A obra de Rosa Langa revela assim o quão preconceituoso é o mundo em que vivemos. E mais. A obra de Rosa Langa traz à luz a visão que os homens têm da mulher e nesse “entulho de percepções” da pessoa mulher se desdobra em escamas a dura verdade que a luta pela emancipação da mulher e pela igualdade de género vai perdurar ainda mais.

Sob ponto de vista contemplativo sobre a obra e a autora da mesma fica-se sem jeito evitar perguntar a motivação e o objectivo final desta aventura. As respostas são, naturalmente, plúrimas.

A obra de Rosa Langa é reveladora da paixão que a autora nutre pelo jornalismo cultural. Como Jornalista de mão cheia, Rosa Langa, assume o papel instrumental para a exposição dos artistas dirigida aos governantes onde colocam os seus encantos e desencantos sobre gestão e direcção da Política Nacional da cultura. Ela coloca-se no pináculo do jornalismo cultural porquanto o seu trabalho é revelador de uma pesquisa aturada e uma entrega pessoal na busca dos conteúdos.

Como mulher, Rosa Langa aceita “expor-se” ao mundo dos homens e deles ouvir as mais incongruentes, grotescas e diversificadas visões e alucinações sobre ela. Ela resgata assim, a imagem da mulher mãe, mulher esposa e mulher companheira. Ela humaniza a imagem da mulher que por diversas circunstâncias da vida se vê compelida a se atirar ao mundo da prostituição.

Rosa Langa revela nesta obra a sua grandeza humana e humanística ao se assumir uma verdadeira combatente do VIH/SIDA. Ao denunciar comportamentos de risco muitas vezes associados a vida dos artistas ela contribui para a educação da sociedade sobre a necessidade de fazer o teste e, quando a ocasião faz o ladrão, do sexo protegido.

Por isso, Rosa Langa, ela de perfil físico feito de silhuetas que escapam as lentes mais magnificadas, se constrói nesta obra numa figura de mulher lendária, gigante, uma mulher com M maiúsculo.

JOSÉ MATEUS MUÁRIA KATUPHA

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Banco Terra é inaugurado oficialmente


O Banco Terra que já está em funcionamento em Maputo e Nampula, é hoje (10/09/2008)inaugurado oficialmente, numa cerimónia a ter lugar no Jardim Tunduru, na capital do País.

Este Banco foi constituído em Dezembro de 2007 e segundo uma estrutura accionaria a que um grupo de investidores internacionais – o Rabobank da Holanda (30,7%) , o KfW da Alemanha (20%) e o Norfund da Noruega (20%) – se juntou à Gapi-SI (29,3%) para implantar em Moçambique uma instituição bancária que privilegie os negócios no sector agrícola, refere o PCA do GAPI, António Souto, numa informação enviada ao «Canal de Moçambique».


Segundo Souto, a motivação destes investidores em juntarem-se para apoiar a constituição do Banco Terra derivou do reconhecimento que a agricultura e a produção de alimentos são um aspecto chave e estratégico do desenvolvimento de Moçambique. Por isso, a estrutura accionaria é constituída por três instituições financeiras de desenvolvimento – a Gapi-SI, o KfW e o Norfund – bem como um banco privado – o Rabobank – cujos fundamentos são as cooperativas agrícolas da Holanda – acrescenta Souto.

O BT já está a operar provisoriamente com um balcão em Maputo e outro em Nampula, e planeia “abrir nos próximos três anos cerca de 20 balcões que permitam cobrir as principais zonas agrícolas do País”.

De acordo com a fonte que estamos a citar, o capital inicial do Banco Terra é de 185 milhões de Meticais, “mas existem já acordos que prevêem o seu aumento de forma a fazer face aos desafios a que esta instituição
se propõe”.

(Redacção) Canal de Mocambique

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Crise financeira mundial não afecta Moçambique


A Primeira-Ministra, Luísa Diogo, afirmou ontem, em Maputo, que a sanidade do sistema financeiro nacional ainda é uma realidade tal que o país não incorre em nenhum risco de perder valores no exterior devido à crise financeira mundial.

