CERCA de cem mil famílias dos bairros Polana-Caniço “A” e “B”, Mavalane, Hulene “A” e Ferroviário, na capital do país, poderão dentro de alguns dias voltar a consumir água potável fornecida pelo sistema de abastecimento da rede pública.
Para o efeito, decorre desde a semana passada a montagem da tubagem que vai transportar o precioso líquido a partir do Centro de Abastecimento de Laulane para aquelas zonas residenciais.
A obra, de significativo impacto social para a vida daquelas comunidades. é da empresa Águas de Moçambique (AdeM), que ontem reuniu com os secretários dos referidos bairros e as entidades máximas das administrações dos distritos municipais três e quatro para apresentar as obras de construção da rede secundária que vai assegurar o fornecimento.
Durante o encontro, o administrador da AdeM, Manuel Fernandes, disse que as estruturas administrativas dos bairros abrangidos desempenhavam um importante papel na protecção e manutenção do sistema de abastecimento, assim como na identificação de pessoas interessadas em estabelecer contratos com a empresa.
Segundo Manuel Fernandes, para além desta parceria, a ideia passa por atribuir as estruturas administrativas dos bairros o papel de responsáveis pela conservação da rede ainda na sua fase de instalação.
Sobre as formas de abastecimento de água, o nosso interlocutor indicou que esta não será fornecida durante 24 horas como seria de desejar, mas isso poderá se efectivar a partir de 2012, ano em que se prevê que a Estação de Tratamento de Água do Umbelúzi (ETA) seja ampliada, dotando-a de uma maior capacidade.
“A ETA ainda não possui capacidade para fornecer água durante o dia todo, daí que não podemos garantir isso à população, mas uma coisa é certa: a partir de já os residentes dos bairros abrangidos pelo novo sistema de abastecimento terão água suficiente para as suas necessid
des”, disse o administrador da AdeM.
Questionado sobre se a AdeM pretendia abandonar o sistema de fornecimento de água nos fontanários, Fernandes respondeu que a sua empresa não pretende eliminar esta forma de fornecimento, mas à medida em que as pessoas forem aderindo ao sistema de ligações ao domicílio os fontanários públicos perderão as suas funções.
“A ideia não é eliminar os fontanários, mas a medida em que as pessoas firmarem contratos de abastecimento de água os operadores dos fontanários sentirão a necessidade de abandonar este negócio”, garantiu Manuel Fernandes.
Acrescentou que a sua empresa está interessada em estabelecer parcerias com os agentes privados que fornecem água de modo a que estes passem a revender a água da rede pública. Porém, Fernandes observou que em caso de não acolherem o acordo a AdeM predispõe-se a entrar para a concorrência, cabendo ao consumidor escolher a opção que lhe será melhor.
Esperamos melhorias - defendem secretários dos bairros
Os secretários dos bairros abrangidos pelo novo sistema de abastecimento de água esperam e fazem fé para que este seja o fim da crise de água pública com que se vinham debatendo os residentes.
De uma forma geral, eles foram unânimes ao afirmar que com a entrada em funcionamento da nova rede, os fornecedores privados terão que melhorar os seus serviços e praticar preços mais acessíveis, contra o que se verifica actualmente.
Para Jeremias Mabuiango, secretário do bairro do Mavalane “A”, que possui pouco mais de 20 mil habitantes divididos em 64 quarteirões, caso se concretize a iniciativa da empresa responsável pelo fornecimento de água pública maior parte dos consumidores verão este problema ultrapassado.
O único problema que continua a preocupar as estruturas administrativas de Mavalane “A” é o facto de o bairro não estar parcelado, o que, na opinião do secretário, poderá dificultar o processo de montagem do sistema em todos os pontos da zona.
Por seu turno, Aurélio Nuvunga, secretário do bairro Hulene “A”, onde actualmente decorrem as escavações para a montagem da tubagem, o novo sistema de distribuição trará grandes vantagens, uma vez que as pessoas deixarão de depender de um só fornecedor, caso os privados não aceitem a parceria da AdeM.
Na sua opinião, já era tempo de as autoridades exercerem o seu dever que é garantir a população as condições mínimas para o sectores de Água, Saúde e Educação.
Nuvunga disse igualmente que isso vai melhorar a vida dos residentes de Hulene “A”, dado que trata-se este de um bairro em requalificação e que devido à falta de água potável era facilmente vulnerável a eclosão de várias doenças.
O secretário do bairro da Polana-Caniço “B”, com 55 quarteirões, Armando Cossa, também é de opinião que se o funcionamento do novo de abastecimento se efectivar os residentes vão parar de sofrer para acederem ao precioso líquido. Esta obra vai permitir que as pessoas parem de afluir aos fontanários públicos para disputá-la.
Sobre o funcionamento de operadores privados, os nossos interlocutores afirmaram que eles desempenharam um importante papel enquanto a água pública não chegava, mas a partir desta altura devem perceber que a população tem mais uma alternativa.
Quinta-Feira, 8 de Maio de 2008:: Notícias
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