segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Fim do Cafe Continental


O CAFÉ Continental, uma das referências entre as casas de pasto na baixa da cidade, foi ontem forçado a fechar as suas portas ao público em consequência da penhora de parte dos seus bens a favor de um ex-empregado daquela casa, de nome Obadias Langa, de 60 anos de idade, que terá sido em 2002 expulso injustamente. A penhora de bens foi decidida pelo Tribunal Supremo, que validou a decisão do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, pela incapacidade de o “Continental” pagar uma indemnização a Langa, cujo valor entretanto não foi revelado.
Não se sabe quando é que o Café voltará a reabrir, mas no local a nossa Reportagem testemunhou a retirada de todas as cadeiras e mesas da esplanada e do interior do “Continental” e ainda amassadores de bolos e pão, o que deixou o local num ambiente de abandono.


Em pleno decurso da operação, era ainda possível ver alguns bolos, refrigerantes e sumos nalgumas prateleiras, enquanto Obadias Langa e os seus filhos, na companhia de alguns familiares e com alguns agentes de diligências do tribunal, procediam a retirada dos haveres ante a expectativa geral dos clientes-residentes do café.


Este caso registou-se pouco depois das 11 horas, portanto, com a hora do almoço a aproximar-se. Esta situação acabou embaraçando os habituais frequentadores, pois foram apanhados em contra-pé pela decisão judicial, quando para lá se dirigiam com o intuito de tomar o seu café ou alguma refeição.


O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo obrigou a gerência do Café Continental a indemnizar Obadias Langa, que trabalhou naquele restaurante durante 30 anos e que em 2002 foi expulso pela sua gerente, Helena Pinto, acusado de roubo de um telefone celular de um cliente, que acabou sendo encontrado, uma vez que o telemóvel tinha sido guardado no estabelecimento e não furtado como alegava a gerente. Aliás, Obadias Langa disse ainda que, como supervisor-chefe do café, a sua função era também zelar pelos bens dos colegas e, sobretudo, dos clientes, muitas vezes esquecidos depois de uma refeição.


Langa disse ao nosso Jornal no local que ainda tentou explicar que a acusação que lhe era feita não constituía verdade, porém as suas palavras não foram tidas em conta, uma vez que Helena Pinto entendia que, mesmo passados 30 anos de serviço, ele agira premeditadamente, daí não haver recurso, não obstante o telefone ter sido encontrado.


Terá sido por falta de consenso entre ambos que ele remeteu o caso ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. O processo rolou pelos corredores durante cinco anos, sendo que, depois de julgado em 2007, o Tribunal entendeu que ele tinha razão e, portanto, a gerência do Café Continental devia indemnizar Obadias Langa.


Na sequência dessa decisão, Helena Pinto, segundo contou a nossa fonte, teria recorrido ao Tribunal Supremo, que também validou a decisão do Tribunal da Cidade, sendo que, o café devia indemnizar o ex-empregado.


Terá sido pela incapacidade de pagamento em tempo útil que as instituições de Justiça decidiram pela penhora de parte dos bens daquela casa de pasto.
Entretanto, tentativas de ouvir a posição da gerente do “Continental” sobre este caso não produziram nenhuns resultados, havendo expectativas que isso possa acontecer no desenrolar do caso.


Obadias Langa


CINCO MESES SEM SALÁRIO
Entretanto, o nosso Jornal soube que os 135 trabalhadores do Café Continental estão há mais de cinco meses sem auferirem os seus ordenados. A última vez que os trabalhadores receberam foi em Dezembro último, tendo-lhes sido paga uma parte em Janeiro. Porém, de lá até nunca mais cá receberam algo.


Alguns trabalhadores disseram ter remetido o caso à Inspecção-Geral do Trabalho, que no mês passado para lá se dirigiu, porém nada informou aos trabalhadores sobre as conclusões do encontro.


Sobre o caso de Obadias Langa, os trabalhadores do “Continental” dizem ter tomado conhecimento não por parte da sua gerente, mas do próprio ex-colega que, mesmo passado tanto tempo, com ele sempre estabeleceram uma relação de cortesia e amizade.
Com esta situação os trabalhadores dizem que o futuro é cada vez mais sombrio.


Francisco Manjate
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Um comentário:

Anônimo disse...

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