segunda-feira, 26 de maio de 2008

Transporte ferroviário de carga : Crise no Zimbabwe afecta desempenho de Moçambique



A REDUÇÃO das importações de cereais pelo Zimbabwe e a concorrência rodoviária imposta ao tráfego do ferro-crómio sul-africano são dois dos factores que contribuíram para o decréscimo dos volumes globais de carga transportada nos últimos dois anos no sistema ferroviário nacional, segundo indica o mais recente relatório de desempenho produtivo da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM-EP).

O documento, cuja cópia o “Notícias” teve acesso, refere-se ao transporte, em 2007, de 3.822 mil toneladas líquidas, contra 4.002 mil do ano anterior, representando uma redução em cerca de 4,5 por cento. Deste tráfego, 2.988 mil toneladas foram transportadas nas linhas de Goba, Ressano Garcia e do Limpopo, no sistema ferroviário sul, ainda sob gestão daquela empresa pública, e as restantes 833 mil nas linhas dos sistemas ferroviários centro e norte, actualmente sob gestão concessionada.

O volume de carga transportada nas linhas sob gestão dos CFM cresceu em mais 11 mil toneladas líquidas no período em análise, sucesso que não foi suficiente para evitar o incumprimento em perto de metade da meta inicialmente planificada, que previa o transporte de 5.135 mil toneladas líquidas de carga diversa.





Considerando que o tráfego de e para os países do hinterland representa 88,8 por cento do volume total de carga transportada no sistema ferroviário nacional, o impacto da crise no Zimbabwe consta da lista dos indicadores que influenciaram negativamente o desempenho, a par da reduzida disponibilidade de vagões-tanque para o transporte de combustíveis e a concorrência imposta ao transporte ferroviário entre Moçambique e África do Sul, pela disponibilidade de uma estrada com padrões de qualidade e segurança acima da média.

Outros factores apontados no relatório são a dificuldade de alocação, no início deste ano, de vagões para o tráfego de ferro-crómio, a limitada frota de vagões para o transporte de asbestos, a redução do tráfego de enxofre originada pelo fraco controlo destes meios por parte da Zâmbia, bem como a redução da oferta do tráfego de aço e granito por parte da companhia Transnet. Paralelamente, há igualmente a considerar a redução da oferta do tráfego do cimento e carvão, devido ao aumento do consumo interno na África do Sul, acompanhando o “boom” que se regista na indústria de construção civil e a crise ditada pelo aumento do consumo de energia naquele país vizinho.

Na linha de Ressano Garcia, por exemplo, foram transportadas 2.006 mil toneladas líquidas, das quais 1,3 mil são de tráfego nacional e 2.005 internacional, este último que registou um incremento nos volumes de citrinos, trigo, açúcar, carga contentorizada, magnetite, ferro-crómio, soja, cobre, bentonite, adubos, enxofre, combustível e melaço importados. Já na linha do Limpopo, que liga o país ao Zimbabwe, o tráfego internacional registou um aumento dos volumes de ferro-crómio, asbestos, tabaco, carga contentorizada, açúcar e adubos. Na linha de Goba, que liga a Suazilândia ao Porto de Maputo, registou-se uma redução nos volumes de açúcar e cimento transportados.

Relativamente à linha de Machipanda, o relatório faz referência a um decréscimo nos volumes de pedra, açúcar, milho, gesso, carris e klinker transportados no tráfego nacional, e no granito, asbestos, ferro-crómio, aço, klinker, milho, trigo, gasóleo e sebo, no tráfego internacional.
Já na linha do norte, há registo do aumento dos volumes de tabaco em contentores, açúcar, batata, ervilha em contentores, milho, sucata, fertilizantes em contentores, cimento, adubo, klinker, óleo de palma e carga contentorizada, no tráfego internacional.

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