segunda-feira, 7 de julho de 2008

Surto de cólera afecta dezenas e faz mortes

Tendas para o tratamento da cólera montadas em Boane (C. Bernardo)

CONSUMO de água imprópria, fecalismo a céu aberto e falta de observância das regras de higiene, são de entre os vários factores que concorreram para a eclosão no mês passado, de um surto de cólera, no distrito de Boane, concretamente na zonas de Massaca e Mahubo.


A doença que, entretanto, conheceu uma certa estabilidade, com a redução nos últimos cinco dias de entradas nos serviços sanitários, levou ao leito do centro de Saúde distrital, uma média de 25 pacientes por dia dos quais confirma-se um óbito e uma outra morte extra-hospitalar.
A população está preocupada com a situação pois fala-se de muita gente afectada pela doença. Joela Machava, residente manifestou a sua preocupação por ter a cunhada ainda internada no Centro de Saúde de Boane e por na vizinhança ter havido morte de um menor em consequência da epidemia.

“Há mortes sim. Minha cunhada está internada em Boane já com outras complicações de saúde. Neste momento estamos a receber sensibilização da Casa do Gaiato e a situação parece estar a diminuir mas o receio continua. Todos temos medo porque a coisa veio com uma certa violência e quando há mortes é motivo para alarme”, disse.

Bartolomeu Chaúque outro morador, dá nota positiva ao papel desempenhado pelos voluntários da Casa do Gaiato que providenciaram uma ambulância para a evacuação de doentes da aldeia para o Posto Médico e deste para o Centro de Saúde de Boane. A realização pelos voluntários desta organização humanitária de campanhas de sensibilização e distribuição de produtos químicos para o tratamento da água reservada dentro das habitações, para além de desinfecção das latrinas, são outros ganhos de que a população de Boane beneficia.
O secretário do bairro de Massaca-1, Lázaro Muchanga confirma a eclosão do surto há cerca de duas semanas apontando como origem do problema, o consumo de água imprópria, retirada a partir do regadio.

Explica que a água do regadio nunca foi para o consumo, mas como as fontes de água existentes na comunidade são de longe suficientes para fazer face à demanda, uma parte da população recorre àquele líquido sob todos os riscos.
Mesmo com a eclosão do surto e com toda a comunidade consciente do problema, o recurso à água do regadio continua. O argumento é de que há tratamento, com recurso a produtos químicos.

Fonte: Jornal Noticias


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