“Estamos, através do Banco de Moçambique, a acompanhar a evolução da crise financeira mundial e, neste momento, o país goza de uma situação estável”, disse Diogo, falando na Assembleia da República.
Para sustentar a sua afirmação, acrescentou que “dispomos de reservas internacionais na ordem dos 1.689 milhões de dólares norte-americanos para suportar cinco meses de importações de bens e serviços em conformidade com o estabelecido pelo Plano Económico e Social de 2008”.
Luísa Diogo falava na sessão do órgão legislativo do país, para onde se deslocou com o Executivo para responder às perguntas dos deputados sobre aspectos essenciais da vida social, política e económica do país.
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Começa obra para centro de inspecção de viaturas

É lançada hoje (10/09/2008) a primeira pedra para a construção das instalações do Centro de Inspecções Periódica de Viaturas, numa cerimónia a ser dirigida pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula.
O centro, cuja empreitada foi adjudicada à construtora Control Gold, estará situado ao longo da Estada Nacional 1, concretamente no bairro de Zimpeto, cidade de Maputo, devendo começar a funcionar a partir do próximo ano, segundo fonte do Instituto Nacional de Viação (INAV).
A inspecção periódica é uma das condições para a introdução do seguro obrigatório para carros particulares, medida que vai contribuir para a redução dos índices de acidentes de viação que ocorrem nas estradas do país. É que parte considerável desses sinistros deriva de problemas mecânicos dos carros em circulação.
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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Corredor de Maputo é modelo na SADC - segundo avaliação da Associação das Empresas Ferroviárias da África Austral (SARA)

O CORREDOR de Maputo é considerado modelo em termos de parcerias, gestão e capacidade de atracção de negócios a nível da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), segundo avaliação da SARA, uma associação regional de empresas e instituições ligadas à actividade ferro-portuária. Até muito recentemente, o Corredor da Beira era assumido como referência a nível da região, estatuto que viria a perder devido à crise política que condiciona o desempenho da economia do vizinho Zimbabwe.

Segundo Bernard Dzawanda, presidente da Southern African Railways Association (SARA), são doze, no total, os corredores disponíveis na região da SADC, o menor dos quais é o de Goba, que liga Moçambique e a Suazilândia, com apenas 226 quilómetros de extensão. Ainda assim, segundo Dzawanda, a linha de Goba detém um potencial para se tornar num dos melhores corredores da região, em termos de negócios, mercê do bom desempenho que o mesmo tem estado a conhecer a nível da gestão e cumprimento das normas e regulamentos definidos para aquele sector de actividade.

No âmbito do protocolo sobre transportes, comunicações e meteorologia, a SADC criou os chamados comités de gestão de rotas que ligam dois ou mais países, que no contexto da indústria ferroviária convencionou-se chamar corredores.

Abordado há dias em Manzini, na Suazilândia, à margem de uma conferência sobre o Corredor de Goba, Bernard Dzawanda explicou que a criação dos referidos comités tinham em vista criar um espaço para a identificação dos problemas e busca colectiva das soluções para os problemas que condicionam a boa prestação dos corredores enquanto infra-estruturas indispensáveis no processo de desenvolvimento.

É com este objectivo que estes comités têm mandato para se reunir quatro vezes ao ano, podendo remeter à Assembleia Geral da SARA somente aqueles problemas cuja solução não esteja ao alcance dos integrantes dos comités.

Grosso modo, segundo o nosso interlocutor, a totalidade dos corredores da SADC enfrenta o problema da escassez de recursos para o desenvolvimento das infra-estruturas, tal é o caso do Corredor de Goba, que no mês passado juntou os seus parceiros na cidade suázi de Manzini, para buscar soluções concertadas.

“Na verdade, o Comité do Corredor de Goba tem sido dos poucos que reúne quatro vezes ao ano, conforme o estabelecido, ocasiões que têm sido aproveitadas para a troca de informações e planificação de projectos de negócios que podem ser executados em conjunto. Por exemplo, sabe-se que a Suazilândia possui reservas minerais que vão começar a ser exploradas em breve. A ideia agora é saber como é que isso será escoado com o menor custo possível e com benefício para todos.

A SARA, segundo Dzawanda, integra empresas e organizações com interesse na área ferroviária, que se juntam no interesse de promover as linhas férreas e contribuírem para o desenvolvimento dos países.

