segunda-feira, 19 de maio de 2008

ZEC adia segunda volta por 90 dias



A COMISSÃO Eleitoral zimbabweana (ZEC) adiou ontem por 90 dias a segunda volta das presidenciais, que se deverá realizar o mais tardar a 31 de Julho.

“O prazo no qual deverá decorrer a segunda volta das presidenciais foi prorrogado de 21 para 90 dias a partir da data de divulgação dos resultados da primeira volta”, no passado dia 2, salienta um documento publicado ontem no boletim oficial do país.
Os resultados da primeira volta das presidenciais foram anunciados cinco semanas depois do escrutínio de 29 de Março e deram a vitória ao líder da oposição, Morgan Tsvangirai, 56 anos, sobre Robert Mugabe, 84 anos e consecutivamente no poder desde 1980.

Mas Tsvangirai, chefe do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), com 47,9 por cento dos votos, não alcançou a maioria absoluta necessária para evitar a segunda volta, deixando para trás Mugabe, que obteve 43,2 por cento.

O presidente da comissão eleitoral, George Chiweshe, declarou sem qualquer justificação adicional que a segunda volta das presidenciais está adiada.
O MDC reagiu de imediato, classificando a decisão da ZEC de “ilegal”.



Nelson Chamisa, porta-voz do MDC, foi mais longe, rotulando a decisão de “escandalosa e criminosa”, porque, nos próximos 90 dias, o regime de Mugabe terá oportunidade de continuar a campanha de intimidação da oposição, com mais “espancamentos, destruições e assassínios”.
Para Chamisa, a ZEC só recontou os votos da primeira volta das presidenciais em 23 das 210 circunscrições do país e o que agora está em causa é o ressuscitar da União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF), de Mugabe. “Fica confirmado que a ZEC não é independente e está controlada pela ZANU-PF”, frisou.

Tsvangirai - cujo MDC venceu as legislativas concomitantes com a primeira volta das presidenciais zimbabweanas - está entretanto “exilado” na vizinha África do Sul, de onde tem tentado granjear apoios de dirigentes africanos.
Desde 29 de Março foram detidas centenas de pessoas e 32 militantes da oposição perderam a vida, acusa o MDC, que destaca também os muitos feridos e milhares de deslocados em consequência do terror lançado pelos milicianos de Mugabe.

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