sexta-feira, 23 de maio de 2008

Fugindo da violência xenófoba na RAS: Mais de 300 moçambicanos esperados hoje em Maputo


UM total de 332 cidadãos moçambicanos vítimas das manifestações xenófobas nos subúrbios de Gauteng, na África do Sul, deverão chegar esta manhã a Maputo, através da fronteira de Ressano Garcia, numa operação organizada pelo Governo do nosso país. Um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MNEC) recebido ontem na nossa Redacção indica que o grupo hoje esperado manifestou o desejo de regressar ao país na sequência da violência contra estrangeiros que se vem registando nalgumas regiões da cidade de Joanesburgo.

Com vista a operacionalizar este regresso, o Consulado-Geral de Moçambique em Joanesburgo alugou vários autocarros que transportarão os referidos cidadãos, cuja chegada estava inicialmente prevista para a tarde de ontem, mais viria a ser adiada por razões operativas.
Na mesma ocasião, deverão ser transladados para o país os corpos de quatro moçambicanos mortos em Germiston na sequência das referidas manifestações violentas, que, desde a sua eclosão, há cerca de uma semana, já causaram mais de 20 mortes entre cidadãos originários de vários países da região, incluindo Moçambique.



No seu comunicado, o MNEC refere que o Governo está a estudar a melhor forma de receber os regressados, uma vez que muitos deles perderam todos os seus haveres devido à violência e fuga precipitada das regiões de conflito.
A operação de hoje surge como resposta das autoridades ao desejo de regressar ao país que já vinha sendo manifestado por alguns moçambicanos radicados na África do Sul, uma vez que, embora condenando as manifestações, o Executivo sul-africano ainda não se mostrou disponível a promover o repatriamento de nenhum cidadão estrangeiro.

A maioria dos cidadãos que hoje regressam ao país permaneceu acomodada em tendas providenciadas pela Cruz Vermelha sul-africana e esquadras da Polícia na região de Alexandra.
Segundo relatos divulgadas pela Imprensa sul-africana, alguns detidos em conexão com estas manifestações violentas confessaram à Polícia terem sido contratados e pagos para matar cidadãos estrangeiros nos subúrbios de Joanesburgo. Ainda ontem, e apesar da forte presença policial nos bairros suburbanos, muitas casas de construção precária pertencentes a estrangeiros continuavam a arder em regiões como Alexandra, onde, em contrapartida, as erguidas em material convencional eram imediatamente ocupadas após a fuga dos respectivos donos.

Segundo dados apurados pela nossa Reportagem, os grupos atacantes, munidos de paus, catanas, facas e outros objectos contundentes, recusam-se a refrear os seus ânimos, apesar dos insistentes apelos das autoridades. Pelo contrário, ameaçam agora carregar sobre a zona de Tembissa, outra das regiões onde vive uma grande comunidade de moçambicanos.


STANDARD BANK DOA 3 MILHÕES DE RANDES

Entretanto, o Standard Bank fez uma doação no valor de três milhões de randes (10 milhões de meticais) à Cruz Vermelha da África do Sul para apoio às vítimas da xenofobia.
A revelação foi feita ontem, em Joanesburgo, pelo administrador executivo do banco, Jacko Maree, para quem “como uma organização, o Standard Bank condena a violência deplorável, resultante da intolerância xenófoba na África do Sul”. Acrescentou que “o sofrimento humano resultante destes actos afecta-nos a todos, e gostaríamos de manifestar a nossa mais profunda simpatia e preocupação para com aqueles que foram directamente afectados por estes acontecimentos. Estamos tristes com o sofrimento das vítimas desses actos revoltantes”.

Fonte: Jornal Noticias

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