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No fim do Ramadão: Muçulmanos apelam à preservação da paz


UM ambiente de festa e de apelo à preservação de paz marcou ontem o fim do Ramadão, num ano em que os muçulmanos vinham observando o jejum desde 1 de Setembro. Com a tolerância de ponto concedida pelo Governo, foi possível que, logo pela manhã, os muçulmanos se concentraram nas mesquitas e noutros locais de culto, para partilharem aquele que constitui um dos momentos mais importantes da sua vida.
Nas mesquitas por nós visitadas, as principais mensagens chamavam ainda a atenção para que haja mais empenho profissional e respeito mútuo, uma vez que só dessa forma será possível combater a fome e promover o desenvolvimento do país.

Na verdade, para muitos dos dirigentes desta comunidade, a luta contra os principais males pode ser vencida caso cada muçulmano dê a sua parte, afastando atitudes negativas que possam pôr em causa a tranquilidade colectiva.

Numa mensagem distribuída à Imprensa, a Comunidade Mahometana apela ao seus fiéis para que continuem com o espírito de encher as mesquitas, de modo a renovar permanentemente a fé.

“Moçambique está cada vez mais a caminhar na senda do progresso e bem-estar e vai o nosso Dúab para que Allah afaste todas as calamidades e ajude o Presidente da República, Armando Guebuza, e o nosso Governo, a levar este barco a bom porto. Pelo esforço que Sua Excelência Senhor Presidente da República tem desenvolvido em prol do país, vão as nossas preces para que Allah lhe dê muita saúde e longa vida e que Moçambique se transforme num lugar seguro e desenvolvido”, disse.

Segundo ele, é importante que a Comunidade seja parte do desenvolvimento que está em curso no país, trabalhando em conjunto ou em iniciativas particulares.

Tomou a oportunidade para revelar que, graças ao espírito de promoção do bem-estar, a Comunidade está em franco crescimento, havendo novos projectos para beneficiar muçulmanos e não só.

“A Escola da Comunidade conta hoje com 1600 alunos e 60 professores. Assinámos um protocolo com a Universidade Eduardo Mondlane, sendo que na nossa Escola um bloco será a Faculdade de Comunicação e Jornalismo da maior universidade pública do país”, precisou.

A par das iniciativas referidas, a Comunidade conta com outros projectos, como a construção de uma clínica médica e “Mayaat Khanna”, dois aspectos fundamentais no dia-a-dia dos muçulmanos.

Consta que serão construídas mais casas nos bairros para beneficiar as pessoas necessitadas, tendo em conta que a falta de habitação é uma das preocupações da população.

Para o vice-presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, Abdul Carimo Sau, é preciso recordar que o Ramadão é um momento único e que todos merecem festejar alegremente. “Estamos a festejar normalmente. Esperamos que em todo o território haja confraternização tranquila”, disse.

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Fazendo explodir duas ATM em Maputo e Matola: Assaltantes ensaiam novas formas de saque

Indivíduos pertencentes, ao que se presume, à mesma quadrilha de assaltantes, dinamitaram e fizeram explodir duas caixas de pagamento automático (ATM) do Millennium bim nas cidades de Maputo e Matola, entre uma e quatro horas da madrugada de ontem. O fenómeno, pouco comum entre nós, poderá ser o início de uma nova e violenta era de actuação dos larápios, uma vez que até este momento os bandidos invadiam os bancos com armas em punho, sacando dinheiro das caixas e até dos bolsos dos utentes ainda por depositar.
As duas ATM destruídas com recurso a explosivos, de origem ainda desconhecida, encontravam-se a funcionar longe das dependências daquele banco. Uma estava instalada na entrada da Maternidade do Hospital Central de Maputo (HCM) e a outra junto à PEP, uma loja de venda de roupas e de outros artigos de uso na zona de Santos.

Na explosão da ATM do HCM, realizada cerca da uma hora e protagonizada por cerca de dez indivíduos armados com quatro metralhadoras e duas pistolas, os assaltantes saíram frustrados, dado que não conseguiram aceder ao compartimento em que as notas ficam armazenadas. Saíram de mãos a abanar, como sói dizer-se, tendo os estrondos concorrido para mergulhar o recinto da maternidade e as suas cercanias num ambiente geral de pânico e insegurança. O impacto da explosão levada para a ATM da maternidade foi de tal magnitude que parte da vidraça do primeiro andar não resistiu acabando por cair estilhaçada. Não foram ainda reportados vítimas humanas que poderão ter ocorrido em consequência da explosão.

Entretanto, já no caso da Matola, as explosões foram ainda de um maior impacto que destruíram até parte do dinheiro armazenado na máquina, para além de reduzir a simples ferro calcinado a caixa automática.

