segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Roubos marcam arranque das obras do Estadio Nacional.

O Futuro Estadio Nacional

A construção do Estádio Nacional iniciada oficialmente a 22 de Abril do corrente ano, no bairro de Zimpeto, cerca de 15 quilómetros do centro da cidade de Maputo, está a ser marcado negativamente pelo desaparecimento do material depositado no local para se proceder com a edificação daquele empreendimento de grande interesse nacional, soube o «Canal de Moçambique» de fontes próximas à obra e o director do Fundo de Promoção Desportiva, o arquitecto José Dava, entidade moçambicana responsável pelo empreendimento, confirmou ao «Canal de Moçambique» que “já foram registados roubos nas obras do futuro Estádio Nacional”.

As obras de construção daquele que será o primeiro estádio de futebol a ser erguido no País, na história de Moçambique independente, tiveram o seu arranque oficial a 22 de Abril do corrente ano, com o lançamento nessa data da sua primeira pedra. Não passaram cinco meses do arranque das obras, já se regista desaparecimento do material depositado no local para o feito.

O «Canal de Moçambique», depois de informado por fontes próximas à obra, efectuou uma visita ao local para se inteirar melhor do assunto, mas não nos foi permitido fazer qualquer trabalho, alegadamente por não terem permissão de trabalhar com a imprensa, disse-nos Ricardo Maeme, inspector da Polícia da República de Moçambique (PRM) que desempenha as funções de chefe-adjunto do comandante do posto policial montado no local.

Mesmo sem autorização o oficial da Polícia que garante a segurança no terreno, disse ao «Canal de Moçambique», através do autor deste artigo, que conseguiu trocar conversa com alguns elementos de guarnição chinesa presentes no local, que afirmaram “andarem a braços com o desaparecimento constante de ferros, cantoneiras, barrotes, arames, entre outro material” que está depositado no terreno onde está a ser erguido o mais moderno complexo desportivo nacional.

“Os trabalhadores moçambicanos contratados pela empresa chinesa que executa as obras no local e outros malfeitores desconhecidos” são os suspeitos pelo desaparecimento do material que destinado à construção do Estádio Nacional, segundo nos disseram-nos os guardas chineses presentes no local “poderá comprometer a conclusão das obras”.

Fraco contingente policial no terreno

A segurança naquele local está à responsabilidade do governo moçambicano, através da PRM, mas a parte chinesa também mantêm alguns elementos de segurança no local, embora vestidos à civil, soube o «Canal de Moçambique» no terreno.

Pela parte moçambicana, apenas quatro elementos da polícia de protecção pública (vulgos cinzetinhos) é que garantem a segurança naquele local com uma área de 26 hectares, ou seja, 260 mil m2 e sem vedação segura observou o «Canal de Moçambique» no terreno e confirmaram alguns trabalhadores do local.

Os quatro elementos da PRM trabalham num regime de turnos, na escala de 48 horas por cada turno, apurámos no local.

A exposição do material que ora é dado como desaparecido no terreno da construção do Estádio Nacional é de tal maneira que garantir o controlo do mesmo seria extremamente complicado para apenas quatro elementos da PRM e que trabalham sem meios adequados, tal como virou hábito nas actuações da Polícia moçambicana.

Black out na PRM

O «Canal de Moçambique» tentou confrontar estes dados com a Polícia que trabalha no local, mas não teve acesso à informação policial: “Não estou autorizado a prestar nenhuma declaração a jornalistas sem autorização dos meus superiores”, disse Ricardo Maeme à nossa reportagem no terreno.

Posto isso entramos em contacto de imediato com Abílio Quive, chefe de gabinete de relações públicas da PRM ao nível da cidade de Maputo, mas este também preferiu recorrer ao black out para nos negar a informação que podia ser útil para a certificação de dados: “não posso falar de contigente policial à comunicação social, nem eu, nem os (polícias) que estão ai; ninguém vai falar deste assunto, afirmou Quive.

Perante a nossa insistência, Abílio Quive acabaria por chegar ao extremo de afirmar que "não prestem informação a nenhum jornalista senão eles nos arranjam mais confusão", ordenou Quive ao chefe-adjunto do posto policial montado no local onde está a ser erguido o Estádio Nacional.

Director do Fundo de Promoção desportiva desconhece casos novos, mas confirma que já houve roubos no local

Gorada a possibilidade de trabalhar com a PRM para apurármos a veracidade dos factos que colhemos no Zimpeto, contactámos o Ministério da Juventude e Desportos afim de oferecermos a possibilidade de darem a conhecer o que sabem à cerca dos relatos de roubos que nos chegam daquele local. O arquitecto José Dava, director do Fundo de Promoção Desportiva, entidade segundo ele, responsável pela fiscalização das obras do Estádio de todos nós, afirmou desconhecer casos recentes de roubo naquele local, mas confirmou que “já tivemos casos de roubo no local”.

“Cerca de 10 dias após a conclusão da vedação do terreno, indivíduos desconhecidos foram retirar uma parte significativa de rede de vedação do terreno. Não conseguimos localizá-los”, disse-nos Dava que não falou da quantidade da rede retirada no terreno, nem do seu valor, mas garantiu que todo o terreno “havia sido vedado”, portanto, “todas as partes que não tem vedação, é porque foi roubada a rede”.

A parte sem vedação no terreno onde está sendo erguido o estádio é demasiado grande, observou a nossa equipa de reportagem no local.

Entretanto, José Dava disse que “a retirada da rede de vedação deu-se antes de se montar um contingente policial no local, pois, ainda não havia lá nenhum material depositado”.
Quanto aos recentes relatos de desaparecimento de material, Dava jurou não ter conhecimento, mas prometeu que “a segurança será reforçada brevemente no terreno, por parte de uma empresa de segurança privada”, mas não especificou quando.

Segundo dados do Fundo de Promoção Desportiva, “as obras de construção do Estádio Nacional já custaram ao governo moçambicano cerca de um milhão de dólares norte americanos correspondentes aos custos de energia, água, comunicação, transportes, entre outras despesas que estão a cargo da parte moçambicana. Quanto ao governo chinês, parceiro de Moçambique na construção do Estádio, prevê-se que venha a gastar cerca de cinquenta e sete milhões de dólares (U$D 57.000.000.00) na construção daquele empreendimento.

A duração prevista das obras é de 27 meses a partir de Abril passado, pelo que o fim das mesmas possa coincidir com o primeiro semestre de 2010, ano da realização do Campeonato Mundial de Futebol na vizinha África do Sul.

(Borges Nhamirre) 2008-08-21

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