sexta-feira, 9 de maio de 2008

Contradizendo «Migração» na Machipanda

Comando Geral da PRM nega aumento de imigrantes zimbabweanos em Manica

"Houve tendência de aumento de zimbabweanos a atravessarem a fronteira para Moçambique após as eleições do passado dia 29 de Março. Quando comparado com dias anteriores há mais gente que entra em território moçambicano e não sai. Se sai não sai por ali, não sai por onde entra", Boste Marizane, Inspector de Migração na fronteira de Machipanda, em entrevista ao «Canal de Moçambique»

Apesar de confirmado ao «Canal de Moçambique» por Boste Marizane, inspector de Migração na fronteira da Machipanda com Mutare (ex-Untali), o Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) nega ter havido aumento de cidadãos zimbabweanos a atravessarem as fronteiras do seu país para Moçambique, após a realização das eleições naquele país vizinho, a 29 de Março do corrente ano.
Esta posição da PRM vem contradizer o que fora afirmado pelas autoridades migratórias da fronteira da Machipanda, na província de Manica, que falaram então de "tendência de aumento de zimbabweanos a atravessarem a fronteira para Moçambique após as eleições do dia 29 de Março".

Numa entrevista concedida a este diário, o inspector de migração no distrito de Machipanda, Boste Marizane, disse "ter havido aumento significativo de cidadãos zimbabweanos a imigrarem para Moçambique, após as eleições de 29 de Março (vsff Canal n.º 551, de 16.04.2008). Na ocasião, Marizane fez disse que "muitos imigrantes zimbabweanos que entram no País não retornam para o seu país" ou, quando o fazem, "não usam o mesmo posto fronteiriço que usaram para a entrada".


Dados ilustrativos
A titulo apenas ilustrativo, o serviço de Migração no posto fronteiriço de Machipanda falou-nos dos registos nos dias 27 e 28 de Março de zimbabweanos que entrarem em Moçambique. Foram ao todo 201. No próprio dia das eleições (29 de Março) 215 zimbabweanos atravessarem a fronteira para o nosso país. Nestas datas 307 zimbabweanos regressaram à proveniência. De acordo com a mesma fonte, o cenário viria a mudar no dia 30 de Março. A migração registou a entrada de pelo menos 348 zimbabweanos. Apenas 40 regressaram à proveniência.
Comando Geral desconhece (?) estes dados

Na expectativa de saber o que está sendo feito pela Polícia, com o sentido de conter o fluxo dos imigrantes zimbabweanos, que segundo moradores de zonas circunvizinhas “está a criar perturbação da vida normal”, contactámos as autoridades policiais.
Pedro Cossa, porta-voz do comando geral da PRM, disse que "a Polícia não está preocupada com o que se passa nas fronteiras entre Moçambique e Zimbabwe, pois, a migração está a decorrer normalmente, como vinha decorrendo antes das eleições" .

Pedro Cossa afirma que "o Comando Geral da PRM não tem nenhum conhecimento sobre o aumento de fluxo imigratório de zimbabweanos para Moçambique". Disse-o no entanto demonstrando aparente desconhecimento sobre os dados apresentados pela Direcção de Migração de Machipanda.
Visto que todas as ocorrências do género registadas a nível nacional, chegam semanalmente no Comando Geral da PRM, espanta que o porta-voz não tenha conhecimento deste dados, que foram divulgados, já passam três semanas.

Perante nossa insistência, Pedro Cossa diz que "não se pode considerar o aumento de imigrantes zimbabweanos em Machipanda como consequência da eminente crise pós eleitoral no Zimbabwe". E justifica: "Machipanda é um posto de comércio comum entre os dois países".
Nota-se a tentativa de encobrimento do impacto da crise pós eleitoral no Zimbabwe, por parte das autoridades moçambicanas. Porém, questiona-se: até aonde será possível gerir tal impacto sem dar a cara à verdade?

Fonte: Canal de Mocambique (Borges Nhamirre)

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