Dado o período de separação dos dois casos, a actuação dos bandidos, de primeiro imobilizar os seguranças e posteriormente dinamitar as ATM e fazer explodi-las, presume-se tratar-se de um mesmo grupo de bandidos, suspeita que ganha maior consistência pelo facto de os assaltantes fazerem-se transportar em duas viaturas em ambos momentos, segundo depoimentos de testemunhas.

Até à madrugada de ontem, os cidadãos de Maputo e Matola acreditavam que este tipo de actuação dos bandidos só se verificava em outros países tidos como mais perigosos, destacando-se entre eles a África do Sul e o Brasil. Nos últimos tempos casos idênticos tm sido reportados também na capital portuguesa, Lisboa, com os gatunos a recorrer ao uso de explosivos para a acederem aos cofres das ATM.

De facto, ainda não havia registo desta forma de actuação dos bandidos no país e tudo quanto se sabia era com base em notícias reportadas pelos media a partir da África do Sul, Brasil e de outros cantos do mundo.

Relatos de alguns residentes próximos à ATM destruída na Matola indicam que os bandidos comunicavam-se na língua zulu, o que, a ser verdade, pode nos levar a pensar estarmos na presença de uma ramificação de quadrilhas de bandidos, provavelmente, provenientes da África do Sul e que vieram juntar-se em Maputo a seus comparsas com que vêm actuando nestas investidas criminosas.

Aliás, pelo menos na vizinha África do Sul a estratégia de fazer explodir as ATM já não resulta, dado que as notas são embaladas nas máquinas com um líquido que automaticamente se espalha, pintando-as em caso de explosão.

Este crime junta-se a outros que até a um passado recente eram menos comuns entre nós, com destaque para os sequestros de cidadãos na vila pública e posterior exigência de elevadas somas de dinheiro para resgate das vítimas.

O porta-voz da Polícia ao nível da província de Maputo, Joaquim Selemane, confessou que as autoridades encontram-se perante um fenómeno novo e com o qual têm de agir rapidamente para lhe fazer frente.

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Nacala vai ter maiores silos da África austral

O PORTO de Nacala, em Nampula, vai passar a ser o maior local de armazenagem de cereais da região austral de África, mercê da construção naquele complexo ferro-portuário, num período não especificado, de silos com capacidade instalada de 120 mil toneladas por ano, investimento que conta com capitais tanzanianos.

A conclusão do empreendimento permitirá que os países do hinterland, tidos como potenciais utilizadores do porto e linha férrea de Nacala, reduzam as constantes transacções comerciais que são obrigados a efectuar devido à falta de uma capacidade maior de acondicionamento do porto.

Fernando Couto, administrador do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), disse que com a instalação deste tipo de projectos no Porto de Nacala por parte da empresa Baresa, a província de Nampula não só se propõe conquistar o estatuto de “alavanca” na dinamização do processo de desenvolvimento das zonas norte e centro do país, como também prepara-se para ser um ponto de referência no âmbito do processo de integração económica dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Para além das habituais exportações malawianas de tabaco e açúcar, de produtos locais como a castanha de caju, algodão, sisal, madeira e outros, brevemente será exportada a partir do Porto de Nacala a banana da empresa Matarusca, que neste momento está a investir no cultivo industrial desta fruta, no posto administrativo de Namialo, distrito de Meconta, que se espera venha a abastecer não só o mercado interno, como também o europeu e americano.

A médio prazo, espera-se igualmente exportar através daquele porto os minérios de ferro que serão explorados no posto administrativo de Iapala, no distrito de Ribáuè. Tal irá implicar o aumento dos níveis de manuseamento e transporte de carga.

De referir que o Corredor do Desenvolvimento de Nacala passou três anos da sua privatização a ser uma empresa constituída por capitais inteiramente moçambicanos.

Avaliado em mais de 50 milhões de dólares norte-americanos, o Corredor de Desenvolvimento de Nacala, que preconiza a recuperação de infra-estruturas e aquisição de equipamento portuário, tinha até há pouco tempo accionistas estrangeiros como a Railroad Development Corporation (RDC) e a Edlow Resources (de capitais americanos), Grupo Tertir (Portugual) e Rebnnies (RAS).

