segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Angola pode estar a combater no Congo


A cimeira no Quénia, que analisou a situação na RD Congo, viu esvaziado o seu esforço, sobretudo político, com a divulgação de que tropas angolanas poderão estar a combater ao lado dos militares do Governo. A ONU desmente.
De acordo com afirmações de um funcionário da ONU e de um oficial paraguaio dos "capacetes azuis", militares angolanos estarão a combater os rebeldes na zona de Goma, no Kivu-Norte.

Citados pela agência Associated Press, os elementos da ONU garantem que a tropa angolana chegou à região nos últimos quatro dias. Recorde-se que no dia 29 de Outubro, a RD Congo pediu formalmente a Angola apoio político e militar em face do avanço dos rebeldes liderados pelo general tutsi Laurent Nkunda.

A denúncia da presença angolana foi desmentida, a partir de Nova Iorque, por Edmond Mulet, sub-secretário-geral de ONU, admitindo que a confusão possa ter origem no facto de alguns soldados congoleses terem sido treinados em Angola e, por isso, falarem português.

A confirmar-se a presença angolana, poderá o que era um conflito local transformar-se em regional, sobretudo porque é previsível que, mais uma vez, o Ruanda, suspeito de apoiar os rebeldes, mande tropas para o país.

Estas informações surgiram horas depois de o Governo de Angola ter, em comunicado, apelado ao diálogo e à procura de "soluções definitivas".

Nkunda decretou um cessar-fogo unilateral na semana passada, quando as suas forças chegaram aos arredores da cidade de Goma, mas nos últimos dias sucederam-se as informações sobre confrontos na zona.

A ONU, que reconhece não ter capacidade militar (humana e bélica) para defender os civis, diz que ontem havia fortes combates em Kibati, a dez quilómetros a norte de Goma, onde cerca de 45 mil pessoas se refugiaram. Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou em Nairobi, onde participou numa cimeira africana sobre a RD Congo, que a força de manutenção de paz das Nações Unidas, MONUC, está no limite das suas capacidades.

Da cimeira, em que participaram também o presidente congolês Joseph Kabila e seu homólogo ruandês, Paul Kagame, saíu um apelo à resolução política do conflito, bem como à necessidade da criação urgente de um corredor humanitário para assistência aos cerca de 260 mil refugiados.

Foi também pedido a Ban Ki-moon "o reforço das forças de manutenção da paz" e a "adopção dos mecanismos à altura de pôr cobro à situação".

ORLANDO CASTRO 2008-11-08

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