“Davis Simango fez e está a fazer um bom trabalho no Município da Beira, assim como também outros dirigidos pela Renamo constituem o espelho da boa governação do partido” – presidente da Renamo, na capital de Manica
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que desde sábado último encontra-se na província de Manica para participar nas cerimónias fúnebres do ex-deputado da Assembleia da República e irmão mais velho de André Matsangaísse, garantiu à nossa reportagem que está confiante na vitória dos candidatos da Renamo às eleições autárquicas de Novembro próximo. Falando à margem das cerimónias fúnebres de Luís Garife Matsangaísse, o líder da “perdiz”, sustentou que depois de tantos conflitos passados em vários pontos do país para definir as candidaturas dos seus membros, lhe resta agora insistir para que todos os simpatizantes colaborem com o partido, com sentido democrático, e estarem de olhos postos nas campanhas eleitorais que se avizinham no país.
Num aparente ataque a Eduardo Leite, deputado da Renamo pelo círculo eleitoral de Chimoio, que manifestou interesse na sua candidatura independente, tendo chegado a anunciar publicamente tal pretensão mas acabando por não concretizar, Dhlakama disse que estas candidaturas só concorrem para dispersar votos e minar o ambiente no seio do partido.
Entretanto, questionado sobre a retirada de Daviz Simango como candidato oficial da Renamo, na Beira, o líder da “perdiz” afirmou que foi sua a decisão, justificando-a como tendo sido em respeito pela vontade das bases, apesar de reconhecer que Simango desempenhou um papel importante no município que é tido como o principal bastião da oposição ao regime da Frelimo.
“Daviz Simango fez e está a fazer um bom trabalho no Município da Beira, assim como também outros dirigidos pela Renamo constituem o espelho da boa governação do partido, mas mesmo assim, decidimos avançar com uma outra candidatura, não pelo desempenho, mas sim pela falta de transparência na utilização dos fundos do município”.
Alguns políticos abordados pela nossa reportagem afirmam estar a observar-se, particularmente na cidade da Beira, uma situação de ganância pelo poder no seio da Renamo, sobretudo por parte de um grupo que aspira a tirar proveito dos cofres municipais e a que Daviz Simango não deu espaço nos cinco anos do mandato que está termina em Dezembro. E se por um lado Simango granjeou a simpatia de grande número de munícipes, incluindo eleitorado que publicamente se diz simpatizante da Frelimo, esse grupo estará agora a tentar destruir o Edil que se considera ter sido o que mais fez pela Beira desde a Independência Nacional.
De recordar que Daviz Simango foi ainda este ano considerado pela própria Renamo como melhor edil do país ao nível dos municípios governados pela Renamo, e Dhlakama numa das entrevistas chegou a dizer que “nada justificaria a substituição dos seus presidentes na corrida eleitoral”.
A viragem repentina de Dhlakama, de uma opção de continuidade de Daviz Simango como Edil da Beira para passar a apostar em Manuel Pereira, está a ser considerada por alguns analistas uma opção forçada por certos militares da guerrilha que andam descontentes e a ameaçar Dhlakama alegando que ele está a entregar o partido a jovens que têm a mania que são doutores. Contudo, outros preferem subscrever a ideia de que Dhlakama anda com medo da ascensão de popularidade do engenheiro Daviz Simango, lamentando ao mesmo tempo que assim seja porque reconhecem ser o próprio presidente do partido quem com os seus ciúmes acaba por promover a divisão no partido.
Outros ainda consideram que não está posta de parte a hipótese de Dhlakama ter sido enganado por um grupo que se deixou aliciar por benesses que lhes teriam sido concedidas por membros do Comité Central da Frelimo residentes na Beira. E outros chegam mesmo a alegar que Dhlakama está a entregar a Beira à Frelimo a troco de dinheiro que terá recebido.
O certo é que Daviz Simango continua a considerar Dhlakama o seu “querido presidente” e a sua candidatura independente está a ser apoiada pelos núcleos da Renamo de todos os bairros da Beira, enquanto os delegados do partido na cidade e província, respectivamente, que apoiam Manuel Pereira e são tidos por quem enganou Dhlakama, andam agora escoltados pela Polícia de Intervenção Rápida, força de quem há pouco diziam o pior que se podia ouvir de alguma instituição.
(José Jeco) Chimoio (Canal de Moçambique)
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