sexta-feira, 6 de junho de 2008

Nova televisão conotada com círculo do presidente Eduardo dos Santos


Angola está em vias de ter mais um canal de televisão, noticia o «Africa Monitor Intelligence» (AMI). O futuro canal privado de televisão em Angola (Zimbo TV, designação prevista), para cujo lançamento e exploração foi garantida a participação do português José Eduardo Moniz, faz parte de um projecto multimedia conotado com personalidades do círculo do presidente do MPLA e da República de Angola, José Eduardo dos Santos. Segundo o AMI a nova TV angolana deverá estar operacional, na sua plenitude, antes das eleições presidenciais de 2010.
José Eduardo Moniz aceitou participar no projecto no seguimento de contactos que incluíram pelo menos duas viagens a Luanda, diz o jornal que estamos a citar. Refere Xavier de Figueiredo que o principal interlocutor de José Eduardo Moniz foi o General M. H. Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa Militar do Presidente da República Eduardo dos Santos, animador do projecto e supostamente um dos investidores. Outro é o porta-voz presidencial, Aldemiro Vaz da Conceição. A participação de Moniz no projecto (consultoria e acompanhamento), é feita em associação com Bernardo Bairrão, administrador da NBP, conforme sua sugestão. Ambos constituíram para o efeito uma empresa, a “Dynamic”, da qual também faz parte Fernando Maia Cerqueira. Diz ainda o AMI que não está apurado se a TVI, estação de tv privada portuguesa, tem ou poderá vir a ter participação no projecto.
A empresa angolana criada para promover o projecto multimedia, no seu conjunto, é a «Medianova». Além do canal televisivo (existência ainda dependente de uma alteração de legislação que veda o exercício da actividade a privados), está prevista uma emissora de rádio, um jornal diário, dois semanários e duas revistas temáticas. Dois jornalistas veteranos, ambos nascidos em Angola, Manuel Ricardo Ferreira e Carlos Blanco, encontram-se em Luanda contratados para trabalhar no âmbito do lançamento do projecto. FM Cerqueira, sócio de João Líbano Monteiro, dono de uma empresa de comunicação, também prevê instalar-se em Luanda. O projecto da Medianova remonta a fins de 2006.
Para Janeiro de 2007 chegou a estar previsto o lançamento do jornal diário, «Diário de Angola», bem como do semanário. Estavam então em fase de acabamento instalações próprias, no Cacuaco – entretanto concluídas e já equipadas (rotativa francesa de grande capacidade). À data, os dinamizadores do projecto eram já o General M. H. Vieira Dias “Kopelipa” e A.V. da Conceição. Mas, na qualidade de investidores, estavam ligados ao mesmo várias personalidades do regime, entre as quais o actual CEMGFA, General Francisco Pereira Furtado e o seu adjunto, General Sachipengo Nunda. Lopo do Nascimento e o antigo CEMGFA, Gen. João de Matos, convidados a participar com investidores, ter-se-ão escusado, refere o AMI. O principal administrador da Medianova era Mário Inglês, um engenheiro formado em petróleos nos EUA, com ligações estreitas a José Eduardo dos Santos (JES).
Para lançar os projectos jornalísticos previstos para 2007 a Medianova contratou, como DG de Publicações, o jornalista luso-angolano Artur Queirós, então a residir em Portugal. Por sugestão do mesmo foram recrutados outros 10 profissionais da comunicação social portugueses. A contratação de A. Queirós e dos restantes profissionais (Hernani Carvalho, Miguel Braga, Gizela Coelho, Dulce Rodrigues, entre outros), deu azo a celeuma de inspiração xenófoba na imprensa privada angolana. Por reflexo disso A.Queirós desligou-se do projecto e nenhum dos outros profissionais chegou a partir para Luanda.
As vicissitudes que afectaram o arranque dos projectos iniciais da Medianova, diz o «Africa Monitor Intelligence» são atribuídas a obstruções e a atitudes de má vontade do MPLA, na pessoa do secretário para a Informação, Kwata Kanaua. O ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais, muito ligado àquele, chegou a recusar a inscrição da Medianova como empresa jornalística. O MPLA, embora indirectamente, apareceu já em 2008 ligado ao lançamento de um novo semanário, Novo Jornal, em cuja empresa proprietária o BESA tem uma participação societária. O administrador da mesma, em representação do BESA, é um quadro angolano com funções de administrador da Escom, Eugénio Neto. A.Queirós é actualmente assessor do DG do Jornal de Angola, José Ribeiro.
O Jornal de Angola é, na prática, controlado pela PR, através do porta-voz, A.V. da Conceição. Ultimamente, o Gen. M. H. Vieira Dias “Kopelipa” promoveu ou ajudou a promover o lançamento de alguns jornais privados – Independente, Visão e Factual.
(Redacção / «Africa Monitor Intelligence»)

Nenhum comentário: