quarta-feira, 30 de abril de 2008

Assassinado a sete anos

Siba-Siba Macuacua


A FAMÍLIA de António Siba-Siba Macuácua, ex-PCA do Banco Austral, assassinado a 11 de Agosto de 2001, quando estava a tentar recuperar o crédito mal parado do banco, queixa-se do facto do Governo e doadores incidirem as suas acções na tentativa de recuperar o crédito mal parado do banco, relegando para o segundo plano as investigações do crime. Num comunicado tornado público há dias e que leva a chancela da viúva Aquina Manjate e família, estes lamentam o facto de o Governo e os doadores trocarem informação sobre os níveis de recuperação desse crédito mal parado, mas a questão central, o assassinato, tem sido posta de parte.


Siba-Siba Macuácua, ex-funcionário do Banco de Moçambique, indicado para dirigir o processo de saneamento do Banco Austral em 2001, foi assassinado friamente a 11 de Agosto daquele ano, financeira.
No dia do seu assassinato, o ex-PCA encontrava-se no seu local de trabalho, tendo sido jogado do 15º andar por um grupo de desconhecidos ainda a monte.
No comunicado, os signatários explicam que a questão do Banco Austral tem estado na agenda do Diálogo Político entre o Governo e os doadores e, em Setembro de 2006, um grupo de trabalho conjunto foi estabelecido para discussão dos próximos passos. Mas a preocupação do Governo e dos doadores, lê-se no documento, incide apenas sobre a recuperação do crédito mal parado, ignorando completamente a investigação sobre o assassinato.

O diálogo político, segundo escreve a família do malogrado, realiza-se no quadro da revisão conjunta anual entre as duas partes, a qual serve para avaliar o desempenho do Governo na implementação do Plano de Acção para a redução da pobreza. Na esteira dessa revisão conjunta, o Governo e os doadores trocam informação sobre os níveis de recuperação do crédito mal parado, mas a questão central, o assassinato, tem sido posta de parte.

Na presente revisão conjunta, iniciada em Março e com término previsto para 30 de Abril de 2008, o Governo já forneceu aos doadores informação sobre o estágio da recuperação do crédito.
“Mas sobre o assassinato não tem havido informação sobre o curso das investigações. Este silêncio é repugnante, tanto mais que o tempo vai passando e eventuais pistas para a descoberta dos responsáveis pelo hediondo crime vão se apagando”, lê-se a dado passo do comunicado.

Na sexta-feira, dia 25 de Abril, o Governo e os doadores juntaram-se em mais um diálogo político, onde discutiram questões sensíveis no quadro do apoio orçamental. “O caso Banco Austral não se resume a dinheiro, teve uma dimensão social muito grave que foi a perda de um pai de família”.
Em Agosto deste ano vão passar-se sete anos desde o assassinato de António Siba-Siba Macuácua. A Polícia volta a dizer que pouco ou quase nada andou no capítulo das investigações.

O Banco Austral foi privatizado em 1997, mas foi alvo de fraudes e de créditos mal parados na ordem dos 150 milhões de USD. Em 2001, o Banco Austral voltou ao controlo do Estado e António Siba-Siba Macuácua foi indicado para retirar o banco do caos.
O único e considerado grande passo dado, segundo a família, foi a realização de uma Auditoria Forense em 2005, sob pressão dos doadores que canalizam fundos directamente ao Orçamento do Estado. A auditoria, segundo explicam, trouxe elementos importantes para a responsabilização criminal da gestão danosa do banco e pistas para a clarificação do crime. Mas, conforme apontam, a investigação está a correr de forma muito lenta.


Quarta-Feira, 30 de Abril de 2008:: Notícias

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