terça-feira, 13 de maio de 2008

A presente metodologia de funcionamento dos Gabinetes de Aconselhamento e Testagem Voluntária (GATV´s) nos municípios de Maputo e Matola está a desencorajar a aderência de utentes destes serviços. Cidadãos que se dizem utentes daquelas unidades de aconselhamento e testagem voluntária sobre o HIV/Sida afirmam-no e, no terreno, a reportagem do «Canal de Moçambique» pode confirmar. Os constrangimentos vão desde o horário em que aqueles gabinetes prestam atendimento ao público, passam pelas condições de atendimento no local, e vão até à forma como os activistas, geralmente jovens, atendem aos utentes dos GATV´s. Partindo do horário: para poder ter acesso ao aconselhamento e testagem nos GATV´s é necessário que se faça a estes locais "das 6:00 às 6:30 horas da manhã". "Depois deste período não distribuímos mais senhas", dizem-no no GATV que funciona no Centro de Saúde de Alto-Maé, Bairro da Cidade de Maputo.
Os activistas de saúde que estavam de serviço no dia 08 de Maio corrente, no referido GATV, garantiram-nos que "este horário de funcionamento é praticado por todos os GATV´s ao nível da cidade de Maputo”. O «Canal de Moçambique» continuou pelos GATV´s e no Centro de Saúde de Ndlavela, no Município da Matola, encontramos, era cerca das 9 horas da manhã, mais de 10 jovens sentados na pequena sala de espera do GATV que funciona junto a referida unidade sanitária. Disseram que esperavam há horas. "Estamos aqui desde as 6 horas, ainda não fomos atendidos", afirma um deles.

O GATV que funciona junto do Centro de Saúde do Porto de Maputo foi outro ponto escalado pela reportagem do «Canal de Moçambique». À semelhança dos outros GATV´s por nós visitados, o horário de distribuição de senhas para posterior atendimento, naquele gabinete, é das 6horas às 6.30horas. Neste GATV há mais a dizer: Funciona somente nas 2ª feiras, 4ª feiras e 6ª feiras. O horário de distribuição de senhas para posterior atendimento (das 6 horas às 6.30horas) e a arrogância dos activistas de saúde que trabalham nos GATV´s, que por sua vez culmina com a demora no atendimento, é característica comum de todos GATV´s por nós visitados. Para além dos gabinetes até aqui referenciados, a reportagem do «Canal de Moçambique» visitou também os GATV`s de Chamanculo, Xipamanine e Mavalane.

Constrangimentos
Sabe-se que a maioria dos utentes dos Gabinetes de Aconselhamento e Testagem Voluntária são adolescentes e jovens, na sua maioria estudantes e/ou trabalhadores. O horário único de distribuição de senhas praticado pelos GATV´s, faz com que todos os utentes que estão ocupados no período da manhã não possam aderir com facilidade a estes serviços, pois, isto implicaria faltar à escola, faculdade e/ou ao serviço, o que é difícil. A arrogância dos activistas de saúde que atendem os utentes de GATV´s, assim como a demora no atendimento, são outros factores que desmotivam os utentes a aderirem a estes serviços.
Gasta-se rios de dinheiro na produção de mensagens publicitárias, t-shirts e bonés, que convidam os cidadãos a aderir ao aconselhamento e testagem voluntária do HIV/Sida, mas quando se chega ao terreno, a realidade é outra. E quem acolhe essas mensagens, passa martírios. Como consequências as pessoas desistem de se submeterem aos testes. E daí a propagação do vírus fatal do HIV-Sida estar a aumentar sem que a propaganda de prevenção contribua para uma nova atitude da sociedade. Aacaba por ser dinheiro deitado fora. É por isso imperioso que se pense urgentemente na mudança de metodologias de funcionamento dos Gabinetes de Aconselhamento e Testagem Voluntária para que o combate a esta pandemia seja uma realidade e os investimentos feitos para garantir o combate ao HIV/Sida não sejam um gasto em vão.

Fonte: Canal de Moçambique (Borges Nhamirre)

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