segunda-feira, 26 de maio de 2008

Arma e viatura do crime ficaram na posse de Dudu - acusa Anibalzinho na acareação com o co-réu



A ARMA do tipo AKM, de cabo curto, e a viatura de marca City Golf, cor vermelha, instrumentos usados no dia 22 de Novembro de 2000, no crime que viria a ceifar a vida do jornalista Carlos Cardoso e deixando praticamente inválido o seu motorista, Carlos Manjate, ficaram na posse de Osvaldo Razaco Muianga, vulgo Dudu, segundo disse ontem, em tribunal, Aníbal António dos Santos Júnior, tido como o cérebro da quadrilha. Estas declarações, proferidas durante uma acareação entre Anibalzinho e Dudu, contradizem com as que em 2002 foram avançadas por Carlitos Rachide, o homem que, usando a referida arma, disparou à queima-roupa, a partir de uma das janelas do carro conduzido por Anibalzinho, tendo atingido com várias balas o corpo do jornalista, que acabaria por perecer no local.

No julgamento do “caso Cardoso”, havido em 2002, Carlitos Rachide disse que a arma ficará na posse de Anibalzinho, réu que ontem, em mais uma sessão do “caso Albano Silva” e durante uma acareação com Dudu, negou tal facto. Ele disse que os referidos instrumentos ficaram na residência de Dudu, no bairro da Malhangalene, em Maputo.
Anibalzinho disse que a arma era do seu amigo Miguel Chamusse, que mais tarde veio a perder a vida, e que a havia comprado num dos bairros periféricos da cidade de Maputo, não sabendo precisar se foi em Malhazine, Hulene ou Xkhelene.

Aliás, conforme explicou Anibalzinho, Dudu parqueava no seu parque maior parte dos carros roubados não só da sua responsabilidade, assim como vindos da parte de Vasquinho, a quem o descreveu como sendo um grande ladrão de viaturas da capital do país.
Acrescentou que alguns dias depois do crime a viatura foi levada do parque de Dudu e transportada para a vizinha África do Sul, tendo a arma continuado na posse de Dudu que, presumivelmente, a entregou a Vasquinho. Anibalzinho disse acreditar que depois da sua prisão e como forma de se desfazer da arma, Dudu a terá entregue ao Vasquinho.



“Não é verdade que Dudu não sabe de nada quanto à morte de Carlos Cardoso. Sabe e com profundidade tudo o que norteou o assassinato. Logo que conseguimos assassinar Carlos Cardoso liguei para ele. Dudu sabe de muitos segredos meus, pois tudo que fazia reportei-lhe porque confiei nele e tinha muita fé na sua pessoa. Sempre o tratei como irmão. Infelizmente, o dinheiro é que nos tornou inimigos, sobretudo porque havia lhe prometido um carro após o acidente que deixou destruído o seu Mercedez-Benz quando regressávamos de Ressano Garcia, onde fomos escoltar o Miguel Chamusse que ia à África do Sul vender um carro roubado. Portanto, Dudu era que nem um irmão e muitas vezes ficávamos até 2.00/3.00 horas da madrugada e ninguém dormia sem se despedir do outro” – disse Anibalzinho.

No seu contra-ataque, Dudu negou saber de alguma coisa quanto à arma de guerra usada no crime, assim como da viatura City Golf. Para ele, se esta viatura chegou a ser parqueada em sua casa, isso aconteceu sem se aperceber, na medida em que parqueava muitos carros e que nem sempre detinha informações precisas sobre a sua proveniência.
Por outro lado, embora Anibalzinho tenha negado qualquer participação nas reuniões do Hotel Rovuma e que numa delas provavelmente teria lhe sido dito por Ayob Satar para trazer a gravata do advogado Albano Silva ensanguentada, Dudu reiterou a existência de tais encontros e que tal pedido chegou a ser formulado por Ayob a Anibalzinho.

Ainda ontem, o tribunal ouviu na condição de declarante o general da Polícia Nataniel Macamo e um cidadão das relações dos Satar, de nome Sadique Aly. Albano Silva, e a seu pedido, voltou a ser ouvido para contra-atacar as palavras da semana passada proferidas por António Frangoulis, investigador dos casos “Cardoso” e “Albano Silva”.
Fonte: Jornal Noticias

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