segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Segundo o «Africa Intelligence Monitor» “Gono Dólar” no centro da crise no Zimbabwe


• A intransigência de Mugabe em relação à manutenção do actual Governador do Banco Central (“Gono”) não é estranha a um passado de relações obscuras entre o regime da Zanu-FP e o Banco, sobretudo em matéria de apropriação de dinheiros públicos .

• “Gono” é dono de uma cadeia privada de casas de câmbio, espalhadas pelo país, através das quais ele faz o controle pessoal das trocas de moeda fora dos bancos.
É esse mercado financeiro que atende à elite da Zanu-FP quando quer recorrer á importação de bens para os seus negócios Maputo (Canal de Moçambique) - A crise em que caiu o processo de formação do novo governo de unidade no Zimbabwe está especialmente relacionada com o Governador do Banco Central, Gideon Gono, na gíria tratado como “Gono Dólar”. É uma das mais controversas mas influentes figuras do país, refere o Africa Intelligence Monitor, editado em Lisboa pelo jornalista Xavier de Figueiredo.
Nomeado por Robert Mugabe, em 2003, Gono termina o seu mandato em Novembro próximo. Em princípio deveria manter-se em funções, mas Morgan Tsvangirai opõe-se à sua recondução alegando que Gono é objecto de reservas da parte de instituições financeiras internacionais e de governos dispostos a ajudar o Zimbabwe, acrescenta publicação que estamos a citar. A atitude de Tsvangirai também decorre de uma posição segundo a qual, nos termos do acordo com o regime, lhe compete nomear o Governador do Banco Central e também o ministro das Finanças. O entendimento de Mugabe é diverso – tal como o é em relação à nomeação do comandante da Polícia, prossegue a «AI-Monitor».
A intransigência de Mugabe em relação à manutenção de Gono não é estranha a um passado de relações obscuras entre o regime da Zanu-Fp e o Banco Central, sobretudo em matéria de apropriação de dinheiros públicos.
O conhecimento que Gono tem desse passado e a sua cumplicidade com o mesmo explicam a protecção que lhe é dada. Gono é dono de uma cadeia privada de casas de câmbio, espalhadas pelo país, através das quais ele faz o controle pessoal das trocas de moeda fora dos bancos. É esse mercado financeiro que atende à elite da Zanu-Pf quando quer recorrer á importação de bens para os seus negócios.
Gono é considerado um dos indefectíveis de Mugabe. Recebe-o com muita regularidade, por vezes em privado, e deposita nele uma confiança traduzida na completa liberdade de acção que lhe dá relativamente às políticas destinadas a lidar com a inflação galopante.

(Xavier de Figueiredo)

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