segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vítimas de xenofobia voltam à África do Sul para reaver bens

Ao todo, 40% dos 40 mil moçambicanos que fugiram da África do Sul devido aos ataques xenófobos regressaram para reaver seus bens ou recuperar os seus salários, indica um estudo governamental moçambicano.

A onda de xenofobia registrada em meados de maio na África do Sul provocou a morte de 17 moçambicanos e o retorno forçado de 40.598 refugiados até o final de junho.
De acordo com dados oficiais, os ataques contra estrangeiros provocaram a morte de 60 pessoas, impondo fuga à milhares de estrangeiros para centros de refugiados internos e para países vizinhos.

Em julho, o governo moçambicano realizou uma pesquisa nas seis províncias do país que acolheram o maior número de regressados para apurar a real situação.

E, de acordo com o estudo feito com 11.403 pessoas (28% dos regressados), a que a Agência Lusa teve acesso, "um número significativo dos entrevistados (vítimas da xenofobia) afirmou que pretendia retornar à África do Sul, logo que as condições o permitissem".

A mesma pesquisa estima que "40% do número total dos regressados" podem ter retornado à África do Sul, a maioria da zona da cidade de Maputo (60%), mas também de Gaza (47%), Maputo-província (40%), Inhambane (38%), Manica (30%) e Sofala (18%).

O movimento de retorno "poderá significar que parte considerável das vítimas possa retornar à procedência e, caso o ambiente assim o encoraje, tornar a fixar residência na África do Sul", diz a pesquisa.

Atualmente, algumas vítimas estão em processo de reintegração social nas suas zonas de origem, através de iniciativas individuais, dedicando-se a atividades de geração de renda familiar.

O levantamento também permitiu apurar que 29% dos que retornaram à Moçambique exerciam na África do Sul a função de pedreiros, 15% eram vendedores ambulantes, 7% alfaiates e 5% proprietários de pontos comerciais alternativos.

Lusa

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