segunda-feira, 29 de junho de 2009

Portugueses investem no imobiliário em Moçambique


Doze empresários portugueses de Paços de Ferreira vão brevemente investir no ramo mobiliário em Moçambique, onde “a crise económica está a passar um pouco ao lado” e aproveitar o país como “rampa” para alcançar “mercados estratégicos” africanos. A missão empresarial, que hoje (21/06/2009) termina a sua visita de uma semana, integra o director executivo da Associação empresarial de Paços de Ferreira, José Ribeiro, que disse à Lusa pretenderem exportar mobiliário português “de alta qualidade, que se destina à classe alta”, apenas para Maputo, sul, e importar madeira da província de Manica, centro, região com “grandes potencialidades” no sector agro-industrial.


“A crise está a passar um pouco ao lado do mercado moçambicano, está a atingir o português”, por isso, “temos que arranjar mercados alternativos para colocar os nossos produtos”, referiu o director executivo da Associação empresarial de Paços de Ferreira.

O grupo, que durante a sua estada em Moçambique, manteve contactos com as autoridades de Manica e Maputo, é chefiado pelo presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Pedro Pinto, e congrega empresários ligados às áreas de móveis, electrodomésticos e energias renováveis.

“O mercado moçambicano está preparado para responder os nossos objectivos. O nosso produto é mobiliário fabricado em alguns concelhos de Paços de Ferreira e Paredes, de alta qualidade, que se destina à classe alta”, mas ainda “tem uma quota de mercado muito pequena em Moçambique”, considerou José Ribeiro.

A pretensão de investir no mercado moçambicano prende-se igualmente com objectivos industriais, exploração da madeira, pois através de Moçambique “pretendemos atingir outros mercados, nomeadamente o da África do Sul, Estados Unidos da América, com quem Moçambique tem relações preferenciais e não tem taxas aduaneiras”, acrescentou.
Na sexta-feira, os 12 empresários portugueses conversaram com o embaixador de Portugal em Maputo, Godinho de Matos, sobre as altas taxas aduaneiras aplicadas pelas autoridades moçambicanas ao sector mobiliário português.

No âmbito dos acordos dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o mobiliário importado da África do Sul, a maior potência do continente, país vizinho de Moçambique, está isento de taxas aduaneiras, enquanto o mobiliário português que entra para o país é taxado até 45 por cento, por inexistência de acordos neste domínio.
A propósito, o presidente da Câmara de Paços de Ferreira defendeu a necessidade de “pôr as empresas portuguesas do sector mobiliário em pé de igualdade com as sul-africanas” no que respeita as pautas aduaneiras.

“As nossas ligações culturais e os nossos gostos (Portugal e Moçambique) são muito parecidos, conferem uma vantagem competitiva tremenda aos nossos produtores e produtos. Se estes acordos forem alcançados todos sairão a ganhar”, disse.

De resto, “sente-se claramente que, em Moçambique, os custos de contextos são inferiores. Apesar da pauta aduaneira, não existem tantas barreiras para investimento, qualidade de vida e instalação de empresas”, disse o presidente da Câmara de Paços de Ferreira.

“Havendo uma relação bilateral equitativa, seguramente que o mercado doméstico moçambicano sairá a ganhar e o Paços de Ferreira e Portugal também porque se posiciona num mercado importante e fica à volta de outros mercados estratégicos, nomeadamente o da África do Sul”, sublinhou Pedro Pinto.

Até porque “o mobiliário sul-africano não tem a mesma qualidade que o português e não é conhecido internacionalmente como o português”, considerou, por sua vez, o director executivo da Associação empresarial de Paços de Ferreira.
A Câmara de Paços de Ferreira tem um acordo de cooperação com o município de Manica, assinado em Portugal, em 2008.

LUSA

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