segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Fornecedor sul-africano de autocarros não cumpre contrato - acusa a empresa pública moçambicana


Boaventura Lipanga porta-voz dos TPM (Transportes Públicos de Maputo) diz que a empresa está perplexa com a situação e que neste momento nada pode fazer senão “esperar para ver, porque o contrato de fornecimento devia terminar em finais de Outubro próximo”.

A empresa sul africana que ganhou o concurso para fornecer os cem (100) autocarros ao Estado Moçambicano a encomenda colocada pelo governo para reforçar a frota da empresa Transportes Públicos de Maputo (TPU) não esta a cumprir com os lotes de fornecimento previstos no contrato. Segundo disse o assessor de imprensa daquela empresa, Boaventura Lipanga, dos oitenta (80) autocarros que até ao presente momento deviam estar na cidade de Maputo, só foram recebidos trinta (30).
Entretanto, nos TPU acredita-se que apesar do presidente do Conselho de Administração da empresa se ter deslocado à África do Sul para se inteirar do relativo atraso na entrega dos autocarros encomendados, “a empresa fornecedora poderá ainda retardar mais o processo”.
Depois do 5 de Fevereiro que pôs Maputo e Matola em polvorosa com manifestações populares de protesto contra as políticas de transporte ineficientes e soluções até aí desleixadas pelo governo, e numa altura em que centenas de milhares de munícipes destas duas cidades e de uma forma geral de todo o chamado Grande Maputo clamam por transportes urbanos no seu dia a dia, e sobretudo quando se aproxima o 19 de Novembro, data das terceiras eleições autárquicas, o atraso na entrega da encomenda está a preocupar sobremaneira o regime.
Entretanto, apesar do porta-voz da empresa pública de Transportes Públicos de Maputo considerar que com os trinta autocarros novos já em circulação a situação daquela transportadora tender a melhorar no que diz respeito à satisfação da demanda, ele lamentou o facto de a empresa sul-africana que ganhou o concurso para fornecer os autocarros estar a “demorar com o fornecimento”. “Enquanto não chegar o fim do mês de Outubro que é o limite máximo da entrega de todos os autocarros nada podemos dizer. Estamos para ver se o fornecedor vai cumprir ou não com o contrato”, disse a fonte que estamos a citar acrescentando que “o fornecedor só faz promessas”. “Não sabemos como é que ele vai fazer pois há até este momento um deficit de 70 autocarros de todo lote com o agravante de também faltarem dois meses para terminar o prazo estabelecido pelo contrato”, disse indicando ainda que “até o dia 3 de Agosto a empresa fornecedora havia prometido o envio de mais dez autocarros e só mandou quatro”. “Estamos à espera do que vai acontecer terminado o prazo”, acrescentou Boaventura Lipanga, porta-voz dos TPM.
A mesma fonte revelou que o atraso no fornecimento dos autocarros tem estado a adiar os planos da empresa que pretende “alargar as suas rotas e melhorar a situação dos transportes urbanos na Cidade de Maputo”. “Além do mais temos ainda o problema do atraso no melhoramento das vias de acesso para algumas zonas residenciais que precisam de transportes como é o caso da CMC e Magoanine, Bairro dos Pescadores, Mahotas e Guava”, acrescentou a fonte explicando que outrora alguns destes bairros residenciais beneficiaram dos serviços desta transportadora.
O estado das vias e a falta de equipamentos de transporte terá feito com que tivessem sido abandonadas tais rotas, entre outros factores. Instado a pronunciar-se sobre o actual estágio da empresa em termos de manuseamento de passageiros, a fonte revelou-nos que actualmente “a empresa TPM consegue transportar por dia cerca de um milhão e quinhentos mil passageiros (1.500.000) contra um milhão (1.000.000) que transportava antes” da vinda dos novos autocarros. “É natural pois os meios são novos, modernos, e rápidos. A nossa actual estratégia é de apostarmos em dois turnos, isto é, apostamos mais nas horas de ponta em que avançamos com todos os autocarros nas manhãs, quando os cidadãos precisam de meios para irem aos locais de trabalho, e nas tardes, quando querem regressar às suas casas”, disse Lipanga acrescentando que “nos períodos mortos tem-se trabalhado com uma frota normal”, isto é sem a mobilização de todos os machimbombos. “Neste momento a situação melhorou bastante nas horas de ponta apesar de estarmos a trabalhar com os trinta autocarros”, concluiu Boaventura Lipanga porta-voz dos TPM, apesar de o público continuar a queixar-se da falta de transportes.

(Alexandre Luís) (Canal de Moçambique) - 2008-08-20

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