sexta-feira, 25 de abril de 2008

Dia Internacional dos Monumantos

Escultura em bronze, ilustrando a resistencia a colona em Mocambique

Lugares sagrados são bens preciosos da humanidade
“OS monumentos e sítios, em geral, e o património religioso e os lugares sagrados, em particular, são, pois, uma dimensão essencial das nossa vidas quer na ordem do material, quer na ordem do espiritual e simbólico, pois neles se conserva parte da complexa trajectória dos povos”, foi com estas palavras que Eneas Comiche presidente do Município de Maputo, destacou a necessidade de preservar os monumentos e sítios, este ano foram celebrados sob o lema “Património Religioso e Lugares Sagrados.

Aquele governante falava a 18 de Abril no edifício de Sua Alteza Aga Khan, lugar sagrado que acolheu as cerimónias centrais organizadas pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios ( ICOMOS-Moçambique).
Para Comiche a “bela Cidade das Acácias, é hoje um verdadeiro mosaico cultural, linguístico e religioso, habitado por monumentos e sítios que contribuem para a construção da nossa memória colectiva que nela estão profundamente enraizados”.

Com efeito, “os monumentos e sítios, em geral, e o património e os lugares sagrados, em particular, são, pois, uma dimensão essencial das nossas vidas quer na ordem do material, quer na ordem do espiritual e simbólico, pois neles se conserva parte da complexa trajectória dos povos”, disse o edil sublinhando, no entanto que, “ao comemorarmos esta data com o lema “património religioso e Lugares Sagrados”, nada mais estamos a fazer, senão reconhecermos a importância desta dimensão humana presente em todas as sociedades”.

Comiche aproveitou a ocasião para pedir a todos os munícipes para que se comprometam com a causa da valorização do património colectivo, “porque deve ser considerado como um meio para o conhecimento da nossa história e para a promoção da imagem e do desenvolvimento da nossa cidade”.

VALORIZAR PATRIMÓNIO HUMANO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO DO HOMEM
No encontro de reflexão havido no edifício de Aga Khan intervieram outras figuras, com o destaque para as religiosas. Assim, o presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, Aminudin Muhamad destacou o Islão como sendo uma religião de tolerância apelando aos seus membros para que respeitem os lugares sagrados, porque estes tem uma ligação com os antepassados.
Aquele religioso enalteceu o papel que a Aga Khan tem levado a cabo na preservação dos vários monumentos do país, sublinhando a necessidade de se continuar a proteger o ser humano, pois, ele é o maior património da humanidade.

“Temos que valorizar o património humano através da formação e educação das crianças e não só, tal como tem sido a aposta da Aga Khan”, elucidou.
À este propósito convém anotar que a Fundação Aga Khan tem um projecto que visa fundar uma academia de raiz com currículo de padrão internacional. As obras de construção arrancam próximo ano, tal como explicou o vice-presidente daquela fundação religiosa, aquando da visita efectuada àquele edifício sagrado.

Enquanto isso, o arquitecto Laje da Faculdade de Arquitectura da UEM que usou da palavra, considera importante a Lei 10/88 sobre a Protecção de bens patrimoniais que defende a protecção da memória do povo, por conseguinte, um legado cultural para as futuras gerações.
O arquitecto focou aspectos relativos a normas e critérios de classificação dos monumentos, baseando-se no artigo 25/26.


Na sua alocução questionou sobre os critérios que são actualmente estabelecidos para eleger um edifício como de valor patrimonial, uma vez que a Lei 10/88 no seu Artigo 4, refere que são classificados como patrimónios aqueles que tenham sido construídos antes de 1920.
Na ocasião o Presidente da Comissão Nacional ICOMOS-Moçambique, Leonardo Adamowicz traçou um breve historial sobre o 18 de Abril, criado pela instituição que dirige em 1982 sob aprovação da UNESCO na sua 22ª Conferencia Geral.
No entanto, Foi exibido o resultado de uma pesquisa fotográfica sobre o património religioso do país, com maior destaque para igrejas católicas.

Ao acto de celebração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assistiram para além do Edil de Maputo, várias outras personalidades tais são os casos do presidente do ICOMOS, vice-presidente da Fundação de Sua Alteza Aga Khan, do Presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, o representante da Primeira Dama, o secretário-geral do Conselho das religiões em Moçambique e do representante da Faculdades de Arquitectura da Universidade Eduardo Mondlane.

Um momento de cânticos de louvor foi protagonizado pelos membros das confissões religiosas convidadas, num acto que culminou com uma visita guiada aos compartimentos mais significativos do sumptuoso edifício de Aga Khan.


Edificio Agha Khan em Maputo

GOVERNO VISITA BAIXA DA CIDADE
Paralelamente a cerimónia organizada pelo ICOMOS no edifício de Aga Khan, a Direcção Nacional da Cultura (Departamento de Monumentos) organizou uma visita guiada à alguns monumentos da área classificada da Baixa da Cidade do Maputo, nomeadamente, Estação dos CFM, Mesquita da Baixa, Fortaleza Nossa Senhora da Conceição e Sé Catedral.
Foi uma ocasião para promover o diálogo inter-religioso, bem como fazer reflexão sobre a conservação e protecção desses lugares de adoração religiosa.

