sexta-feira, 20 de junho de 2008

Graça Machel responsabiliza excesso de imigrantes ilegais pela xenofobia na África do Sul


A presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel, considerou esta terça-feira "insuportável" o excessivo número de imigrantes ilegais na África do Sul, responsabilizando esse êxodo de estrangeiros pela onda de xenofobia naquele país. Mais de 60 estrangeiros foram mortos em ataques contra estrangeiros na África do Sul, que eclodiram no início da segunda semana de Maio, e forçaram também à fuga de milhares de estrangeiros para centros de acolhimento naquele país e para estados vizinhos.

Falando hoje em Maputo num encontro sobre as causas da xenofobia na África do Sul, que reúne diversas organizações da sociedade civil da África Austral, Graça Machel, viúva do primeiro chefe de Estado moçambicano, Samora Machel, e actual mulher do primeiro Presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, afirmou que "a África Austral está a sangrar", devido à intolerância xenófoba na África do Sul.

Realçando que "nenhum país suportaria a entrada de repente de quatro milhões de imigrantes ilegais", que fugiram da grave crise económica e política no Zimbabué para a África do Sul, Graça Machel afirmou que "a entrada de muitos estrangeiros pobres neste país tornou as condições de vida mais desumanas do que já eram para a própria população pobre sul-africana, levando à rejeição dos estrangeiros e à onda de ataques xenófobos". "De repente, acordámos chocados e admirados, sem podermos reagir com a cabeça, mas com emoção, a uma onda de ódio, a uma onda de rejeição, de intolerância e mesmo de brutalidade", sublinhou Machel.

A abolição de vistos entre a África do Sul, o país mais forte economicamente em África, e a maioria dos estados da África Austral, incluindo Moçambique, também fez disparar o número de estrangeiros que procuram melhores condições de vida naquele país, tornando mais feroz a concorrência com os nacionais pelo emprego e acesso aos programas de reinserção social das comunidades pobres naquele país, acrescentou a presidente da FDC, uma das vozes mais respeitadas em África.

Entretanto, uma representante da comunidade de imigrantes moçambicanos na África do Sul, Laura Chambisse, disse hoje em Maputo que cerca de 35 corpos de moçambicanos mortos na sequência da violência xenófoba na África estão ainda por reclamar em hospitais sul-africanos, apesar de oficialmente apenas 17 moçambicanos terem morrido na onda de ataques aos estrangeiros. Chambisse deu essa informação à chegada de dois cadáveres de moçambicanos assassinados na África do Sul, elevando para nove o número de vítimas já transladadas para o país, na sequência da perseguição aos estrangeiros naquele país.

Fonte:RTP

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