segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Já não há cólera no Zimbabwe - afirma Mugabe


O PRESIDENTE do Zimbabwe, Robert Mugabe, afirmou ontem que "já não há cólera" no seu país, porque os médicos controlaram a epidemia, apesar de a ONU ter referido quarta-feira a morte de 800 pessoas

."Tenho o prazer de anunciar que os nossos médicos, auxiliados por outros e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), conseguiram domar a epidemia. (...) Por isso já não há cólera", afirmou Mugabe num discurso emitido pela televisão, citado pela agência Lusa.

Segundo a fonte, o Presidente do Zimbabwe denunciou os apelos do Primeiro-Ministro britânico, Gordon Brown, e do Presidente norte-americano, George W. Bush, para que o Chefe do Estado zimbabweano se demita.

"Por causa da cólera, Brown quer a intervenção militar", denunciou o líder zimbabweano, adiantando que também Bush pretende o mesmo devido à cólera. Mas, frisa Mugabe, "já não há motivos para uma guerra, uma vez que a cólera já não existe".
Segundo um relatório divulgado quarta-feira pela OMS, a epidemia da cólera que afecta o Zimbabwe causou, desde Agosto, cerca de 800 mortos e infectou mais de 16 mil pessoas.
A epidemia fez também 10 mortos na África do Sul, país que acaba de declarar a sua região norte, fronteiriça com o Zimbabwe, "zona de catástrofe".

O Governo provincial do Limpopo anunciou que a “zona de desastre” abrange todo o distrito de Vhembe, onde se situam o posto fronteiriço de Beit Bridge e a vila de Musina, onde já foram tratados 664 pacientes com cólera e morreram oito em semanas recentes.

Mogale Nchabeleng, porta-voz do Governo do Limpopo, declarou que o estado de emergência agora declarado poderá aliviar as autoridades provinciais e nacionais no esforço de melhor circunscrever a epidemia com origem no vizinho Zimbabwe através da eliminação de burocracias nas iniciativas governamentais.

Beit Bridge e Musina são pontos nevrálgicos da imigração clandestina, tendo sido pontos de entrada de pelo menos quatro milhões de zimbabweanos desesperados, que abandonaram o seu país desde 2000 em consequência da penúria alimentar existente.

A LUSA apurou junto de autoridades fronteiriças que o número de zimbabweanos que atravessam a salto a cerca fronteiriça em Beit Bridge tem aumentado significativamente, e que apenas uma pequena percentagem é capturada.

Muitos zimbabweanos que atravessam a fronteira estão infectados com cólera e as águas do rio Limpopo, que separa os dois países, contêm a bactéria da cólera, o que levou as autoridades em Musina a declararem a água canalizada na vila imprópria para consumo.

O porta-voz do Governo do Limpopo disse à LUSA que no hospital de Musina estão actualmente em tratamento 76 pacientes, todos zimbabweanos, sendo imperativo reforçar o sistema de saúde na área para travar com eficácia a penetração da cólera em território sul-africano.


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