segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O fim da TAAG


Governo aprova programa de saneamento da TAAG
A TAAG - Linhas Aéreas de Angolana vai ser gerida por uma Comissão de Gestão durante um ano. O Conselho de Administração da empresa pública, que era dirigido por Nelson de Jesus Martins, cessou ontem o seu mandato, por decisão do Governo.


Reunido ontem no Palácio Presidencial da Cidade Alta, em Luanda, sob orientação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o Conselho de Ministros aprovou a proposta para a reversão empresarial da TAAG, que passa pela refundação “a partir do zero” da companhia aérea.

O processo de refundação da TAAG, segundo um comunicado de imprensa saído da reunião de ontem do órgão colegial do Governo, deve produzir um “redesenho de base zero” e conceber os planos de migração actual da empresa. Destas operações, segundo o Executivo, vai surgir uma nova TAAG, financeiramente sustentável e assente num serviço de excelência aos passageiros.
O Instituto Nacional de Aviação Civil (INAVIC) também vai ser reestruturado. Ontem, o Conselho de Ministros aprovou um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo para o efeito, depois de ter apreciado o diagnóstico feito sobre a situação actual da instituição e as infra-estruturas de navegação aérea e dos serviços aeroportuários.

O Conselho de Ministros estabelece um plano de emergência para o INAVIC, coordenado pela Comissão Técnica de Reestruturação do Sector do Transporte Aéreo. Aquela instituição vai contratar especialistas externos para apoiar o seu processo de certificação dos operadores e manter contratos com instituições congéneres.

O Governo considera que as demais prioridades do INAVIC passam pela aceleração da realização das restantes iniciativas para a regulação do sector, de acordo com o Plano de Reestruturação do Sector do Transporte Aéreo em Angola. A reunião de ontem, a quarta extraordinária do Conselho de Ministros, analisou especificamente o estado de organização e de funcionamento da TAAG e do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAVIC), adiados na terceira reunião extraordinária, realizada segunda-feira, 10 de Novembro.

De acordo com o ministro dos Transporte, Augusto da Silva Tomás, a comissão vai assegurar a concepção e execução de um “calendário agressivo, mas credível”, que retire a TAAG da lista das companhias aéreas proibidas de voar no espaço aéreo europeu. A TAAG foi incluída na lista negra da União Europeia no dia 4 de Julho de 2007, alegadamente por razões de segurança.

Por: Santos Vilola

Refundação da empresa pública
Um comité de refundação para a TAAG-EP foi ontem criado, em despacho conjunto dos ministros da Economia, Finanças e Transportes, e deve, durante um ano, prorrogável em função do programa, apresentar propostas sobre as mais diversas áreas da companhia. Tutelado pelo Ministério dos Transportes, o Comité do Programa de Refundação da Companhia de Transportes Aéreos de Angola TAAG-EP é coordenado por Adriano António Neto de Carvalho, tendo como adjunto Rui Paulo de Andrade Teles Carreira.
Entre as várias atribuições, cabe ao comité apresentar propostas de concepção de uma estratégia e de uma estrutura organizativa para a nova companhia de bandeira nacional e uma estrutura operacional que assegure uma operação eficiente e de acordo com as normas internacionais, particularmente no capítulo da segurança.
O comité deve ainda conceber medidas e o respectivo cronograma que permitam a retirada da TAAG da lista negra da União Europeia num curto espaço de tempo, elaborar um programa de transformação organizacional, focado na melhoria dos processos de suporte e num plano de transformação dos recursos da TAAG.
O despacho conjunto atribuiu, igualmente, ao comité competências para apresentar propostas ao Ministério dos Transportes, para a selecção de um parceiro estratégico internacional para a TAAG e da revisão do enquadramento das companhias de aviação estatais: TAAG, SONAIR e SAL.Um outro programa que o comité deve conceber é o de refundação da marca. A ideia é que a nova marca transmita a transformação preconizada para a companhia e reflicta o posicionamento desejado.
A equipa deve, igualmente, conceber um quadro de pessoal ajustado à operação e ao desempenho comercial da nova companhia e avançar um programa de libertação do pessoal excedentário, conceber um plano para o reforço da consistência da oferta doméstica da TAAG, através do aumento da utilização da frota actual e da diversificação da frota regional.
A revisão da estrutura da oferta internacional da TAAG, através da diversificação da base de destinos e do aumento de frequências para os principais destinos operados pela companhia, e a concepção de um plano de reforço da performance comercial da TAAG, no mercado angolano e no mercado internacional, constitui outra atribuição do comité que deve, ainda neste capítulo, desenvolver uma estratégia mais sofisticada de preços e de gestão de tarifas.
Durante o mandato, a equipa deve conceber um programa de redução dos custos variáveis, através da melhoria dos processos de contratação de serviços externos, renegociação de contratos e modernização dos aviões mais antigos da frota e um programa de redução profunda dos custos de estrutura, nomeadamente de redução dos custos de pessoal.
O comité, que vai ter orçamento próprio, pode propor ao ministro dos Transportes a contratação de empresas de consultoria para a realização de estudos e projectos técnicos que se mostrem necessários à concretização das suas tarefas. O despacho atribui ainda à equipa liderada por Adriano António Neto de Carvalho competências para propor ao ministro dos Transportes alteração do modelo de governo corporativo da TAAG.
O novo modelo pode ser dualista, separando o órgão de supervisão e o Conselho de Administração.É igualmente sugerido à equipa propostas para contratação de gestores competentes (para o conselho de Administração e para as segundas linhas), nacionais ou expatriados, com currículo relevante, que demonstrem capacidade para reverter a empresa e sólidos conhecimentos na indústria aeronáutica. Para este fim, pode recorrer, se necessário, a empresas de recrutamento de executivos nacionais ou internacionais.

Os novos elementos que vão gerir a companhia
O Governo nomeou ontem os membros da Comissão de Gestão que vai assegurar a continuidade das actividades da TAAG-EP. Nomeada por despacho conjunto dos ministros da Economia, das Finanças e dos Transportes, a equipa é composta por sete elementos e tem como coordenador António Luís Pimentel Araújo. Joaquim Teixeira da Cunha é o coordenador adjunto.
A comissão, que tem um mandato de um ano (podendo ser encurtado ou alargado em função do programa de refundação da companhia), é ainda integrada por Adriano António Neto de Carvalho, Efigénia da Purificação da Silva José Martins, Luís Eduardo dos Santos, Rui Paulo de Andrade Teles Carreira e Domingos Sebastião.
Aos membros nomeados serão distribuídos pelouros, por forma a assegurar o equilíbrio entre a complexidade da TAAG-EP e os grandes desafios que se lhes colocam.
A comissão substitui o conselho de administração que cessou as funções também ontem, por decisão do Conselho de Ministros.

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