quinta-feira, 5 de junho de 2008

Divulgado há cerca de um ano e que se dizia ser falso...

Relatório “Muito Secreto” é autêntico e presidente Mbeki acreditou nele * Conhece-se agora o nome do autor do documento que o «Canal de Moçambique» divulgou em primeira mão.



O famoso relatório “Muito Secreto”, que há cerca de um ano circulou no «Canal de Moçambique» e no Semanário «Zambeze» bem como na imprensa sul-africana, e que alguns sectores designadamente angolanos consideravam de falso, acaba de se confirmar ser autêntico, estando o seu autor identificado assim como a instituição para quem trabalhava.

Mais: O Presidente Thabo Mbeki da África do Sul até concordou com vários pontos focados no relatório, mormente aquele que dizia que o chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, e o dirigente líbio, Muammar Abu Minyar al-Gaddafi, estavam a financiar a campanha de Jacob Zuma para assumir o controlo do ANC e, eventualmente, a presidência da África do Sul.



O autor do relatório foi identificado como sendo Ivor Powell, que na altura desempenhava as funções de investigador da unidade policial popularmente conhecida por «Scorpions» (Escorpiões), cuja designação oficial é DSO ou Direcção de Operações Especiais. Estas revelações foram feitas pelo antigo procurador-geral da República da África do Sul, Vusi Pikoli, perante uma comissão de inquérito instituída para apuramento das circunstâncias do seu afastamento daquele cargo.

De acordo com Pikoli, ele recebeu o relatório das mãos do director da DSO, Leonard McCarthy, em 2006, tendo-o depois encaminhado para duas unidades dos serviços de informações sul-africanos, o SASS (Serviços Secretos Sul-Africanos) e o NIA (Serviço Nacional de Informações).

O Presidente Mbeki viria a tomar conhecimento da existência do relatório através do antigo porta-voz da Presidência da República, Smuts Ngonyama. Em Maio de 2007, o relatório chegava às mãos do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu). Foi dos escritórios desta central sindical que o relatório viria a ser distribuído por diversos órgãos da comunicação social.

O «Canal de Moçambique» foi dos primeiros jornais a noticiar a sua existência e a referir-se ao relatório tendo alguns órgãos, sobretudo angolanos, designadamente o Semanário «Angolense» que chegou ao ponto de opinar que a peça deste seu diário era “uma peça de amadores”. Recorde-se, que entre outras coisas, o relatório procedia a uma análise das visitas ao estrangeiro efectuadas por Jacob Zuma, salientando que em Agosto de 2005 ele havia estado em Moçambique, em Angola em Junho, Outubro e Novembro, e na Líbia em Dezembro desse mesmo ano. Dizia o relatório que “estas visitas devem ser escrutinadas pois poderão estar relacionadas com a obtenção de fundos e angariação de apoio não oficial para as suas aspirações presidenciais, e também em conexão com a possível lavagem de dinheiros.” Zuma acabou por ser eleito presidente do ANC em Novembro de 2007, destronando Thabo Mbeki da liderança do partido no poder na África do Sul.

Fonte: Canal de Mocambique (Redacção / Mail & Guardian)

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