segunda-feira, 2 de junho de 2008

Casas de câmbio e agências de viagem muito prejudicadas em Moçambique

Edificio do Banco De Mocambique em Maputo

* Algumas agências de viagens e casas de câmbio, na cidade de Maputo, suspenderam a venda de passagens em autocarros para Joanesburgo e a compra e venda do «Rand» está reduzida praticamente a zero.

Como era de esperar, a economia moçambicana está sendo fortemente abalada pelos ataques contra cidadãos estrangeiros que ocorrem desde o passado dia 11 de Maio corrente na capital económica da África do Sul, Joanesburgo, e outras importantes cidades daquele país considerado "o gigante" da África Austral. Moçambique, com uma economia basicamente constituída por comércio e serviços, com fortes ligações com a África do Sul, está já a se ressentir da tensão que se vive na chamada terra do Rand.
Instituições que prestam serviços e comércio internacionais, são as primeiras a serem atingidas. O «Canal de Moçambique» efectuou uma ronda por algumas agências de viagens e casas de câmbio da cidade de Maputo, tendo apurado que a venda de passagens rodoviárias para a vizinha África do Sul reduziu drasticamente nas últimas duas semanas. O mesmo aconteceu com as vendas da moeda sul-africana, o «Rand», que segundo informações colhidas nas casas que se dedicam a troca de moeda estrangeira, "a procura do rand baixou quase que para zero". «Africâmbios», «Mundial Câmbios», «Afzal Câmbios», «Expresso Câmbios», são algumas das casas de troca de moeda estrangeira por onde passamos. Todos disseram-nos que a procura do rand baixou consideravelmente desde que começaram os ataques contra cidadãos estrangeiros na RAS.
Algumas das casas de câmbio por nós visitadas afirmaram ter "suspendido a compra da moeda sul-africana", alegadamente porque, na revenda, "ninguém a quer comprar". À semelhança das casas de câmbios, algumas agências de viagem por nós visitadas dizem ter suspendidoo a venda de passagens de autocarro para o país vizinho. A «Golden Travel», afirma ter "suspendido já há mais de uma semana, a venda de passagem rodoviárias para Joanesburgo". Nadira, da «Golden Travel», explicou que a suspensão da venda de passagens terrestres é consequência da suspensão da circulação dos autocarros da companhia. Trata-se de "uma medida de segurança", para evitar possíveis ataques aos passageiros na terra do Rand.



Aumenta a procura de passagens aéreas
Enquanto reduz a procura de bilhetes para transportes terrestres para avizinha Africa do Sul, a venda de passagens aéreas para o mesmo destino, "aumentou nas últimas duas semanas". É essa a informação de algumas agências de viagens por nós visitadas esta semana. «Golden Travel», «Bismillah Travel Agency», «Cotur», «JB Travel Agency» são algumas das agências por nós visitadas. António Massiquela, da «JB Travel Agency» disse que "a procura de passagens aéreas para Joanesburgo aumentou muito na semana finda", na agência que ele faz parte. Massiquela relacionou o aumento da procura de passagens aéreas para África do Sul, com a redução da procura de passagens em transportes terrestres para o mesmo país, considerando que "os passageiros que temem viajar em autocarros, optam em pagar mais, mas viajarem seguros e directamente para o centro da cidade de Joanesburgo". Uma passagem aérea para Joanesburgo é duas a três vezes mais cara que uma em transportes rodoviário colectivo de passageiros.
Transportadores informais sem passageiros

Entretanto, os chamados transportadores informais, que operam a partir da baixa da cidade de Maputo para Joanesburgo, têm os carros arrumados devido à falta de passageiros. A equipa de reportagem do «Canal de Moçambique» visitou a terminal destes transportes na manhã da segunda-feira última e, Alberto Júlio Guambe, um dos transportadores que explora a via Maputo-Joanesburgo/Maputo, explica como está a situação. "Antes carregávamos mais de dez (10) carros por dia mas, a partir da semana antepassada, não saem mais de três (3) carros por dia", disse Guambe, motorista de um mini-bus que faz a rota Maputo-Joanesburgo. Alberto Guambe disse ainda que "só viajamos para África de Sul para trazer moçambicanos que estão a regressar de lá para cá, pois, na ida, quase que viajamos com carros vazios".
Sobre se os transportadores moçambicanos já foram atacados, ou ameaçados neste sentido, quando viajam para Joanesburgo, o nosso interlocutor respondeu negativamente, mas disse que "viajamos inseguros, pois, tememos ataques à qualquer momento".
Fonte: Canal de Mocambique (Borges Nhamirre)

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