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“PLANÍCIE SEM FIM” DE ELÍSIO MACAMO:

Elisio Macamo (centro)

Moçambique é um país cujos problemas não acabam

“PLANÍCIE sem fim”, titulo do último livro do sociólogo Elísio Macamo, lançado sexta-feira última, significa, numa das interpretações do autor, que os assuntos que dizem respeito à planície não acabam. Ou seja, os assuntos da esfera pública não esgotam. E se os assuntos não acabam, então, significa que o país também não termina. E por conseguinte, os problemas de Moçambique não têm fim. Não acabam”.

Falando no acto de apresentação do livro, no Instituto Camões, Elísio Macamo referiu que, este título pode ainda significar que, no sentido literal, nas pastagens, lá onde as pessoas se encontram e se envolvem numa actividade comum, há sempre algo por contar, algo por resolver e algo por fazer. “O que é próprio da pastagem não tem fim. Não sei muito bem se posso ter alguma latitude na interpretação do ditado. Com efeito, há várias interpretações possíveis”.

Os textos inseridos nesta obra, “são uma tentativa de encontrar uma resposta, ou várias, para essas perguntas. Debruço-me sobre quatro assuntos centrais, em minha opinião, à constituição do nosso país como sociedade política. Estou, em primeiro lugar, interessado no significado que a nossa própria acção tem para nós próprios. O que significa a história que nós próprios fizemos para nós? Que valor atribuímos à nossa independência, por exemplo? Merecê-mo-la? Não digo que não. Procuro identificar critérios a partir dos quais podemos, à sombra de um canhoeiro lá na pastagem, reflectir em conjunto sobre isso. Em segundo lugar, estou interessado em saber que assuntos privilegiamos quando nos sentamos para decidir sobre hierarquias no seio dos pastores e, porque não, no seio do gado também. São assuntos relevantes para o melhor aproveitamento do que a natureza nos deu? Aqui também não digo que escolhemos os piores assuntos.”

Ao acto de lançamento assistiram para além de estudantes de sociologia, familiares e amigos do autor, jornalistas, escritores, intelectuais e vários sociólogos da praça como é o caso de Rogério Sitoe e Moisés Mabunda.

“NOTÍCIAS” CRIA UM ESPAÇO DE REFLEXÃO PÚBLICA
Parte significativa dos textos nele inseridos foram publicados nas páginas do matutino Notícias, um órgão que ele considera que “faz para além daquilo que lhe é rotulado e analisado superficialmente”.

E prossegue sublinhando que, “no Notícias está a ser produzido um espaço de reflexão muito grande para o país. O Notícias é um espaço interessante de discussão pública”.

E a este propósito, Macamo revelou a sua preferência em publicar neste diário anotando que, “escrevo para estimular interpelações críticas. Para ser interpelado e desafiado”.

O autor de “Planície sem fim” falou ainda da Comunidade Presbiteriana de Chicumbane e aos habitantes da Aldeia Comunal Patrice Lumumba na periferia de Xai-Xai. Com estas comunidades Macamo conta que ficou a saber que o facto de sair-se de uma universidade, nem tudo se sabe fazer bem; aprendeu ainda a ser directo na sua comunicação: dizer com clareza aquilo que se pensa; foi ainda a melhor maneira de ganhar o sentido de estar em Moçambique (depois de uma longa ausência); também aprendeu que a vida das pessoas não muda: o que muda é, talvez a forma de como nós queremos interpretar a vida.

Elísio Macamo, sempre bem-humorado, meio a brincar fez uma análise comparativa de um poema de Fernando Couto, com o seu livro, cruzando com a empresa de telefonia móvel a mCel, patrocinadora desta obra.

Macamo falou do poema “Floresta” de Couto retirado da antologia “Rumores de água” que diz, “Por mais que te isoles/no seio da floresta/ a solidão não será/ tua companheira”. A este propósito, o autor de “Planície sem fim”, aponta como “solução” para alguém que esteja isolada na floresta e sem comunicação devido a um problema na rede mCel, para recorrer à companhia agradável do seu livro “Planície sem fim”...“sugiro que enquanto você espera pela ligação, leia o Elísio Macamo” .

Sobre este poema de Fernando Couto, o sociólogo aproveitou a ocasião para mostrar publicamente a sua admiração pela escrita da família Couto. “Afinal, o Mia não é obra do acaso. Essa coisa de escrever é mesmo genética. È da família. A poesia de Fernando Couto, homem com grande sentido de humor que já conheci em toda a minha vida, é um exemplo que confirma isso”.

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