sexta-feira, 20 de junho de 2008

Desmond Tutu apela para demissão do chefe do Regime de Harare


… e pede uma força de manutenção da Paz da ONU para estar no terreno antes da realização da 2.ª volta das presidenciais“O regime de Mugabe transformou-se num horrendo pesadelo”Uma das mais influentes personalidades africanas volta a levantar a sua voz e a juntar-se ao coro de protestos face à aberrante situação que actualmente se vive no vizinho Zimbabwe. Trata-se de novo do Prémio Nobel da Paz, Desmond Tutu, que agora no decurso de uma cerimónia religiosa realizada na passada segunda-feira em Londres, disse que o chefe do regime da ZANU-PF devia demitir-se.Para o antigo arcebispo anglicano da Cidade do Cabo, “o regime de Mugabe transformou-se num horrendo pesadelo”.



Tutu apelou às Nações Unidas para que enviem uma força de manutenção da paz para o Zimbabwe a fim de supervisionar a segunda volta das eleições presidenciais agendadas para 27 do corrente. Em princípio, as eleições serão contestadas pelo líder do maior partido da oposição, Morgan Tsvangirai, e o chefe do regime da ZANU-PF. Trata-se de uma contenda de desiguais, em que um dos candidatos, usando e abusando das prerrogativas que o há muito usurpado título de chefe de Estado lhe confere, não olha a meios para viciar as eleições à partida.

Ele utiliza as instrumentalizadas forças de segurança nacionais que, com o apoio da sua milícia privada, intimidam aldeões, prendem e raptam simpatizantes e apoiantes do candidato da oposição, e assassinam com impunidade figuras chave do Movimento para a Mudança Democrática numa derradeira tentativa de impedir que a esmagadora maioria de um eleitorado que lhe é desfavorável se dirija pacificamente às assembleias de voto para aí, serenamente, depositarem nas urnas os boletins contendo a efígie cruzada do líder do MDC. Desmond Tutu associa-se assim mais uma vez à consciente da onda de protestos que se vai avolumando mundo fora, graças à posição firme e coerente de académicos, intelectuais, clérigos de todas as denominações religiosas, estudantes, jornalistas e políticos.

A atitude desta importante conceituada personalidade que foi uma das vozes mais activas contra o regime do «apartheid» na África do Sul, contrasta com a indecorosa atitude complacente de dirigentes que, em vez de se entrincheirarem ao lado das vítimas da fraude, passeiam em locais públicos de mãos dadas com o detestado déspota ou enviam apaniguados da sua corte em missões de observação com o intuito de carimbarem a burla anunciada e assim perpetuarem a irmandade da camaradagem da “árdua luta” pelas benesses, pelo compadrio e pela transformação dos OGE em manjedoura de clientelas partidárias.
(Redacção / Catholic Information Service for Africa)

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