sábado, 7 de junho de 2008

Acordo ortográfico cria-me confusão (2)


A nossa entrevistada denuncia o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa como uma bola que está a ser jogada a dois eixos do Atlântico: Portugal e Brasil. “É claramente a estes dois países que este assunto interessa. Nós não nos deveríamos concentrar nisso, porque temos muito mais com que nos preocupar. Nós e os outros (países da CPLP, exceptuando lusos e brasileiros) estão a ser arrastados. Quem é que quer ser dono de quem?”, indaga.

“O projecto da lusofonia é do nosso antigo inimigo comum, mas de repente aparece o Brasil com muito mais força, porque tem também os seus interesses. É de facto um jogo de potências para o qual não sei se nós, como moçambicanos, de uma maneira geral, estamos preparados para participarmos nela. Acho que somos demasiado pobres para perdermos energias com isso, quando devemos fazer muito mais”.


Se tivesse que escolher, Paulina Chiziane não defenderia exactamente a manutenção da actual ortografia, “porque aceito o direito que a língua tem para evoluir e não podemos parar no tempo”. Está contra – clarifica – “fazer um acordo porque algum sector acha que se tem que tirar, como já disse, um ‘c’ ou um ‘p’ de determinadas palavras. E contra a atitude dos governantes em embarcar nessa sem a necessária avaliação dos efeitos colaterais”.

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