terça-feira, 13 de maio de 2008

Entre Moçambique e Chile: Cooperação tem bases para andar

Bandeira Oficial do Chile

A ASSINATURA dos primeiros quatro acordos de cooperação entre os governos de Moçambique e do Chile representa um passo para que as históricas relações de amizade existentes entre os cidadãos dos dois países tenham suporte do Estado, quer do ponto de vista económico, quer social. O Presidente da República, Armando Guebuza, que falava sexta-feira em Santiago, no final da visita oficial ao Chile, recordou que esta convivência começa quando cidadãos chilenos foram acolhidos em Moçambique, no período da ditadura militar de Augusto Pinochet.

“Ainda não havia correspondência a nível de Estados para essa aproximação entre os cidadãos dos dois países amigos. A visita abre a possibilidade de uma cooperação económica que possa condizer com o nível de relacionamento e de amizade que foi sendo construído ao longo do tempo”, disse Armando Guebuza.

O Chefe do Estado afirmou ter ficado satisfeito com a abertura da parte chilena, a começar pela própria presidente, Michelle Bachelet, que, segundo ele, tem uma profunda admiração por Moçambique e que se comprometeu a alimentar a relação, também a nível económico e social.
Disse que o Chile dispõe de vários projectos económicos e sociais que podem servir de ensinamento para Moçambique. “Por isso, sentimos que a nossa visita correu como tínhamos previsto, abrem-se muitas possibilidades de cooperação com este país, apesar da distância”.


Armando Emilio Guebuza, Presidente da Republica de Mocambique

Instado a falar dos resultados dos apelos ao empresariado internacional para investir em Moçambique, Armando Guebuza referiu que o Conselho de Ministros analisa regularmente os resultados das visitas a vários países e os dados são encorajadores.
Disse existirem bons sinais, quer na área de cooperação, quer no investimento estrangeiro, que deixam o Governo de Moçambique satisfeito, embora muitas iniciativas ainda não tenham chegado à fase de implementação.

Com relação aos acordos assinados semana finda com o Chile, o desafio é encontrar, o mais breve possível, plataformas conjuntas para a sua materialização.
Aliás, para dinamizar a prossecução dos protocolos, as partes acordaram o estabelecimento de uma equipa técnica para identificar novas áreas e formas de concretizar a cooperação, particularmente nos domínios económico, social e cultural, devendo esta comissão apresentar o relatório aos dois chefes de Estado em Caracas, na Venezuela, à margem da reunião entre África e América Latina.

No último dia da visita ao Chile, a delegação contemplou o Parque pela Paz “Villa Grimald”, então campo de tortura dos opositores do regime de Augusto Pinochet, tendo ouvido, dos testemunhas, relatos chocantes sobre como as pessoas ali concentradas eram maltratadas, algumas vezes até à morte, para depois os seus corpos serem deitados no alto-mar.

Também visitou, na Ilha Negra, junto ao Oceano Pacífico, a casa-museu do escritor chileno e Prémio Nobel de Literatura em 1971, Pablo Neruda, que morreu em 1973.
Foi neste contexto que o “Notícias” questionou ao Presidente sobre que ensinamento o Chile pode transmitir ao nosso país no que diz respeito à preservação do património histórico, ao que respondeu: “Em Moçambique temos um programa de valorização dos objectos e locais históricos. Neste momento estamos a dar um passo importante, porque em Julho vamos celebrar o 40º aniversário do II Congresso da Frelimo, que preparou as condições para a independência nacional”.

Fonte: Jornal Notícias • António Mondlhane, em Santiago

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