OITO agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos ao Comando da Cidade de Maputo e responsáveis pela equipa destacada para velar pela segurança da cela onde se encontra encarcerado Aníbal António dos Santos Júnior (Anibalzinho) encontram-se detidos numa das unidades da corporação e a responder em processos disciplinares, indiciados de faltar às suas responsabilidades. A detenção dos agentes, segundo dados revelados ontem, segundo dia do julgamento do “caso Albano Silva”, aconteceu pouco depois de ter sido gorada mais uma das inúmeras tentativas de fuga do réu, facto que levou a Direcção do Comando a atribuir parte das culpas ao grupo pelo facto de terem sido encontrados instrumentos cortantes nas mãos do recluso.
Sobre a questão das refeições suspensas para Anibalzinho, um dos comandantes da força que cuida dele, quando chamado pelo juiz do processo, Dimas Marrôa, a explicar com detalhe as razões que estarão por detrás da tal medida, disse que decidiram pelo extremo dada a sistemática desobediência do réu às normas vigentes, que quase sempre é encontrado com instrumentos cortantes, com os quais procura se apoiar para tentar fugir da cadeia. É que Anibalzinho não só recebe comida da responsabilidade daquele comando, como também e com maior frequência recebe refeições vindas da sua casa, sendo neste exercício que se acredita que estão a passar os referidos instrumentos para o réu.
As autoridades vão mais longe ao afirmar que outros tantos polícias estão a cumprir sanções pelos antiquados actos de indisciplina de Anibalzinho, que tem estado a investir tudo ao seu alcance para fugir da cadeia. O mau comportamento, indiscutivelmente, acaba envolvendo alguns agentes que nem sempre conseguem explicar como é que tais instrumentos chegam a ir parar às mãos dele por forma a cortar as grades.
Aliás, conforme explicou, os actos incorrectos de Anibalzinho são de tamanha monta que chegou a arrebentar um tubo de chuveiro da casa de banho da sua cela, instrumento com o qual pretendia espancar um dos agentes que o guarnece. Porque as manobras dele são tantas, os homens da lei e Oordem fizeram saber que a cela do réu está toda ela destruída, incluindo o tubo de canalização de água que o furou na tentativa de se evadir.
Há dias, segundo foi dito ao Tribunal, o réu chegou a passar, durante o período do banho solar, um objecto cortante a um dos colegas presos, para que este, à calada da noite, rompesse o cadeado e depois abrisse todas as celas para se escapulirem. Esta atitude levou a que os banhos solares fossem também cancelados ao grupo de detidos que se encontra no edifício de um piso onde funcionam as celas do Comando.
Uma das provas evidentes da tamanha indocilidade do réu foi vivida ontem, enquanto decorria a sessão. Anibalzinho desatou a bater, e durante muito tempo, a porta da cela onde está e que dista a menos de 10 metros da sala de julgamento, na tentativa de despertar alguma atenção dos presentes.
Julgado a par de outros cinco co-réus neste processo pelo seu comportamento de insubmissão crónica e na forma continuada, Anibalzinho encontra-se isolado do resto do grupo nas celas do Comando da Polícia na capital do país. Condenado por duas vezes, o réu já fugiu, também, por igual número de veze, da Cadeia de Máxima Segurança da Machava, vulgo BO.
IMPROPÉRIOS DE MAGNO QUASE PARAVAM AUDIÇÃO
O segundo dia de julgamento do “caso Albano Silva” foi marcado pelo interrogatório a Fernando Magno, a quem se atribuiu, segundo o despacho de pronúncia, a autoria do único tiro que visava pôr termo à vida do advogado Albano Silva.
O réu, que começou por negar tal acusação, chegou a ver o seu interrogatório suspenso pelo Tribunal porque, no lugar de responder às questões que lhe iam sendo colocadas, dirigia-se de forma grosseira ao advogado António Vasconcelos, que está ao serviço do ofendido Albano Silva.
Porque eram impropérios de certa forma nojentos, o juiz Dimas Marrôa decidiu parar com o interrogatório. Depois de algum tempo e após o réu prometer se comportar bem, respondendo às questões com alguma prudência, foi lhe dada mais uma oportunidade.
Na altura o juiz Marrôa chamou à atenção para o facto de o réu estar a desperdiçar uma das soberanas e derradeiras oportunidades de se defender, formulando respostas que ajudem não só o Tribunal a tomar uma decisão sábia, mas também a si mesmo.
Entretanto, com a audição de Fernando Magno, o julgamento foi interrompido, devendo os trabalhos ser retomados na próxima segunda-feira. A vez será de Anibalzinho, isto depois de ouvidos Osvaldo Muianga (Dudu) e Fernando Magno.
Mais Desenvolvimentos em ingles: http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/africa/4489812.stm
Sexta-Feira, 25 de Abril de 2008:: Notícias
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