Um seminário que teve lugar no Centro Cultural Franco-Moçambicano foi pretexto para debater o estágio actual dos monumentos e sítios de Moçambique. A ideia de reflectir sobre eles, tem a haver com o reconhecimento da importância desta tipologia do nosso património, uma vez representar cerca de 75 porcento da nossa herança cultural.
Por outro lado a necessidade de se preservar e valorizar a vasta diversidade deste património herdado através de gerações.

Na ocasião foi sublinhado a devem continuar os trabalhos em monumentos; fundação, preservação e valorização de arquivos e museus, especialmente as colecções inerentes a matéria; salvaguarda as paisagens, nomes de lugares, ritos e peregrinações com significado e símbologia sagrada; proteger o acervo de obras de arte, ciência, construção de edifícios ( arquitectura), entre outros.

Mesquita da baixa antes das obras, meio seculo de existencia.

Foi em 1870 que um residente do então povoado pantanoso decidiu ofertar à comunidade a que pertencia, haveres e terrenos existentes na então denominada Travessia do Funil, hoje Rua da Mesquita, para que nela se construísse a Mesquita.
Começou por uma modesta barraca de madeira e zinco, onde com toda a regularidade, passou a ser exercido o culto islâmico.

Em 1887, ano da elevação da povoação à categoria de cidade, a barraca de zinco foi substituída por uma construção mais ampla em alvenaria.
A Mesquita, com planos rectangulares e em estilo árabe, tinha a particularidade de não ser cópia de qualquer mesquita conhecida. Nela ficou transparecido todo o simbolismo islâmico.
Contudo, o edifício sofreu em 19021 algumas alterações tendo ficado com seis minaretes parabólicos e no topo com dezoito pequenos crescentes, símbolos do islâmico.
Entretanto, foi em 2003 que o edifício da Mesquita sofreu outra restauração. Em Setembro de 2005 a mesma foi reinaugurada com uma nova roupagem, sem no entanto, perder o seu traço arquitectónico original.

Ao longo do tempo, a cidade velha foi pantanosa na então Lourenço Marques, perdendo a sua fisionomia primitiva, hoje apresenta-se hoje com prédios novos e modernos que acompanham o crescimento da própria urbe.


Se Catedral, uma das mais antigas...

A criação de uma Paróquia na cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, data de meados do século XVIII. Inicialmente dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, passou em 1884 a ser invocada como de Nossa Senhora da Conceição de Lourenço Marques, dispondo da Igreja Paroquial junto das actuais instalações da Rádio Moçambique.

Com efeito, foi a 15 de Agosto de 1931 que o Governo Geral José Pereira Cabral doou o actual terreno, vindo a primeira pedra a ser lançada a 26.08. 1936 pelo Prelado de Moçambique cessante. Dom Rafael Maria da Assunção, já então transferido para Bispo de Cabo Verde. As obras arrastaram-se por oito anos, até a sua inauguração a 15 de Agosto de 1944 pelo Cardeal Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, Patriarca de Lisboa, investido na qualidade do Legado do papa Pio XII. Na nova catedral ficou, assim, instalada a actual Paróquia da Sé Catedral, cujo primeiro pároco foi o Monsenhor António Alves Martins, a sua morte em Fevereiro de 1959. Ao longo de décadas passaram pela Sé Catedral vários chefes religiosos.

BREVE HISTORIAL DA DATA
O Dia Internacional de Monumentos e Sítios foi criado a 18 de Abril de 1982, pela ICOMOS e em 1983 foi aprovado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, ciência e Cultura), na sua 22ª Conferencia geral. Este Dia oferece uma oportunidade especial para elevar a consciência pública relativa à diversidade do património mundial e os esforços que são exigidos para proteger e conserva-la, como também chamar atenção a sua vulnerabilidade.

Entre 25 e 31 de Maio de 1964, na cidade histórica-cultural de Veneza realizou-se um encontro sobre o tema. Desse encontro, saíram várias resoluções, das quais, duas viriam a ter um impacto particular ao marcar uma nova era no domínio da conservação e restauro dos monumentos e sítios: o documento conhecido por carta de Veneza e a sua consequente criação do Conselho Internacional dos Monumentos e sítios (ICOMOS).

A comemoração do 18 de Abril tem como objectivo; aumentar a consciência pública relativamente á diversidade do património e á necessidade de proteger e conservar o património, chamando-se a atenção para a sua vulnerabilidade. È portanto, uma data em que se procura celebrar a solidariedade internacional em torno do património de todo o mundo, reclamando colectivamente o imperativo da sua salvaguarda e valorização.


Igreja da Polana em Maputo


O QUE É UM MONUMENTO
Um monumento é uma estrutura construída por motivos simbólicos ou comemorativos, mais do que para uma utilização de ordem funcional.
Os monumentos são geralmente construídos com o duplo objectivo de comemorar um acontecimento importante, ou homenagear uma figura ilustre e, simultaneamente, criar um objecto artístico que melhorará o aspecto de uma cidade ou local.
Entretanto, estruturas funcionais que se tornaram notáveis pela sua antiguidade, tamanho ou significado histórico, podem também ser consideradas monumentos.

Quarta-Feira, 23 de Abril de 2008:: Notícias

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