quinta-feira, 10 de abril de 2008

Eleições zimbabweanas na agenda da SADC

A COMUNIDADE para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que tem agendada para amanhã uma sessão extraordinária, poderá pronunciar-se sobre o processo eleitoral zimbabweano, segundo noticiou a LUSA, citando o Ministro angolano do Interior, Roberto Leal Monteiro “Nongo”.

O governante, que remeteu quaisquer declarações sobre o assunto a este fórum, falava à margem do encontro de Ministros do Interior da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a decorrer na capital portuguesa, Lisboa.
Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, que não revelou o local da reunião da SADC, nem os seus participantes, lembrou, segundo a Lusa, que quando das eleições em Moçambique, os resultados demoraram 15 dias a ser divulgados e “ninguém na comunidade internacional questionou esses quinze dias”.

A missão de observadores da SADC às eleições gerais de 29 de Março no Zimbabwe foi chefiada pelo Ministro da Juventude e Desportos de Angola, Marcos Barrica.
A missão, a maior de sempre da organização, com 163 membros, de 11 dos 14 países da região, acompanhou a campanha, a votação e o processo de contagem de votos para concluir que, apesar dos problemas verificados e participados pelas partes interessadas, o acto eleitoral reflecte a vontade do povo do Zimbabwe e, como tal, deverá ser aceite pelos candidatos aos vários órgãos de poder: presidência, governo, parlamento e autoridades locais.

De acordo com os resultados definitivos divulgados pela Comissão Eleitoral do Zimbabwe, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), principal partido da oposição, obteve 109 dos 210 lugares no parlamento, enquanto a União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF), até agora no poder, só conseguiu 97. Onze dias após as eleições ainda é desconhecido o resultado das presidenciais, mas a oposição já reclamou vitória, afirmando que o candidato do MDC, Morgan Tsvangirai, obteve 50,3 por cento dos votos e atribuiu 43,8 por cento ao Presidente Robert Mugabe, no poder desde a independência do Zimbabwe, em 1980.
O Governo, apesar de não divulgar resultados, mantém a ideia de que será necessária uma segunda volta eleitoral, que deverá realizar-se 21 dias após a primeira se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta.

Ontem, a BBC-Brasil noticiou que o MDC está numa ofensiva diplomática para forçar o Governo a divulgar os resultados das presidenciais. Neste contexto, o líder do partido, Morgan Tsvangirai, está a contactar os líderes dos países da África Austral, a quem pede ajuda, alegadamente para prevenir que o Zimbabwe entre num caos político.

Segundo a BBC, Tsvangirai - que já se encontrou com o Presidente do Botswana - disse que vai viajar também para Moçambique e para a Zâmbia, que actualmente detém a presidência da SADC. Na terça-feira, Tsvangirai encontrou-se com o líder do partido no poder na África do Sul, Jacob Zuma, do Congresso Nacional Africano (ANC), que criticou o atraso na publicação dos resultados das eleições presidenciais.

De acordo com a BBC, Zuma criticou a comissão de eleições do Zimbabwe por fazer esperar o povo zimbabweano e a comunidade internacional, sem resultados das presidenciais.
Um correspondente da BBC na África do Sul fez notar que os comentários de Zuma chocam-se com os do Presidente Thabo Mbeki, que disse que a situação no Zimbabwe pode ser “gerida” e que devemos continuar a esperar pela divulgação dos resultados.

O MDC está a tentar persuadir os vizinhos do Zimbabwe a tomarem uma posição pública e a exigir a divulgação dos resultados das eleições presidenciais o mais breve possível.

Maputo, Quinta-Feira, 10 de Abril de 2008:: Notícias

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