quinta-feira, 8 de maio de 2008

Albano Silva não apresenta provas do atentado


O advogado António Albano Silva, assistente particular do extinto Banco Comercial de Moçambique, não apresentou ao tribunal provas ou testemunhas que tenham presenciado a ocorrência da alegada tentativa frustrada de que afirma ter sido vitima enquanto circulava pela avenida Mao – Tsé Tung, próximo da 3ª Esquadra na cidade de Maputo. Este ilustre causídico excluiu ainda a possibilidade do réu Osvaldo Muianga (Dúdu) ter participado no suposto atentado. Questionado em sede de julgamento sobre se teria colaborado com as autoridades policiais para efeitos de perícia à viatura, respondeu que sempre deixou o seu carro à disposição dos agentes, mas não lhe competia instruí-los a fazer o referido trabalho.
Albano Silva declarou ainda que logo após o crime de que se diz ter sido vítima e está a ser julgado em Maputo, estacionou a sua viatura defronte ao Lar de estudantes da Universidade Eduardo Mondlane e alegou que o móbil do crime é a fraude bancária de 144 milhões de Meticais ocorrida no extinto Banco Comercial de Moçambique. O advogado que é marido da Primeira-Ministra e também por isso atrai ainda mais sobre si a curiosidade da Imprensa, afirmou ainda que a referida viatura foi retirada do local do crime pelo seu primogénito que, posteriormente, foi parqueá-la no quintal da sua residência. Mais tarde, segundo contou ao Tribunal, mudou o vidro da viatura que supostamente terá sido estilhaçada pela bala. Antes dessa operação não se dignou sequer a fotografar, o que seria o mínimo, a viatura no estado em que estava depois do alegado atentado à sua vida.


Sobre os factos do atentado, o declarante explicou que o mesmo deu-se próximo da 3ª Esquadra, na Avenida Mao Tsé-Tung. Na circunstância, segundo ele, uma viatura City Golf, cor branca, encostou-se à sua, do lado do condutor, e um homem de braços compridos tirou uma pistola e disparou um tiro que passou a milímetros da sua cabeça, indo furar o vidro da porta esquerda de trás do seu automóvel. O advogado Albano Silva disse ainda que uma das primeiras pessoas a chegar, em poucos minutos, à esquadra, foi o jornalista Paulo Machava, na altura ao serviço do semanário Savana, pelo que considera que este sabia de alguma coisa. Ouvido pelo tribunal na qualidade de declarante, Paulo Machava disse que optou por priorizar outros factos na reportagem do caso, porque o "caso BCM" andava "na boca de todo o leitor assíduo", daí que não encontrou motivos para o potenciar, no artigo que acabaria por escrever, o alegado atentado. Segundo ele, foi rebuscar outros casos, como o das 40 toneladas de haxixe, em que o causídico esteve envolvido, como forma de fazer recordar aos leitores os tantos casos conturbados em que Albano Silva esteve envolvido e que também provavelmente seriam o móbil do crime.

Dúdu carta fora do baralho
O ilustre causídico luso-moçambicano, ao falar ao Tribunal, excluiu ainda a possibilidade de Dúdu ter participado no suposto atentado. Segundo ele, é sua convicção que Dudu apenas soube da programação do atentado.

Albano Silva falta ao respeito ao tribunal
Entretanto, na última segunda-feira, o assistente particular do extinto BCM e ofendido neste processo humilhou os arguidos aos rotula-los de bandidos, criminosos e membros da associação criminosa. Albano Silva disse ainda ao decano da advocacia em Moçambique, Domingos Arouca, que o seu constituinte Ayob Satar era criminoso e estava envolvido no "caso BCM".
Domingos Arouca alegou que seu cliente havia sido ilibado no processo da fraude no ex-Banco Comercial de Moçambique e neste caso do alegado atentado a Albano Silva e que se encontra a ser julgado o próprio Ministério Público se absteve de o acusar, estando apenas constituído como arguido pela acusação particular. Domingos Arouca recordou ao tribunal que o próprio Albano Silva, na qualidade de assistente do BCM e o Ministério Público abstiveram se de interpor recurso ao Tribunal Supremo em relação a ilibação de Ayob no caso BCM. Retorquindo Albano Silva reafirmou que Ayob Satar estava implicado na fraude do BCM e que era bandido e membro da associação criminosa. Ayob Satar, que já se encontra a cumprir uma pena por o tribunal que o julgou ter dado como provada a participação deste cidadão no assassinato do jornalista Carlos Cardoso, caso em que foi admitida como causa a investigação que o falecido editor estava a fazer sobre a fraude de cerca de 14 milhões de USD do ex-BCM de que Albano Silva era advogado assistente, levantou-se do banco dos réus e disse ao juiz da causa, Dimas Marroa, que o tribunal estava a permitir excessos a Albano Silva em virtude deste causídico ser marido da Primeira-Ministra. O tribunal gelou!...

Fonte: Canal de Mocambique

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