terça-feira, 8 de julho de 2008

GUN: UM MODELO QUE PODE SER VÁLIDO


A constituição dum Governo de Unidade Nacional (GUN) pode ser um modelo válido para a actual crise no Zimbabwe, segundo defendeu o investigador António Gaspar. Os zimbabweanos devem sentar à mesa e negociar. Devem passar uma esponja sobre o passado recente e experimentar o modelo do Quénia (de partilha do poder).

Questionámos a António Gaspar se um GUN não seria uma espécie de acomodação das lideranças políticas ao que respondeu dizendo que, infelizmente, seria o caso e mais uma plataforma de busca de paz. “As elites dirigentes ao serem acomodadas, de alguma forma representam uma certa aspiração dos seus seguidores. Então não vemos outra alternativa senão criar um mecanismo que acomode os interesses das lideranças em nome do povo”, disse, acrescentando que se isso garante uma certa estabilidade é preferível do que a intransigência.

Afirmou, que no actual estágio ninguém conseguirá governar o Zimbabwe. Tem que haver mudanças e elas passam, neste momento, primeiro e infelizmente, das elites.
Mas segundo o académico, no caso zimbabweano, o processo fica algo difícil, porque há interesses externos e a questão da terra vai continuar a dividir o povo daquele país.
Disse que o Presidente Robert Mugabe devia ser encorajado a seguir o modelo cubano. Neste momento, afirmou, Mugabe é o problema, não está a ser uma solução. Se ele aceitar adoptar o modelo cubano, em que ele aceita passar o poder para uma figura que mais ou menos acomoda os interesses dos zimbabweanos, do MDC e sobretudo da pressão externa, pois todo o Governo só pode ter sucesso se tiver certo grau de legitimidade interna e externa.

“Um Governo sob pressão não tem tempo de pensar nos assuntos internos. Há-de ser sempre accao-reaccao. Não há tempo para pensar duma forma pró-activa”, explicou.
António Gaspar ressalvou que se for o modelo queniano de acomodação, a constituição da república teria que ser revista. O Zimbabwe já teve um presidente corta-fitas, ou seja, não tinha poderes executivos, o presidente Kannan Banana.
Afirmou que cabe aos zimbabweanos encontrar a melhor forma para debelar a crise. Se for o modelo de partilha de pastas, então o primeiro-ministro pode ser Morgan Tsvangirai.


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