segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Uma luz no fundo do túnel para portadores de albinismo


O ANFITEATRO do Ministério da Saúde foi pequeno para albergar o elevado número de pessoas que ontem acorreram ao local para testemunhar os primeiros passos conducentes à criação de uma entidade de defesa dos interesses de pessoa portadora de albinismo.

O encontro que contou com a presença de portadores de albinismo e seus familiares é o segundo sob direcção do Ministro da Saúde, Paulo Ivo Garrido e serviu não só para a discussão da proposta dos estatutos da futura associação como também para explicar aos presentes os cuidados a ter com a pele e a vista, a principal dor de cabeça para muitos.

Os médicos especialistas em Oftalmologia e Dermatologia, Iolanda Zambujo e Rui Bastos, respectivamente transmitiram os ensinamentos básicos sobre a matéria e responderam algumas inquietações levantadas pela plateia.

No que à pele diz respeito, Rui Bastos explicou que, embora existam paliativos, com recurso a fármacos, há uma forma muito mais económica de evitar lesões na pele e consequentemente idas aos hospitais: a prevenção do organismo dos raios solares através de chapéu com abas que protejam não só o rosto como também a região das orelhas, o de uso roupa que cubra todo o corpo e óculos de sol.

Recorreu a um exemplo de sucesso nos portadores de albinismo pertencentes a uma associação tanzaniana que, por terem já criado um fórum ultrapassaram os problemas que hoje apoquentam a sociedade moçambicana.

Por seu turno, a oftalmologista Iolanda Zambujo, disse que o cuidado que se deve ter em relação à pele é exactamente o mesmo para com a vista: a protecção do indivíduo dos raios solares.

O difícil acesso aos óculos apresentado por maior parte dos portadores daquela deficiência presentes no encontro está também nas prioridades do sector da Saúde que já tem um plano de abertura de mais oficinas de óculos em todas as províncias do país, tudo pensando na minimização daqueles cidadãos.

Entretanto, uma luz no fundo do túnel se vislumbra para os portadores do albinismo pois nada será como de antes no que diz respeito à assistência sanitária porque, com a criação de uma associação o processo de atendimento será mais facilitado.

Designada Associação Defendendo os Nossos Direitos (ADODS), a futura agremiação irá acima de tudo, defender a componente informação e educação sobre os cuidados básicos e servirá de um ponto de ligação entre os membros e qualquer que seja a entidade interessada em prestar o seu auxilio ao grupo-alvo.

Um dos aspectos que marcam pela negativa a vida dos albinos é a discriminação de que são vítima na sociedade, o que resulta da falta de informação e preparação das pessoas perante o facto. Um dos exemplos avançados no encontro é a desintegração de famílias, cujo ponto de partida é o nascimento de crianças albinas.

Estrela Herculano, mãe de uma jovem portadora de albinismo vê com muito agrado a criação da associação pois, segundo ela, virá eliminar o défice de informação que é denominador comum na sociedade com tabus à mistura, porque onde existe informação certos preconceitos e/ou tabus não tem espaço.

A título de exemplo, Estrela Herculano falou dos diversos procedimentos a ter na protecção da pele e explica: pessoalmente tive muitos problemas com as minhas filhas. Uma teve lesões na pele porque não sabia ao certo como proceder. Mais tarde, na tentativa de evitar o problema com a outra, acabei tendo excesso de protecção mas, porque usava roupas com o material não compatível à pele da minha filha, voltei a ter outras complicações. Para dizer que a falta de informação faz sofrer muita gente”, disse.

A associação será de âmbito nacional e tem por objectivo contribuir para o bem-estar físico e psicológico, moral, mental e apoio psicossocial dos indivíduos com insuficiência de pigmentação da pele.

Um comentário:

Arcanjo disse...

Estou interessada em saber se já existe a associação, e como ela funciona, pois estou interesssada en ajudar a angariar ajuda.
Agradeço contactos
MJ