segunda-feira, 19 de maio de 2008

Confrontos no Sudão afastam ONU

Rosto da Inocencia. Crianca Sudanesa em Abu Shouk

AS Nações Unidas retiraram ontem o seu “pessoal não essencial” da localidade sudanesa de Abyei. A medida segue-se a um dia de confrontos entre as forças do governo e os antigos rebeldes do sul do Sudão. Um porta-voz da ONU, Khaled Mansour, disse ontem à BBC que dois soldados foram mortos em ambos os lados do conflito.

Três anos depois da assinatura de um acordo de paz, ainda falta estabelecer uma administração na região rica em petróleo que é reivindicada tanto pelo norte como pelo sul do Sudão. Mansour disse que se não for implementada imediatamente uma administração interina, todo o acordo de paz estará ameaçado.


Soldado Governamental morto na ofensiva rebelde junto a fronteira entre o Sudao e o Chad

A guerra civil de duas décadas entre o norte e o sul provocou cerca de um milhão e quinhentos mil mortos.
Segundo Mansour, esta é uma das questões mais graves que o acordo de paz enfrenta e que, devido a este desentendimento, a localidade tem falta de serviços básicos.
Como parte do acordo de paz de 2005, o sul deve votar num referendo previsto para 2011 se quer ou não independência do norte do Sudão.

Um residente local disse à BBC que a zona do mercado tinha sido atingida por morteiros, mas que a situação acalmou durante a noite passada.
O responsável pela missão de paz das Nações Unidas, Jean-Marie Guehenno, alertou o Conselho de Segurança de uma escalada alarmante na violência da região de Darfur, reconhecendo que a força de paz ali estacionada não se encontra devidamente equipada para conter a crise.
Descreveu o recente ataque a Cartum pelos rebeldes de Darfur como um desenvolvimento bastante perturbador e que demonstrava que a força da ONU não tem meios para efectuar um reconhecimento aéreo. Apelou a todos os envolvidos nos confrontos para exercerem contenção.
"Há mais 150 mil deslocados desde o início do ano. É bastante crucial que todos abandonem o caminho da violência e respeitem a lei humanitária", exortou.

Guehenno acrescentou que está muito preocupado com a possibilidade de mais violência e que todos os envolvidos devem escolher o caminho da negociação política e não o uso da força. Acrescentou estar preocupado com informações não confirmadas de que uma força rebelde está a ameaçar a capital do norte de Darfur, El Fasher, onde os militares das Nações Unidas estão sediados.

Soldados mortos na ofensiva rebelde

O responsável pela missão de paz da ONU vai deixar o cargo no próximo mês. Disse que, durante o ano passado, a situação em Darfur tornou-se muito mais complexa e as probabilidades de paz são cada vez mais remotas.

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