A onda de xenofobia registada na África do Sul é uma demonstração de que “a intolerância provocada pela pobreza estendesse e se agrava no mundo”, afirmou ontem o alto-comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres.
Os graves ataques xenófobos registados há uma semana em Joanesburgo e nos seus arredores, contra os imigrantes de outros países africanos, principalmente do vizinho Zimbabwe, provocaram pelo menos 24 mortes, além de milhares de deslocados. Guterres advertiu que situações como essa podem repetir se “em qualquer lugar e momento, em países industrializados ou em desenvolvimento” e defendeu que a maneira mais eficaz de a evitar é “criar condições de vida melhores para os pobres”. Como medidas mais imediatas, ressaltou a urgência de atender as vítimas dos ataques e também melhorar a capacidade da polícia e da Justiça para responder a situações deste tipo. Além disso, defendeu a necessidade de que as autoridades e as organizações da sociedade civil se unam numa campanha para a promoção da tolerância na África do Sul.
Aos jornalistas, o alto-comissário disse que, nos últimos anos, vem sendo consolidada a tendência de diminuição no número de refugiados, enquanto o de deslocados internos cresce. Embora os conflitos armados continuem a ser uma das principais razões para que as pessoas abandonem os seus lares, Guterres disse que a pobreza extrema e a mudança climática transformaram/se em outras grandes causas da movimentação da população. “A combinação desses três factores está a provocar o desgaste da tolerância dentro das comunidades e entre elas. Isso é o que está a acontecer na África do Sul”, concluiu. No entanto, o responsável do ACNUR - a maior agência humanitária das Nações Unidas - esclareceu que este “é um problema mundial”.
Diante do surgimento da pobreza e da degradação do meio ambiente como causa de deslocamentos, Guterres disse que a comunidade internacional precisa de desenvolver “novos instrumentos jurídicos” que abranjam esses problemas. Ele afirmou ainda que um mecanismo que pudesse oferecer protecção temporária a uma pessoa ao contrário de uma protecção a longo prazo, como a que é vista para esses refugiados poderia ser uma alternativa válida.
Fonte:Jornal de Angola
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