segunda-feira, 14 de julho de 2008

José Norberto apresenta “subjectivismo concreto”


O ARTISTA plástico José Norberto vai expor a partir de sexta-feira a sua exposição individual de pintura intitulada “O Subjectivismo Concreto”. É uma exposição na qual o artista plástico pretende trazer para debate aquilo aquilo que são as soluções dos vários problemas que enfermam a sociedade moçambicana, particularmente a classe dos artistas plásticos.

Conforme explica-se, o grande nó de estrangulamento da actividade artística em Moçambique é a ausência de uma sociedade que cultiva o gosto estético e consome arte com conhecimento de causa. “Como criar esta sociedade”, indaga-se, ao mesmo tempo que avança que o “remédio” desta mazela chama-se “cultura estética, que é o exercício de cultivar o gosto pelas artes”.

Sendo um ponto de vista sobre o que está errado e a perspectiva de soluções no campo cultural, José Norberto refere, num outro prisma, que, por exemplo, a arte africana é conhecida e respeitada pelo seu lado estético recreativo. Deste modo, a sua intenção é fazer com que a arte africana seja respeitada não somente pelo seu lado estético, mas, e sobretudo isso, pela sua estética reflexiva e especulativa. Estas duas dimensões são importantes na medida em que, abraçadas, vão permitir quebrar com um ciclo de séculos em que a Europa sugeria tudo sobre a arte africana.

E a alternativa a isso é encontrada por José Norberto naquilo que ele define como sendo a arte inteligente, factor que obrigará, por outro lado, a Europa também a consumir o que se faz no continente africano.
Contudo, José Norberto afirma que para atingir-se a dimensão da estética reflexiva e especulativa primeiro é preciso que se tenha a noção do que é a arte e o que é cultura. “Existem três formas de arte africana: a arte popular, a arte tradicional e a arte erudita. Nós estamos a fazer actualmente a arte popular e tradicional, e a arte erudita. A arte erudita que é a que os europeus criaram, como é o caso do abstracto, que é o que muito se faz entre nós. Mas a arte reflexiva faz-nos ir para além da assimilação. Aquilo que nos ensinam a fazer, a especulativa é aquela que não se contenta em agir para além da assimilação, diz para além disso, pois sabe que se aprendeu então também pode dar conhecimento, a ciência, porque através da arte é possível dar conhecimento”.

Norberto diz ainda não ser suficiente segundo a sugestão que vem da Europa, mas é necessário visualizar aquilo que ainda não foi visualizado. “E isso é infinito. Para chegar lá basta abrir a mente, e esse processo chama-se cultura estética. E o que é isso senão o exercício de cultivar o gosto pelas artes”, diz.

E essa cultura estética tem que ser ministrada basicamente em dois sentidos: através do ensino e dos meios de comunicação social. Como é que se pode ministrar através do ensino: “com materiais didácticos novos, com uma educação altamente dirigida e sugestiva, com o envolvimento de pedagogos, artistas, restauradores, entre outras figuras que é para fazer a cabeça das crianças aprenderem tudo isso. Porque, como tenho dito, os três pilares da educação são a instrução, que ensina a fazer; a educação, que ensina a respeitar; e é a cultura que ensina a ver”, refere.

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