segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

“Hospital privatizado” Médico congolês “ditador” no hospital de Gondola Chimoio

O hospital distrital de Gondola, está aparentemente "privatizado" por um médico congolês, Honoré Sumba Kahozi, afecto àquele ponto da província central de Manica assumindo a pasta de médico-chefe. Há muitas acusações feitas pela população daquele distrito devido ao seu “mau desempenho”.

Este é acusado por vários extractos, desde funcionários até doentes, de estar a tomar conta daquele estabelecimento hospitalar, a seu bel-prazer e ao não considerar qualquer ponto de vista vindo de outros colegas seus. Segundo um residente daquele distrito, e por sinal vizinho do hospital, numa quarta feira uma parturiente (sua familiar) “morreu devido a teimosia do médico”.
“Ela (a parturiente) veio para o hospital mal, com dores de parto, e como o parto estivesse complicado, a parteira (na ausência do médico) optou por transferi-la de urgência para o Hospital Provincial de Chimoio, mas o médico viria a mandar regressar a ambulância que já estava a caminho do hospital provincial com a doente…”.
Ainda de acordo com as declarações do nosso interlocutor, a decisão do médico em mandar recuar a ambulância à proveniência fora motivada pelo facto de ninguém na sua ausência estar autorizado a tomar qualquer decisão. Ainda de acordo com a fonte, “regressados ao Hospital Distrital de Gondola, o médico não assistiu aquele parto complicado, tendo de seguida entregue o mesmo trabalho às parteiras e seguiu para a sua residência para almoçar.
Não resistindo às dores, a parturiente viria a morrer no mesmo dia.”. A fonte acrescentou ainda que “uma enfermeira tentou contactá-lo (o medico) telefonicamente, só que fracassou pelo facto deste estar com o telemóvel desligado e fora de casa”. Assim se perdeu uma vida. Ou melhor: duas, contando que estava para nascer um outro ser humano.
Para além deste caso de abuso de poder que levou o médico congolês a ditar a morte de uma parturiente, as nossas fontes revelaram-nos vários exemplos que caracterizam a sua má conduta e querem-no fora do cargo, pois segundo sustentam, a continuar naquela unidade hospitalar “vai transformando paulatinamente o hospital numa coisa privada”.
Governo distrital sem voz
Segundo um trabalhador daquela unidade sanitária, o médico que também é professor de Francês na Escola Secundária Macombe naquele distrito “tem o ar de mandar no hospital como se fosse dele”. Adiante explicou a mesma fonte que “o médico já fora do hospital, manda os alunos do curso nocturno (na sua maioria adultos) varrerem o pátio em caso destes chegarem atrasados às suas aulas e também os violenta com notas baixas”.
O mau ambiente que reina em torno deste médico é agora de tal ordem que tudo serve para o deitar abaixo. “Numa ocasião anterior o médico já mandou passear, o governo distrital quando este necessitava de um dado dos serviços distritais de Saúde, Mulher e Acção Social, pois estes são por ele fornecidos ao invés do director distrital de Saúde, como manda a regra”, conta-nos indignada uma fonte.
“Vezes sem conta, o governo distrital passou vergonha em várias visitas dos governantes superiores, porque há vezes que precisando de dados de saúde não os tiveram, porque o médico não estava presente, e estes estão cativos no seu computador, e quando isso acontece, o governo distrital cruza os braços”, acrescenta uma das fontes.
Na sua chegada ao distrito, o médico era como um "Deus da terra" dada a sua simpatia no atendimento aos doentes, e na sua primeira visita do titular da pasta de saúde, Ivo Garrido, àquele distrito os populares pediram por muito para que o ministro nunca transferisse o seu "Deus" pois, segundo eles, fazia maravilhas na cura dos doentes. Entretanto tudo mudou.
Os trabalhadores do sector da Saúde em Gondola já elaboraram e enviaram uma carta anónima ao titular da pasta de saúde, Paulo Ivo Garrido relatando o mau desempenho do seu médico e o desrespeito protagonizado por ele aos colegas e para a administradora do distrito de Gondola, Catarina Dinis.
Ainda segundo nos disseram, desde a emissão da referida carta, neste segundo trimestre do corrente ano, ainda não veio resposta de nenhum dos destinatários.

Medica-chefe provincial sem palavras
Entretanto, tentamos sobre o assunto contactar via telefone a médica-chefe provincial de Manica, Marília Pugas, a qual não confirmou e nem desmentiu os abusos de poder e arrogância protagonizados pelo seu colega. Pugas disse estar ocupada na ocasião. Alegou que estava a caminho de Changara, na província de Tete.
Na altura prometeu contactar com a nossa reportagem, o que até agora não aconteceu. Quanto ao médico, este nem nos quis atender. Quando soube que somos jornalistas desligou o telefone.

(José Jeco)

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