segunda-feira, 21 de julho de 2008

Arranca no País exploração de biocombustíveis


O Governo recebeu já 21 projectos para a exploração de biocombustíveis no país, um dos quais já teve "luz verde", disse o autor do primeiro estudo sobre a viabilidade desta indústria no País." Há 21 projectos que foram submetidos ao Governo", disse Edward Hoyt, da empresa norte-americana Econergy, que elaborou o estudo - intitulado "Avaliação dos Biocombustíveis em Moçambique" - que servirá de base à estratégia nacional do país para o desenvolvimento desta indústria.De acordo com fonte do Ministério da Energia, alguns destes projectos estão "em fase adiantada de apreciação"


.Escusando-se a identificar os projectos recebidos, fonte do Centro de Promoção de Investimentos (CPI), a instituição governamental moçambicana que aprova propostas de investimentos no país, disse que "uma avalancha de projectos de investimento para a área dos biocombustíveis está neste momento a ser avaliada e a sua aprovação depende de vários factores".
" Há um processo em curso de zoneamento das terras aptas para o cultivo de biocombustíveis e das que devem ser reservadas para a produção de alimentos, cujos resultados serão conhecidos dentro em breve. A partir daí será possível conhecer a viabilidade de muitos desses projectos", sublinhou a fonte." Sem essa delimitação a implementação de muitos desses projectos iria promover a ocupação desordenada de solos, prejudicando a produção alimentar", apontou, acrescentando que o atraso na aprovação dos projectos se relaciona com a circunstância de alguns não estarem em conformidade com a aposta do Governo de que os biocombustíveis sejam produzidos e vendidos em Moçambique para minorar a crise energética que o país atravessa.
Em Outubro, o Governo deu o seu aval para a instalação no país da primeira fábrica de etanol, empreendimento orçado em 345 milhões de euros de uma sociedade de capitais estrangeiros e moçambicanos, a PROCANA.A PROCANA vai produzir 120 milhões de litros de etanol por ano numa área de 30 mil hectares, permitindo ao país gerar biocombustíveis, não apenas para consumo interno, mas também para exportação, sobretudo para a África Austral.
O projecto tem uma receita projectada de 28 milhões de euros na fase do funcionamento pleno.A cana-de-açúcar para a produção de etanol será cultivada no distrito de Massingir, província de Gaza (sul) e será abastecida pela barragem de Massingir, que irriga os solos agrícolas desta área, mas sobretudo do distrito de Chókwé, uma das zonas mais produtivas do país.
A aprovação do projecto deu origem a protestos de agricultores do distrito de Chókwé, que denunciaram uma alegada catástrofe ambiental que o empreendimento poderá provocar nos recursos hídricos da região, devido ao consumo excessivo de água que o cultivo da cana-de-açúcar - matéria-prima básica para a produção de etanol - em moldes industriais acarreta.Em Março deste ano, a Galp Energia entrou também na "corrida", assinando um memorando de cooperação com a Visabeira Moçambique para o desenvolvimento de um projecto agro-industrial visando a produção, comercialização e distribuição de biocombustíveis.
O projecto destina-se, quer para exportação, para Portugal, com processamento em unidades de biodiesel da Galp Energia, quer à produção em Moçambique deste combustível, destinado ao mercado local.O desenvolvimento destas actividades ficará a cargo da Moçamgalp, empresa constituída pela Galp Energia e Visabeira, que procederá à identificação dos terrenos adequados à produção de oleaginosas, numa área que poderá ir até aos 150.000 hectares, e à constituição de uma sociedade cujo objecto será o exercício da agricultura e actividades conexas.
A Moçamgalp vai ainda promover a construção de uma unidade industrial para produção de óleo vegetal que terá, em parte, como destino a exportação para Portugal, para processamento nas refinarias da Galp Energia, com vista à incorporação em combustível rodoviário como biodiesel hidrogenado, sendo o restante destinado à produção de biodiesel numa unidade industrial, a ser construída em Moçambique, para abastecimento local.

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