Embora o regime de Harare tenha desmentido notícias veiculadas pela imprensa independente, e reiteradas ontem em Maputo pelo presidente do MDC, Morgan Tsvangirai, reportando casos de tortura, dados divulgados pela Associação de Médicos pelos Direitos Humanos do Zimbabwe (ZADHR) provam a autenticidade das denúncias. Num comunicado, a ZADHR refere que entre 29 de Marco, data em que se realizaram as eleições no Zimbabwe, e o dia 14 de Abril, membros daquela associação haviam tratado 157 casos de ferimentos resultantes de violência e tortura. Até às 12 horas do dia 15 de Abril, acrescenta o comunicado, 30 dos pacientes ainda se encontravam hospitalizados. Um terço dos pacientes é constituído por mulheres, incluindo uma rapariga de 15 anos que foi raptada, juntamente com a mãe, e forçada a deitar-se de barriga para baixo, tendo depois sido chamboqueada nas nádegas.
A mãe, que se encontra grávida, sofreu as mesmas sevícias, e tal como a filha teve de ficar internada num hospital. Referindo-se às províncias onde se têm registado casos de tortura, a ZADHR cita Manicaland, que faz fronteira com Moçambique, Mashonaland Oriental, Mashonaland Ocidental e Masvingo. As 30 vítimas que se encontram hospitalizadas são originárias da região de Mudzi.
O ferimento mais comum observado pelos médicos filiados na ZADHR situava-se na zona das nádegas, com a particularidade de mostrar tecido extensivamente macio o que resulta de agressão prolongada com recurso a objecto rijo e contundente. O sinal mais visível é a presença de contusões em áreas extensas, ocorrendo ainda danos substanciais dos tecidos sob a pele, incluindo os músculos. Este tipo de destruição do tecido muscular, salienta o comunicado da ZADHR, pode causar graves problemas renais. A ZADHR acrescenta que nove pacientes sofreram fracturas (ossos partidos), quase todos eles dos braços (cúbito e/ou rádio) e/ou das mãos (metacarpos e/ou falanges).
Um homem que foi observado pelo pessoal da ZADHR tinha múltiplas escoriações nas costas, fracturas no rádio direito e esquerdo, no cúbito esquerdo, e no terceiro e quarto metacarpos da mão direita. Estas fracturas são típicas de “ferimentos em defesa”, quando uma vítima ergue as mãos e os braços para proteger a face ou a parte superior do corpo durante uma agressão física. Um outro paciente tinha uma fractura exposta na perna (tíbia), resultante de agressão com objecto contundente sobre todas as partes do corpo.
(Redacção / www.kubatana.net)
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