quinta-feira, 15 de maio de 2008

Terrorismo nos vizinhos estimula turismo em Moçambique

A praia de areias brancas na forma de uma meia lua, os coqueiros em toda a parte, as águas mornas do mar e uma quantidade de restaurantes na beira da praia que vendem atum ou barracuda recém pescados fazem de Pemba, no extremo norte da costa de Moçambique, um típico paraíso tropical.

A cidade sonolenta, capital da província de Cabo Delgado, tem todas as qualidades certas para se tornar um destino popular para turistas da Europa e dos Estados Unidos.
No entanto, o seu sucesso está ligado aos problemas que vêm enfrentando os dois gigantes do turismo do Leste da África, Quênia e Tanzânia.
O turismo em Moçambique pode se beneficiar da ameaça de terrorismo e o aumento do crime em geral no Quênia e na Tanzânia.


Cara nova
Já há indicações de que empresas de turismo da Europa estão apostando em Cabo Delgado como o novo destino turístico no Sul e no Leste da África.
As boas-vindas em Pemba são relaxadas. Bonifácio do Rosário Dias, dono de uma pequena pousada na beira da praia, diz que essa é uma parte da África que tem muito a oferecer aos visitantes estrangeiros.
"Temos uma situação única. Praias, parques e uma ilha de preservação marinha e da vida selvagem."

A peça central do turismo nascente em Pemba é o hotel cinco estrelas Pemba Beach, que foi inaugurado há dois anos e custou US$ 20 milhões (mais de R$ 62 milhões).
Na recepção do hotel, a água corre em uma fonte feita com mármore da região, enquanto os hóspedes aproveitam a piscina que, quando vista à distância, parece se fundir com o oceano Índico.


Esta é uma nova face de Moçambique, um sinal de otimismo em um país que parece, finalmente, ter enterrado os demônios de uma guerra civil que durou 16 anos.
O estímulo para o crescimento parte especialmente de investidores estrangeiros: o Pemba Beach é de propriedade de sauditas. Empresas da África do Sul e da Itália também estão investindo.

Paraíso
É preciso tempo para construir um setor de turismo viável. As taxas de ocupação no hotel Pemba Beach ainda são baixas e, segundo o gerente Rui Monteiro, vão permanecer assim até que melhore a infra-estrutura de Pemba.
"Temos problemas com eletricidade. Pemba ainda funciona com gerador. Temos problemas com abastecimento de água. Os caminhões têm que viajar 25 km para buscar água", ele conta.
"E tem a questão do fornecimento. Quase tudo precisa ser importado, ou de fora do país ou de Maputo."

Os turistas que vão a Pemba aproveitam, felizes, todos os clichês dos guias turísticos.
'Paz'
Herman Franken, que trabalha para a Tsogo Sun, a empresa sul-africana que administra o Nautilus, novo hotel e cassino de Pemba, diz que os turistas querem destinações seguras.
"Tem havido ataques terroristas no mundo inteiro, em muitas áreas turísticas. As pessoas vão querer ficar fora de onde pode haver uma ameaça terrorista. Não há nada disso em Moçambique. Esse é um lugar de paz", disse.

Pode parecer estranho se referir a Moçambique como um lugar de paz, tendo em vista a sua história turbulenta, mas está claro que os investidores estão confiantes que vai permanecer assim.
Uma explosão do turismo, se acontecer, não será da noite para o dia. Mas se as agências de turismo começarem a mandar seus clientes para Pemba, então, o pequeno número de visitantes pode se tornar uma invasão.

Fonte: Dan Dickinson de Pemba, Moçambique

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