sexta-feira, 6 de junho de 2008

Para tirar África da pobreza: Jesse Jackson propõe um “Plano Marshall”


A VIII Cimeira Leon Sullivan sobre o Desenvolvimento de África, promovida pelos afro-americanos, coloca o Continente Africano no topo da sua agenda de investimentos, isto a avaliar pelo conteúdo das intervenções que estão a ser apresentadas pelos intervenientes nos debates. Tal como referimos já, trata-se este de um fórum que homenageia as obras do seu patrono, o reverendo norte-americano Leon Sullivan, que morreu em 2001, vítima de doença, e que em vida se dedicou à mobilização de apoio multiforme à causa dos povos, nomeadamente do Continente aAfricano. Este ano o país anfitrião do fórum é a Tanzania, mais precisamente a cidade de Arusha.

Prosseguindo os nobres ideais de Sullivan, influentes figuras e companhias multinacionais dos Estados Unidos da América continuam a promover estes encontros, de dois em dois anos, prioritariamente nos países africanos.
Foi na esteira do pensamento do falecido humanista que o reverendo Jesse Jackson avançou, por exemplo, nos debates de ontem, a proposta da adopção de um “Plano Marshall” para África, à semelhança do que aconteceu na Europa depois da II Guerra Mundial, como forma de tirar de uma vez por todas o continente da situação de extrema pobreza em que se encontra mergulhado.


O líder dos direitos cívicos entende que os actuais níveis de pobreza e carência de condições infra-estruturais exigem das nações mais ricas do mundo uma abordagem mais pragmática e frontal para se erradicar o mal.
As intervenções de outros afro-americanos que acorreram em peso à cimeira de Arusha - mais de mil pessoas - representando diversos segmentos da sociedade americana não fugiram muito ao tom de Jackson. A vontade comum expressa por todos é de tirar África do subdesenvolvimento, restando ainda a difícil saída de como fazer para materializar tal vontade.
Entretanto, o Presidente Armando Guebuza, um dos chefes de Estado que vai participar nesta cimeira, já se encontra em Arusha, onde desembarcou na manhã de ontem, à frente de uma delegação que inclui o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, e outros destacados membros do seu Executivo. A ele se juntará o Ministro do Turismo, Fernando Sumbana, que se encontra há já alguns dias nesta cidade.

Pouco depois da sua chegada, o Presidente manteve um encontro com a Subsecretária norte-americana para os Assuntos Africanos, Benny Newman. Sobre a sua participação na cimeira, sabe-se que deverá tomar parte hoje num painel principal dedicado ao debate sobre o tema “Desenvolvimento das Infra-Estruturas em África”.

Um dos maiores ganhos que poderão sair da cimeira, particularmente para o nosso país, residem na área do turismo, uma vez anunciada a presença de influentes figuras não só da política norte-americana, como também do mundo de negócios e ainda de poderosas companhias multinacionais que podem direccionar o seu investimento para Moçambique. Só para se ter uma ideia, basta dizer que estão em Arusha os patrões da Coca Cola Co., da Chevron Corp, da General Motors, entre outros, tal é a importância que os afro-americanos dispensam ao evento, num claro reconhecimento de que em África nasceram, viveram e morreram os seus ancestrais.
Quanto à participação de chefes de Estado e de Governo africanos, a cimeira não atingiu as expectativas iniciais, pois sós se fazem presentes seis.

ALFREDO MACARINGUE, em Arusha

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