quarta-feira, 16 de julho de 2008

G8 debate crise alimentar



A CIMEIRA dos países mais industrializados do mundo, o chamado grupo dos oito (G8), que hoje começa no Japão, deverá decidir uma série de medidas, para facilitar a luta contra a crise alimentar mundial, que pode ter repercussões na segurança internacional. De acordo com a chanceler alemã, Angela Merkel, um “vasto leque de medidas para garantir a alimentação mundial” deverá ser adoptado nesta cimeira de três dias.

Tais medidas, inspiradas numa concepção do Governo alemão, visam “aliviar a curto prazo a crise alimentar e obedecerão a uma estratégia de longo prazo, para aumentar a produção agrícola mundial”, acrescentou Merkel, em declarações a jornalistas alemães.
Segundo o semanário “Der Spiegel”, a chanceler advertiu contra os efeitos devastadores que poderia ter uma crise alimentar mundial de longa duração.

Tal crise poderia “pôr em perigo a democracia, desestabilizar Estados e criar problemas para a segurança internacional”, refere a revista, citando um documento de seis páginas da autoria da governante alemã, enviado aos dirigentes do G8.
Merkel criou em finais de Abril um grupo de trabalho inter-ministerial encarregue de analisar as causas e as consequências do aumento dos preços dos produtos alimentares e de propor soluções para a crise.

Esta comissão recomenda, ainda segundo o “Der Spiegel”, “um aumento da produtividade agrícola” nos países em desenvolvimento, o “abastecimento rápido de certas regiões em sementes, adubos e material agrícola”, assim como o “levantamento imediato de restrições às exportações”.

Angela Merkel anuncia neste documento que a Alemanha vai disponibilizar 750 milhões de dólares este ano, para ajuda aos países pobres no plano alimentar.
Os países do G8 vão criar durante esta cimeira um grupo de trabalho para lutar contra a crise alimentar mundial, noticiou semana passada o jornal japonês, Yomiuri Shimbun, citando fontes governamentais. Segundo o jornal, esse grupo de trabalho examinará a possibilidade de suprimir certas restrições às exportações, que impedem os países mais necessitados de acesso aos excedentes alimentares dos países ricos.

Os chefes de Estado e de Governo do G8 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão, Rússia) reúnem-se a partir de hoje até quarta-feira no Japão.

PAPA APELA
O Papa Bento XVI instou ontem a Cimeira do G-8 a tomar medidas corajosas para ajudar os mais pobres, cuja situação é agravada pelos efeitos da turbulência financeira dos alimentos e dos preços de energia. O Papa fez o apelo quando falava aos peregrinos que se deslocaram à sua residência de Castel Gondolfo, próximo de Roma. "Hoje em dia, muitas vozes se levantam para pedir (aos líderes do G-8) para cumprirem os compromissos feitos em anteriores cimeiras do G-8 e para corajosamente adoptarem todas as medidas necessárias para vencerem as pragas da pobreza extrema, fome, doenças, iliteracia, que ainda atingem uma grande porção da humanidade", disse.

Bento XVI disse ainda que os bispos católicos dos países do G-8 estiveram entre aqueles que apelaram aos líderes da cimeira. "Eu também me junto a este apelo pela solidariedade", disse o Papa. "Apelo aos participantes da cimeira para que coloquem nas necessidades das populações mais fracas e pobres no centro das suas deliberações", disse. A "vulnerabilidade" dos mais pobres "cresceu devido à especulação e à turbulência financeira e aos seus efeitos adversos nos preços dos alimentos e da energia", afirmou Bento XVI.

Fonte: Jornal Notícias

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