segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Nasceu novo partido na África do Sul: Lekota eleito líder do COPE


FOI formalmente apresentado ontem, na cidade sul-africana de Bloemfontein, um novo partido político; trata-se do Congresso do Povo (COPE), constituído maioritariamente por dissidentes do Congresso Nacional Africano, ANC. O COPE escolheu para seu líder Mosiuoa Lekota, que se demitiu do cargo de ministro da Defesa depois do ANC - liderado por Jacob Zuma - ter removido, em Setembro, Thabo Mbeki da presidência da República. A apresentação do COPE significa que, pela primeira vez em 14 anos, o governo do ANC tem um sério desafio da oposição.

Mosiuoa Gerard Patrick Lekota, a quem foi dada a alcunha de “Terror” pela agressividade que o tornou famoso quando, ainda jovem, praticava futebol, demitiu-se do ANC em meados de Outubro, na sequência de divergências com a direcção do partido agora liderado por Jacob Zuma. Lekota começou de imediato a trabalhar na constituição de um novo partido, juntamente com outros dirigentes e militantes do partido no poder que entraram em ruptura com Zuma.

O presidente do COPE nasceu em Senekal, província do Free State, e esteve preso na cadeia da ilha de Robben entre 1974 e 1982 por actos de conspiração que colocaram em perigo a segurança do Estado, durante o regime do “apartheid”.
Exerceu o cargo de ministro da Defesa entre 1999 e 2008 em dois executivos chefiados pelo ex-presidente Thabo Mbeki.

A primeira conferência nacional do COPE, que ontem terminou na cidade de Bloemfontein, capital da província do Free State, elegeu também Mbhazina Shilowa, ex-sindicalista e chefe do executivo provincial de Gauteng e ex-militante do ANC, para o cargo de 1º vice-presidente, e Lynda Odendaal para 2ª vice-presidente do novo partido.

A secretária-geral eleita é Chaltotte Lobe. Deidre Carter é a secretária-geral adjunta, Hilda Ndude é a tesoureira, Mluleki George (que foi “vice” de Lekota na Defesa) é o secretário-executivo e Smuts Ngonyama, outro dissidente do ANC, ocupará o cargo de director nacional de Política do novo partido. O director de comunicações é Philip Dexter, outro dissidente do ANC, que será coadjuvado por Linda Hlope.

A conferência, que decorreu no campus da Universidade do Free State (UFS), em Bloemfontein, teve início domingo e contou com a participação de cerca de 4.500 militantes. Segundo responsáveis do novo partido, o COPE conta já com 480 mil militantes a pagarem quotas e pretende pôr fim, nas eleições gerais de 2009, à hegemonia do ANC no parlamento.

Os novos líderes acusam o ANC de ter traído os princípios orientadores do movimento de libertação através da supressão da liberdade de pensamento e debate no seio da organização e da perseguição e destituição de todos os que não manifestam lealdade ao presidente do partido, Jacob Zuma.

Nos últimos dias, Mosiuoa Lekota defendeu que o COPE deve ser verdadeiramente multirracial e multi-étnico, acolhendo militantes de todas as raças e credos e discursando e entoando canções em várias línguas, como inglês, «afrikaans» e «sutho».

Ontem, o ANC levou a cabo, também na cidade de Bloemfontein, um grande comício, coincidindo com o lançamento oficial do COPE, levando a uma situação de grande tensão entre militantes dos dois partidos. De acordo com as agências de noticias, o comício do ANC realizou-se a poucos metros do local onde decorria a reunião do COPE. Na segunda-feira, as forças de segurança tiveram que intervir em força, para impedir a circulação de uma caravana automóvel de apoiantes do COPE, que pretendia mobilizar militantes em redor da cidade para evitar possíveis confrontos com milhares de militantes do ANC que começavam a convergir em Bloemfontein para o comício de ontem.

A liderança do ANC, que tem trocado insultos com os dirigentes que abandonaram as suas fileiras para fundar o novo partido, decidiu convocar para um estádio de Bloemfontein um comício comemorativo do 47º aniversário da fundação da sua ala militar (MK, ou Umkhonto we Sizwe), que lançou ataques armados, na sua maioria à bomba, contra alvos civis e militares sul-africanos nos tempos do “apartheid” e que viria a ser desmobilizada após as eleições de 1994.

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